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Exposição fotográfica e catálogo de imagens homenageiam o Vale do Amanhecer

Mostra Luz, Cor e Fé — Cinquenta anos do Vale do Amanhecer vai até 13 de dezembro, no Complexo Cultural de Planaltina. Os rituais e a rotina dos adeptos da doutrina espiritualista são registrados em 84 imagens

Pedro Marra
postado em 15/11/2022 06:00
O Vale do Amanhecer foi fundado em 9 de novembro de 1969 -  (crédito: Lúcio Távora/Divulgação)
O Vale do Amanhecer foi fundado em 9 de novembro de 1969 - (crédito: Lúcio Távora/Divulgação)

Lanças nas mãos, véus nos rostos, cores, brilhos, capas esvoaçantes — simbolismos que contam a história de povos antigos e fazem parte das vestimentas dos membros da doutrina podem ser vistos na exposição fotográfica Luz, Cor e Fé — Cinquenta anos do Vale do Amanhecer, em Planaltina. Inaugurada no domingo, a mostra fica aberta ao público até 13 de dezembro, no Complexo Cultural de Planaltina. O espaço, conhecido nacionalmente, recebe cerca de 5 mil frequentadores por semana. 

O coordenador do projeto, Léo Matos, 47 anos, optou por destacar o que chama de olhar da infância com as cores fortes e a arquitetura do espaço de 10 mil metros quadrados. O produtor cultural cita o afeto à doutrina expressado pela alegria das pessoas que vão ao Vale do Amanhecer. "Elas se identificavam nas fotos e ficavam extremamente felizes em se ver, fotografar o Vale enquanto um patrimônio imaterial para mostrar que ele é cultura, uma religião nascida em Brasília e que está no imaginário das pessoas, que, às vezes, nem a conhecem", completa Léo.

As imagens, registradas por Lúcio Távora, também compõem um catálogo. Para realizar a empreitada, o fotógrafo reuniu 84 momentos, dos últimos quatro anos, que retratam a rotina dos médiuns e adeptos do Vale do Amanhecer. "As fotos são ampliadas, do tamanho 60cm x 41cm, com acabamento em uma espécie de acrílico, fixadas em projetores e divididas com uma linguagem que conta um pouco da doutrina e respeita a intimidade das pessoas fotografadas", explica.

Aos 44 anos, Lúcio conta que, por ir ao local desde a infância, seus fins de semana incluíam visitar familiares e participar de celebrações para crianças e jovens. Em 2002, com 24 anos, quando começou a fazer os primeiros cliques, conheceu o colega de profissão Guilherme Stuckert, um médium veterano, que o incentivou a homenagear o local. "Essa exposição é um pouco do meu olhar do que representa a doutrina para mim, um trabalho feito com muito cuidado e desmistifica para a sociedade o Vale do Amanhecer", avalia.

Morro da Capelinha

Em 1958, a sergipana de Porpriá, Neiva Chaves Zelaya, conhecida como Tia Neiva, deixou a cidade com os filhos e outras famílias e fundou, em 8 de novembro de 1959, a União Espiritualista Seta Branca (Uesb), na Serra do Ouro, próximo a Alexânia (GO). Ela recebeu o convite do engenheiro Bernardo Sayão para trabalhar na construção de Brasília. Quando chegou ao local, que depois seria o Núcleo Bandeirante, começou a realizar os trabalhos espirituais.

Em seguida, Tia Neiva e seu grupo religioso se mudaram para o Morro da Capelinha, em Planaltina, onde demoraram 10 anos para construir o atual templo. O Vale do Amanhecer, como é conhecido hoje, foi fundado, em 9 de novembro de 1969.

O advogado Jairo Zelaya Leite, 46, neto de Tia Neiva, tem carinho especial por uma das imagens da exposição, a de uma mulher que caminha em uma rua do espaço espiritualista. "Aquela foto me tocou porque mostra o dia a dia do Vale do Amanhecer, feito de pessoas comuns, com profissões, e que vivem o mundo como todo mundo vive", comenta.

Jairo cita a mistura de culturas agregadas no Vale, do candomblé ao cristianismo. "A nossa fé veio do céu, porque a minha avó era extremamente católica. Foi ao padre para ser exorcizada, porque via espíritos, até que o espírito de São Francisco de Assis avisou que ela tinha uma missão. Essa é a beleza da nossa religião: crer no lado espiritual", diz o morador de Planaltina.

  • Para Jairo, neto de tia Neiva, esta imagem reflete o dia a dia no Vale Lúcio Távora/Divulgação
  • Exposição fotográfica do Vale do Amanhecer Lúcio Távora/Divulgação
  • Exposição fotográfica do Vale do Amanhecer Lúcio Távora/Divulgação
  • Jairo Zelaya Leite, sobrinho da Tia Neiva, e o fotógrafo Lúcio Távora no Vale do Amanhecer Arquivo pessoal
  • Rituais espirituais atraem cinco mil frequentadores por semana Lúcio Távora/Divulgação
  • Exposição Fotográfica Luz, Cor e Fé — Cinquenta anos do Vale do Amanhecer Lúcio Távora/Divulgação

Cultura

O projeto Luz, Cor e Fé foi financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC).  O cinquentenário ocorreu, de fato, em 2019. Porém, em razão da pandemia da covid-19, no começo de 2020, o projeto teve que ser adiado. Hoje, o Vale tem 53 anos.

Serão doados 700 exemplares do catálogo de 52 páginas à Secretaria de Educação (SEDF) e outros 370 à pasta de Cultura e Economia Criativa (Secec), que serão distribuídos nas escolas da rede pública de ensino da capital federal. O intuito é fortalecer a identidade cultural de Planaltina e contribuir para disseminar conhecimento. 

A mostra conta com dois monitores — que também são médiuns da casa — à disposição dos visitantes para responder perguntas. A partir da próxima semana, os visitantes vão ganhar um cartão postal do Vale do Amanhecer.

Exposição fotográfica Luz, Cor e Fé — Cinquenta anos do Vale do Amanhecer

» 13 de novembro a 13 de dezembro
» Horário: 14h às 20h de terçafeira a domingo
» Local: Complexo Cultural de Planaltina
» Endereço: Avenida Uberdan Cardoso, Setor Administrativo, Lote 02

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