Cinema

Sementes criativas do Festival de Brasília

Diretores selecionados para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apontam futuros projetos. Entre eles, a capital é cenário

Ricardo Daehn
postado em 20/11/2022 06:00
 (crédito: Crédito: Arthur de Souza/CB/D.A Press)
(crédito: Crédito: Arthur de Souza/CB/D.A Press)

Sempre pontuado por discussões políticas e pela mobilização de um público participativo — o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terá o encerramento da 55ª edição, neste domingo (20/11), com a noite de premiação no Cine Brasília (EQS 106/107), às 20h. Vencedora de troféus, nos festivais de Sundance e de Berlim, com o longa "Que horas ela volta?" (2015), e autora de sucessos nacionais como "Durval discos" (2001) e "É proibido fumar" (2009), a cineasta Anna Muylaert — sempre associada à difusão do feminismo — assina curta-metragem ("O nosso pai") a ser mostrado antes da entrega dos prêmios Candango. Integrando a lista de seis filmes concorrentes estão duas produções da cidade: "Mato seco em chamas" e "Rumo". Premiados, ou não, os filmes impulsionam a carreira de realizadores como Adirley Queirós, Joana Pimenta, Bruno Victor e Marcus Azevedo. Fortalecidos pelo evento, quais seriam os próximos passos dos cineastas destacados em Brasília?

Com um cinema engajado, que projeta a Ceilândia em escala internacional, o diretor Adirley Queirós, recolocou a produção local no pódio do festival, há oito anos, quando da vitória de melhor filme para "Branco sai, preto fica" — fator de empate com "Louco por cinema" (1994), outro filme feito em Brasília. Junto com a codiretora Joana Pimenta, Adirley, mira à frente novo projeto com contundência social: "Estamos no processo de adaptar parte da vida de Lula, mas é o Lula que mora em Ceilândia, na minha esquina", adianta o realizador.

Tomando parte de uma rodada de negócios, no âmbito do Festival de Cinema, os diretores de "Rumo" (Bruno Victor e Marcus Azevedo), que tratou de vitórias e problemáticas associadas ao sistema de cotas adotado pela Universidade de Brasília, tenta emplacar novo projeto ficcional, um longa-metragem batizado "No pôr do so"l. A produção será baseada na vida de Leni Rabbi, personagem central de "Rumo". "Nos anos de 1990, ela foi uma líder comunitária com história incrível na batalha para ser oficializar Pôr do Sol como uma cidade", conta Bruno Victor.

Quase no rescaldo do festival de cinema, a dupla de diretores Brenda Melo Moraes e João Paulo Reys, que apresentou o longa "Mandado" (em torno da invasão infundadas do governo em residências cariocas), vai se ater a temáticas mais leves, no futuro próximo. "Estou retomando Arquivos Impossíveis, projeto junto com o cineasta Jorge Mourão, para o resgate do acervo produzido por ele, em super 8, na década de 70", conta Brenda.

Vários projetos independentes assolam a agenda do diretor Bruno Jorge (que, para o Festival de Brasília, trouxe "A invenção do outro"). Rodado durante a pandemia, a série "Vidas e desvios" levou Bruno a trabalhar por três meses na rodovia Transamazônica. "Rodei no meio da floresta.Meses atrás, rodei primeira etapa de longa em Parintins (Amazonas) sobre a festa do boi-bumbá; ele toca questões de miscigenação e mestiçagem", conta Bruno Jorge.

Afirmando um cinema focado no feminino, a cineasta Clarissa Campolina (que apresentou, em Brasília, "Canção ao longe") aposta, atualmente, na montagem de longa feito em parceria com o mineiro Sérgio Borges. Rodado na região de Ouro Preto, o filme teve origem no núcleo criativo desenvolvido a partir de alguns livros, entre os quais o inspirador "A fera na selva", de Henry James, que Clarissa leu em 2014. Destacados no premiado "Marte Um", Sinara Telles e Carlos Francisco estão no elenco. "O filme mostra o percurso de uma mulher por uma estrada. Muito tempo depois de perder a mãe, ela tem contato com uma foto em que aparece um terreno da mãe: ela buscará este lugar", comenta Clarissa Campolina.

19/09/2018 Crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/DA Press. Brasília. Brasil. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na Foto Bruno Victor, codiretor do filme Afronte.
19/09/2018 Crédito: Bárbara Cabral/Esp. CB/DA Press. Brasília. Brasil. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na Foto Bruno Victor, codiretor do filme Afronte. (foto: Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)

Com grande expressão na descentralização da produção audiovisual, Taciano Valério teve "Espumas ao vento", filmado em Caruaru (PE), mostrado no Festival de Brasília. Com sinalização de apoio de um canal de tevê local, "A letra do pife" é uma série em curso com músicos como Anderson do Pife. Em 2 de dezembro, lançará novo longa no Fest Aruanda (João Pessoa). "Bia, que dá nome ao filme, é uma mulher que tenta realizar uma pesquisa junto ao feminino no MST", conclui.

 

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