O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) seguem investigando o atentado sofrido pela casa MimoBar, na madrugada do último domingo (27/11), na 205 Norte. A equipe de reportagem do Correio tentou contato com os dois órgãos, porém, até o fechamento desta edição, nenhum deles havia informado novidades sobre o caso.
O deputado distrital Fábio Félix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), pediu urgência nas investigações. De acordo com o parlamentar, a previsão é de que novas informações sobre o caso sejam recebidas ainda nesta semana, depois do feriado. Ao Correio, Félix, que já havia se posicionado sobre o atentado, voltou a manifestar repúdio sobre o ocorrido.“As pessoas não podem achar que estão autorizadas a cometer violência nas ruas, principalmente com arma de fogo. Essas pessoas não têm aceitado a derrota, e querem descontar em quem se posiciona contrariamente. Na democracia, um vence e outro perde. É um caso de urgência o que aconteceu”, afirma.
Crime e política
Embora não haja conclusão das investigações sobre o caso, os responsáveis pelo estabelecimento classificam o ataque como "tentativa de intimidação". Nas redes sociais, o MimoBar publicou nota em que afirma ter sido listado por grupos de extrema direita como um dos locais a serem boicotados. “Logo após o segundo turno das eleições, o MimoBar foi relacionado entre várias outras casas que "deveriam ser boicotadas" por apoiadores da extrema direita. Estes, como público, não nos fazem qualquer falta, mas se utilizam de métodos violentos país afora na tentativa de silenciar vozes contrárias e aniquilar o pensamento progressista, numa postura golpista, disruptiva e autoritária”, diz a publicação.
Além de Fábio Félix, políticos locais se manifestaram sobre o caso na publicação feita pelo estabelecimento nas redes sociais. A ex-candidata a deputada federal Ruth Venceremos e o ex-candidato ao governo do Distrito Federal Leandro Grass também se manifestaram sobre o caso. “Por sorte ninguém se machucou. O que saem feridas são sempre a democracia e a liberdade”, afirmou o atual distrital.
A equipe de reportagem do Correio foi ao local, que abriu normalmente nesta segunda-feira (28/11), e conversou com Ana Júlia, uma das sócias do bar. Ela reafirmou a tese de intimidação política, porém, reforçou que o estabelecimento abrirá regularmente, inclusive durante os jogos da Copa. “Acreditamos que tenha sim teor político no que ocorreu aqui, por sermos posicionados politicamente. Mas não iremos baixar a guarda. Quando tiver jogo do Brasil, seja de manhã ou de tarde, iremos continuar abrindo, mesmo com essas ameaças. Não vão nos intimidar”, comentou.
Entenda o caso
Localizada em uma das quadras mais famosas de Brasília, a 205 Norte — também conhecida como Babilônia —, a casa MimoBar foi atacada com tiros na madrugada do último domingo (27/11). A equipe do Correio compareceu ao local e contou quatro tiros marcas de tiros espalhadas por alguns barris estilizados como mesas para atender os clientes em dias de casa cheia.
Por volta das 3h, um carro teria parado ao lado do estacionamento do local. Pessoas ainda não identificadas desceram do veículo e iniciaram os disparos contra a fachada do bar. “Depois que amanheceu, o vizinho veio aqui ao lado do bar e viu os cartuchos dos disparos no chão. Depois desse caso, pedimos um reforço do patrulhamento da Polícia Militar”, contou Ana Júlia. Segundo informado em nota, no momento dos disparos, não havia funcionários ou público na casa.
Os responsáveis pelo estabelecimento registraram boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), que investiga o caso. Na manhã de ontem, uma equipe de criminalística da PCDF foi ao local recolher os cartuchos e analisar as marcas deixadas pelos disparos.
*Estagiários sob a supervisão de Patrick Selvatti
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