Preso em novembro de 2021 acusado de chefiar um esquema milionário de agiotagem estimado em R$ 8 milhões, extorsão e lavagem de dinheiro, o sargento da Polícia Militar do DF (PMDF) Ronie Peter Fernandes da Silva foi liberado da prisão e beneficiado com a prisão domiciliar, no fim da tarde desta sexta-feira (18/11). O servidor público deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibido de se aproximar ou manter qualquer contato com vítimas e testemunhas.
Em 16 de novembro de 2021, Ronie e outras seis pessoas foram presas no âmbito da operação S.O.S Malibu, coordenada pela Divisão de Roubos e Furtos (DRF). Segundo as investigações, o PM era o líder de uma organização criminosa voltada a empréstimo de dinheiro a juros e costumava proferir graves ameaças às vítimas que não pagavam o valor. Em áudios colhidos pelos policiais civis, o sargento disse a um dos clientes que comeria o olho dele.
Com as provas colhidas, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva de todos os investigados, incluindo o irmão de Ronie, Thiago Fernandes da Silva, o pai deles, Djair Baia da Silva, e aqueles que atuavam como operadores do esquema. À época, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. Nos endereços, a polícia apreendeu três veículos Porsche e uma BMW X4, avaliados em R$ 3 milhões.
Decisão
Após um pedido de habeas corpus protocolado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal do Júri de Águas Claras concedeu a prisão domiciliar de Ronie. A decisão saiu no fim da tarde desta sexta-feira.
O sargento deverá seguir uma série de medidas cautelares. Além do uso da tornozeleira eletrônica por, no mínimo, 90 dias, ele não poderá sair do DF sem autorização judicial, deverá ficar em casa em tempo integral e não poderá ter contato com vítimas e testemunhas. Em caso de descumprimento, o militar terá o regime regredido e poderá voltar ao cárcere.
Esquema
Ronie ficou preso no 19ª Batalhão da PM, mais conhecido como Papudinha, situado no Complexo Penitenciário da Papuda. Ainda no bojo das investigações da PCDF, o PM e os acusados usavam três empresas de fachada pata lavar dinheiro: uma clínica estética, uma lanchonete de fast food e um mercado da família dos acusados. As empresas funcionavam como mecanismo de dissimulação e trabalhavam com a operação de uma série de contas bancárias para trazer aparência de limpo para o dinheiro.
Nos últimos seis meses, as empresas movimentaram pelo menos R$ 8 milhões. Em dois anos, o grupo adquiriu oito veículos da marca Porsche, cada um com valor aproximado de R$ 1 milhão. Na operação, além da apreensão dos veículos, também foram bloqueadas sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, com o bloqueio e sequestro de R$ 8 milhões.
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