Estupro, agressões físicas e psicológicas e uma juventude regada com drogas e álcool. Nascida e criada em uma família humilde, a vida de Marcela Ellen, 31 anos, sofreu uma reviravolta na semana passada, após ela matar o noivo, o empresário Jordan Guimarães Lombardi, 39, com um tiro no olho, dentro de um motel do Distrito Federal, na madrugada da última quarta-feira (9/11). Ainda ressentido e abalado com a situação, o pai de Marcela, Marcelo Araújo, 51, conversou com o Correio neste domingo (13/11) e deu detalhes sobre a vida da filha, os relacionamentos e o período em que trabalhou como acompanhante de luxo.
Filha de pastores, Marcela morou até os 13 anos no Riacho Fundo com o pai, a mãe e o irmão caçula, de 24 anos. Depois, a família decidiu retornar à Cidade Ocidental (GO), onde residiam anteriormente. Ao terminar o ensino médio, era certo que a jovem queria traçar o sonho no ramo da advocacia e decidiu cursar direito no Centro Universitário Unidesc, onde concluiu a graduação.
Os sonhos de Marcela pareciam estar se concretizando, até ela conhecer um rapaz, filho de pastor e músico de uma igreja, com quem namorou e se casou aos 22 anos, em 2013. O casal chegou a morar por um tempo na casa dos pais da jovem, mas logo se mudaram para Valparaíso. “O casamento deles começou a ruir. Percebemos que ela tinha se afastado de nós e parou de nos ligar. Em um certo dia, decidi com minha esposa que iríamos visitá-la em um final de semana, mas, antes disso, soubemos pelo noticiário que ela estava sendo vítima de violência doméstica”, relatou o pai.
À época, em 2016, foi noticiado que Marcela era mantida em cárcere privado pelo então companheiro e agredida constantemente. O homem foi preso em flagrante. O pai relata que, embora o ex-marido da filha aparentasse ser uma boa pessoa, acredita que foi com ele que a bacharel em direito conheceu as drogas. “Ele tinha esse lado obscuro, que só tomamos conhecimento depois.”
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Mudança para São Paulo
Mesmo com a medida protetiva expedida pela Justiça, Marcela voltou a ser seguida pelo ex e decidiu se mudar para São Paulo, onde começou a trabalhar como acompanhante de luxo com divulgação dos serviços em um site específico. Questionado sobre essa fase da vida da filha, Marcelo desabafa e diz que sentiu dor e sofrimento com a escolha. “O filho é um pedaço de você na Terra. Quando há um problema, você sente dor. Mas jamais deixamos de amá-la. Somos as únicas pessoas que não vamos condená-la”.
Meses depois, a jovem conheceu Jordan e os dois começaram a namorar. O empresário trabalhava no alto escalão da McKinsey & Company e costumava viajar por todo o mundo. Marcela o acompanhava nos negócios e fazia questão de postar fotos em lugares paradisíacos, como nos Estados Unidos, em Dubai e Paris. À família, ela dizia estar vivendo um conto de fadas. Os pais de Marcela encontravam Jordan raras vezes, quando ele vinha a Brasília a trabalho. “Para um homem de 39 anos, ele tinha um perfil executivo que muitos sonham. Era um profissional requisitado. Em um dos almoços comigo, ele relatou que a Marcela era a mulher da vida dele, que era o ânimo que faltava. Eu estava feliz em vê-la feliz”, desabafa o pai.
O que a família não sabia, e só descobriu depois em um desabafo feito pela própria filha, é que tanto ela quanto o companheiro eram usuários de drogas. Com o casamento marcado para janeiro do ano que vem, o casal decidiu oficializar a união na capital federal. Seria uma opção dada por Jordan para Marcela “superar os traumas” do relacionamento anterior.
Os noivos saíram do bairro de Moema, em São Paulo, em uma viagem de carro a Brasília. Durante todo o trajeto, usaram cocaína e, ao chegarem, deram entrada no Motel Park Way, na Candangolândia. Uma das motivações do assassinato de Jordan deve-se ao motivo de que a Marcela teria descoberto que a filha do noivo sofria abuso sexual por parte do padrasto e, por isso, cobrava uma posição do companheiro. No motel, os dois chegaram a discutir sobre o assunto e contrataram um garoto de programa, que prestou serviços sexuais ao custo de R$ 5 mil.
O homem, ainda não identificado, ficou por duas horas na suíte e teria ido embora, com medo, depois de ser agredido por Jordan. O casal voltou novamente a discutir sobre o assunto e Marcela teria ligado para o Disque 100, para fazer a denúncia, quando levou tapas no rosto, segundo contou em depoimento. Ela foi até a bolsa, pegou uma arma, que pertencia ao empresário, e apontou para ele.
“Minha filha jamais mataria alguém. Ela é uma pessoa carinhosa, que era apaixonada pelo noivo. Choramos amargamente por tudo. Não queremos justificar, porque isso (assassinato) não tem justificativa. O que causou tudo isso foram as drogas. Ela foi de um conto de fadas para um terror. Mas sabemos que, para ela ter feito isso, é porque queria se defender”, diz o pai.
O tiro acertou o olho de Jordan. Em fuga, Marcela pegou o carro do noivo e dirigiu até uma via próximo ao distrito de Girassol (GO). Lá, o veículo apagou e ela usou uma arma para abordar o motorista de uma Kombi e tentou levar o automóvel. O condutor conseguiu pedir ajuda da vizinhança e a mulher foi presa em flagrante. Ela passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva determinada pela Justiça. Agora, a bacharel em direito está detida em uma cela especial do presídio de Barro Alto (GO).
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