Pets

Adestramento profissional de cães é uma garantia para os tutores

Adestramento de animais de estimação feito por meio de técnicas positivas têm melhores resultados práticos na convivência

Cães estão entre os animais de estimação preferidos dos seres humanos. No Distrito Federal, segundo pesquisa da Companhia de Desenvolvimento e Planejamento (Codeplan), de 2021, quase 50% dos lares têm ao menos um pet e a maioria são cachorros. Mas os filhotes fofinhos podem se tornar um pesadelo na vida dos tutores não preparados para lidar com o temperamento do bichinho. Nesses momentos, o mais acertado é recorrer ao adestramento por meio de especialista em comportamento animal.

Graziela de Oliveira, adestradora e treinadora de pastoreio, afirma existir um equívoco por parte dos tutores que acreditam não ser possível ensinar um determinado animal. "Por mais difícil que possa parecer o temperamento de um bicho, todo animal capaz de repetir comportamentos é passível de ser adestrado", esclarece.

A residente no Lago Oeste conta que a vontade de aprender o adestramento nasceu com a chegada de Mary. A border collie de cinco anos fez com que a especialista estudasse o comportamento animal e buscasse uma forma "mais saudável" de se relacionar com a cachorrinha. "Quando percebi, estava ajudando amigos e conhecidos com questões comportamentais com os seus cães", conta. Em 2012, Graziela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico que a levou a esquecer muitas coisas e, nesse caminho, trabalhar com adestramento foi um "renascer na vida profissional".

O pastoreio, atividade consistente em movimentar um rebanho de um local para outro, entrou na vida de Graziela em 2018. Em um ambiente, majoritariamente masculino, ela começou a estudar e hoje utiliza a técnica inclusive com patos. "Fomos convidados para participar de um evento que é considerado a Copa do Mundo dos Cães, o WDS 2022 (World Dog Show) em São Paulo. Estamos treinando muito para fazer uma demonstração do pastoreio também com aves", conta.

A servidora pública Raquel Aires, 35 anos, tem cinco cães e seis ovelhas, além de patos e gansos. Na área rural, ela explica, são eles que desempenham os cuidados com controle do mato, animais peçonhentos e segurança. "As ovelhas transformam o matagal em terra adubada, as aves consomem os pequenos animais como camundongos, insetos e até cobras menores e os cachorros tanto fazem a guarda da casa quanto inibem a presença de pessoas estranhas e predadores no terreno", esclarece. No caso dos pets, para a servidora, o adestramento torna a convivência mais harmônica porque ensina comportamentos adequados, como não pular nas pessoas, não latir demasiadamente e esperar a comida sentado. "Isso retira o estresse da relação", observa.

Dois dos cães de Raquel são treinados para o pastoreio com a mentoria de Graziela. Duas vezes por semana, os animais são levados para tomar aulas e a aprendizagem se faz por meio de reforços positivos de acordo com a conduta adotada pelo animal. "Adestramento é construção ou modificação comportamental", explica a especialista. Ela enfatiza a existência de estudos científicos demonstrando que ensinar sem punir garante maior bem-estar aos cães e aos tutores e, ainda, forma animais capazes de lidar melhor com eventos complexos.

Embora todo cão seja adestrável, nem todos podem ser treinados para pastoreio. Assim como os seres humanos, alguns "têm dom" para a atividade e outros não. Para saber, é preciso experimentar, de forma responsável, segundo Graziela. Usando de peitoral e guia longa, o cão é levado para interagir com o rebanho, que normalmente é de ovelhas, e, se a interação ocorrer com tranquilidade e assertividade, ele será considerado apto para iniciar o treinamento.

Comportamento

Mas há tutores que buscam adestramento com outras finalidades. A farmacêutica Nathália Cangussu Ferraz, 34 anos, nunca teve um cachorro, até que se apaixonou por um border collie. Estudiosa, a moça se dedicou a conhecer particularidades e necessidades da raça e, dois meses antes de pegar o filhote, decidiu o tipo de treinamento a que iria submetê-lo. "Entendi que o adestramento positivo era o melhor para ele", esclarece. Mesmo residindo em apartamento, Nathália mantém rotina de exercícios com o cachorrinho, que já se arrisca nas atividades de agility, modalidade esportiva na qual cães percorrem uma pista com túneis, cones e obstáculos. E Noa, o border collie de pouco mais de um ano, parece se divertir muito, correndo atrás de brinquedos e biscoitos.

Parte dos profissionais de adestramento começam na área partindo de problemas comportamentais dos próprios cães. É o caso de Thayse Moyses Nogueira Rodrigues, moradora do Tororó. Há 15 anos, ela comprou um cão da raça boiadeiro australiano e, por conta do temperamento agressivo e desobediente do pet, ela buscou meios para resolver o problema.

A adestradora profissionalThayse ressalta que não se trata apenas de condicionar o comportamento canino. "Somos professores de pessoas", afirma. Segundo ela, treinar o animal não basta; é necessário ajustar a convivência com o tutor. O que começou como uma necessidade própria, evoluiu para profissão. Além do adestramento, Thayse e a esposa possuem um hotelzinho e cuidam, diariamente, de quase 50 animais.

*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti

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Saiba Mais

 

Ed Alves/CB - 14/10/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Cidades. Adestramento de Aves - Gansos e Patos e de Ovelhas. Caes da raça Border collie - Adestradora Graziela Oliveira
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