A Comissão dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) fez dois ofícios pedindo a investigação rigorosa do ataque ao MimoBar, bar localizado na Asa Norte que foi alvo de tiros na madrugada de domingo (27/11). Os documentos foram entregues ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e para a direção-geral da Polícia Civil.
O documento ressalta que o MimoBar é “tradicionalmente frequentado pelo público LGBTQIA+ e pessoas que se identificam ideologicamente com a esquerda”. Uma das proprietárias do comércio relata que, no segundo turno das eleições presidenciais, o espaço foi relacionado em uma lista com outros estabelecimentos que deveriam ser boicotados por apoiadores da extrema-direita.
A Comissão de Direitos Humanos destacou que, devido ao papel de investigar denúncias de violação dos direitos humanos e cidadania, solicitava uma apuração com “máximo rigor”. “Considerando que ataques a minorias e motivados por razões políticas são uma afronta aos direitos humanos e uma ofensa grave à liberdade política”, diz o documento.
Entenda o caso
Localizado na 205 da Asa Norte, o MimoBar está em uma das quadras mais famosas de Brasília, conhecida como Babilônia. A casa de festa sofreu um ataque a tiros durante a madrugada de domingo (27/11), por volta das 3h, horário em que, por sorte, não havia mais público nem funcionários.
“Um dos nossos vizinhos testemunhou o fato, que aconteceu entre 2h e 3h da manhã. Ele viu o carro parar, duas pessoas desceram e atiraram na nossa fachada. Acabaram acertando alguns barris que usamos como mesa de apoio para clientes em espera”, conta Sandro Biondo, um dos sócios do estabelecimento. Os proprietários registraram um boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte). O grupo encontrou, no local, balas de calibre .38.
Sandro conta que essa não é a primeira vez que o bar sofre ameaças ou tentativas de intimidação, no entanto, foi a primeira ação violenta. “As ameaças chegam principalmente pela internet, por parte de apoiadores da extrema-direita. Eles meio que estão marcando os comércios progressistas. Tanto é que divulgaram uma lista apócrifa de pontos comerciais de Brasília que deveriam ser boicotados por terem um posicionamento antifascista”, afirma.
Segundo nota enviada pelo Bar, “são típicas de agora, e características do estado nazista em seu tempo, tentativas de intimidação em suas múltiplas formas”. “Ontem, uma lista promovendo boicote; hoje, um ataque a tiros. O que podem reservar para amanhã dentro desta lógica bárbara e covarde? O que ofende essa gente? Nossa alegria? Pois é contra a cultura do ódio que vamos continuar como espaço de resistência e abrigo caloroso de um público que sabe reconhecer o valor de uma vida democrática, socialmente justa e, sobretudo, facilitadora de uma cultura de paz”, aponta.
Apesar do episódio, a empresa informou que vai continuar atuando normalmente. “Nos propomos a ser um espaço de resistência e liberdade, não podemos nos deixar intimidar. O Mimo Bar trabalha pela valorização da cultura, do encontro e da arte. Valorizamos todas as formas de arte e expressão em nossa casa e não nos curvamos ante a violência”, finaliza Sandro.
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