A morte do bombeiro militar Valter Leite Cruz causou comoção entre moradores e vizinhos da QNO 6 de Ceilândia. Conhecido como um homem resguardado e amável com a família, Valter morreu na tarde desta quinta-feira (10/11), depois de levar um tiro dentro da própria casa. Segundo informações da Polícia Civil do DF (PCDF), ele foi morto por disparo de arma de um policial militar, durante uma perseguição policial entre militares e um homem suspeito de violência doméstica.
O Correio foi até Ceilândia para conversar com parentes da vítima, mas, de acordo com os vizinhos, a família não aparece na casa desde o ocorrido. Valter deixa a esposa e quatro filhos. De acordo com o vigilante e vizinho da família, Edson Barbosa de Moraes, 44 anos, o bombeiro era conhecido na rua como uma pessoa amável. “Dava pra ver que ele amava os filhos. Estava sempre brincando com eles. Era um cara família, não conversava muito com as pessoas, mas estava sempre sempre cumprimentava”, diz.
De acordo com o vigilante, Valter e a família mudaram-se para o endereço há cerca de quatro anos. “A família sempre foi muito tranquila. Eles tinham o costume de receber familiares e amigos em casa, dava pra ver que eram pessoas muito queridas”, conta. Apesar de educado, o bombeiro não mantinha muita relação com os vizinhos. “Eram mais reservados. Ele costumava vir do trabalho para casa e de casa para o trabalho”, lembra.
O vigilante conta que não estava em casa na hora do ocorrido, mas garante que a rua sempre foi muito tranquila. “Eu moro aqui há 44 anos e é difícil ver coisas como essas. Normalmente, o que acontece, são pessoas que cometem crimes em outros lugares virem até aqui se encontrarem em casas, como aconteceu ontem”, pontua.
Morador da rua, o porteiro André Luiz, de 41 anos, contou que os filhos — um menino e três meninas —, e a esposa estavam em casa na hora que a polícia chegou. “Na hora que ele (Valter) estava entrando em casa, o homem já chegou invadindo e a polícia veio logo atrás. Deu pra ouvir todo o barulho, as viaturas e gritarias”, contou. De acordo com o porteiro, a família do bombeiro militar, que deixou esposa e quatro filhos, acompanhou o ocorrido de perto. “Eles estavam em casa quando tudo aconteceu. Na hora do acontecimento ela ficou muito nervosa, desesperada, pela situação”, diz.
A esposa, Gabriely, teria saído da casa acompanhada de familiares. André, que mora na região há 41 anos, conhecia a família de vista. “Eles eram vizinhos bons, moravam há poucos anos aqui. Eram uma família tranquila, não tinham costume de bater muito papo, mas sempre cumprimentavam”, explica.
Perseguição
Segundo as investigações, o homem suspeito de violência doméstica, de identidade não identificada, teria agredido a esposa durante a manhã da última quarta-feira (9/11). No período da tarde, ele retornou à casa para tentar matar a mulher, momento em que os policiais militares chegaram e o homem fugiu. Durante a perseguição policial, o rapaz subiu nos telhados das casas de um dos conjuntos e entrou na residência do bombeiro.
Quando os militares chegaram ao imóvel do sargento, um soldado tentou acertar o criminoso com um tiro, mas baleou Valter no pescoço. Ao Correio, o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), Antônio Dimitrov, afirmou que o suspeito não portava arma de fogo no momento da fuga e confirmou que o tiro partiu da arma do PM. Como o policial não foi apresentado na Central de Flagrantes da 15ª DP, o caso será investigado pela 24ª DP (Setor O).
O bombeiro chegou a ser levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) em estado grave e inconsciente, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Já o suspeito de agredir a mulher foi preso e levado à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II).
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