O promotor brasiliense Libânio Rodrigues é o convidado desta semana do Podcast produzido pelo Correio. Durante o bate papo comandado pelos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Ana Maria Campos, na tarde de ontem, o titular da Promotoria de Família de Brasília e ouvidor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios falou sobre as dificuldades que pessoas negras têm nos âmbitos jurídico, educativo, social e político.
Questionado sobre o cenário polarizado que o país vivencia, em paralelo aos crimes contra negros, o promotor acredita que há esperança de construir um Brasil melhor, se o foco estiver voltado para ações sociais. "Tanto a injúria com caráter de discriminação racial, quanto o racismo, cresceram aproximadamente 35% a 40%. Isso se deve por uma conjuntura de fatores, principalmente por uma posição governamental conservadora", comentou.
Libânio Rodrigues acredita que, a partir da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), novos debates e novos focos podem surgir em relação à população negra. "Com as ações sociais, podemos reverter, dando margem para que isso ocorra. Também acredito no trabalho pedagógico das autoridades", concluiu.
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Discriminação
Celebrado no próximo domingo, o Dia da Consciência Negra não é sinônimo de segurança, respeito e igualdade para a população preta. No debate, Libânio falou do momento que se entendeu como homem negro e sobre situações racistas terem cruzado seu caminho. "Atualmente, só eu sou promotor negro no MPDFT. Na minha carreira, senti várias manifestações de racismo. Apesar do pouco conhecimento, meus pais me ensinaram o que é ser uma pessoa negra no Brasil, então eu não tive esse susto", disse.
Uma das políticas estabelecidas com objetivo de mitigar as desigualdades são as cotas raciais. Para o promotor, elas estão mudando a cara do Brasil e vão mudar mais. "A única coisa que as pessoas não negras podem nos colocar é onde seria melhor eu possa experimentar o racismo. A política de cotas veio para abrir caminhos", ressaltou.
Por fim, Libânio Rodrigues mencionou a importância de um negro ascender. "A política de cotas recebe críticas moderadas para fracas na universidade, porque você não vai encontrar um cotista que tenha um rendimento inferior aos alunos não cotistas. E sabe por quê? Isso significa uma chance de vida, com aquela pessoa que ingressa por cotas é a família dela que está indo junto", completou.
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