A Justiça do Estado de Goiás converteu em preventiva a prisão flagrante de Marcela Ellen, 31 anos, acusada de assassinar o noivo, o empresário Jordan Guimarães Lombardi, 39, com um tiro no olho dentro do Motel Park Way, na Candangolândia. Por decisão judicial, a bacharel em direito ficará em uma cela especial no presídio de Luziânia. No entanto, a defesa de Marcela pediu que o processo fosse transferido para a Justiça do DF. Ao Correio, o advogado Johnny Cleik Rocha deu detalhes sobre a dinâmica do crime e a motivação, com base no depoimento prestado pela própria mulher aos policiais.
Marcela e Jordan se conheceram há dois anos e moravam no bairro de Moema, em São Paulo. Antes disso, a brasiliense vivia com a família na Asa Norte e chegou a ser casada entre 2010 e 2014. Na capital, Marcela se formou em direito e conheceu o empresário anos depois. Noivos, o casal decidiu comemorar a festa da união no DF e desembolsou cerca de R$ 150 mil. Todos os preparativos estavam acertados, incluindo o salão, a decoração e até a data do casório, marcado para 14 de janeiro de 2023.
No domingo, os noivos deixaram a capital paulista e viajaram de carro para o DF para tratar os últimos ajustes do casamento e oficializar a união no civil, que seria ontem. Os planos foram interrompidos por uma tragédia. Já presa, Marcela contou aos policiais que há cerca de dois meses descobriu que a filha de Jordan, fruto de um outro relacionamento, sofria abusos sexuais do padrasto. “Por ela (Marcela) ter o histórico de estupro quando era criança, ela se viu no direito de cobrar uma postura do noivo para defender a filha. Mas, segundo ela, ele não queria denunciar, pois teria que ficar com a guarda da criança”, relatou o advogado.
Devido às cobranças da noiva, Jordan falou que iria resolver a situação e comprou uma arma de fogo de maneira ilegal em São Paulo. Armado, o empresário e Marcela foram para a frente da casa da mãe da criança e do padrasto. “Lá, a Marcela começou a gritar e deu um tiro para o alto. Depois, os dois fugiram”, disse o defensor, com base no boletim de ocorrência registrado na época.
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Discussão
O relacionamento do casal vinha se desgastando com a situação. O casal chegou em Brasília na segunda-feira e ficaram em uma suíte de hotel. Segundo o advogado, os dois estavam drogados desde domingo, pois teriam vindo cheirando cocaína em toda a viagem. Na madrugada de terça-feira, Jordan deu a ideia de Marcela contratar um garoto de programa. O rapaz chegou no motel por volta de 00h e permaneceu por duas horas e recebeu R$ 5 mil pelo programa. “No quarto, o Jordan teria discutido e até agredido o menino. O garoto viu a arma e decidiu que iria ir embora”, relata o advogado de Marcela.
Com a saída do homem, o casal voltou a discutir e Marcela voltou a falar sobre o assunto referente à filha de Jodan, momento em que, segundo ela, ligou para o Disque 100 e fez uma denúncia. Neste momento, a mulher conta que o noivo partiu para cima dela com tapas e tentou estuprá-la. Marcela pegou a arma na bolsa e apontou para o empresário. “Pode me matar, não quero viver mesmo”, teria dito ele. “Ela pediu para que ele não a batesse mais, mas ele partiu para cima dela novamente e ela atirou”, frisou Johnny Cleik.
Fuga
Nua, Marcela entrou no Audi Q7, de propriedade da empresa de Jordan, e saiu do motel às pressas. Como o carro é monitorado pela instituição, os funcionários ligaram para Jordan para saber notícias dele. Como ele não atendeu, os funcionários bloquearam o veículo, momento em que Marcela desceu do carro, pegou a arma e abordou o motorista de uma Kombi, na BR-070. Segundo o relato do homem, Marcela o ameaçou, pediu o celular desbloqueado e contou que havia sido vítima de abuso sexual e queria o automóvel dele para ir até São Paulo.
O rapaz conseguiu se desvencilhar e correu até a rodovia, onde pediu socorro e acionou a polícia. Ela foi presa em flagrante por policiais militares de Goiás e conduzida à delegacia de Águas Lindas. Em audiência de custódia realizada hoje, a Justiça decidiu pela conversão da prisão preventiva. Inicialmente, ela ficará em uma cela especial no presídio de Luziânia. O advogado de defesa afirmou que vai pedir o relaxamento da prisão, pois há evidências de falhas. “Não foi feito exame de pólvora, nem exame de corpo delito. Além disso, ela apresentava vários hematomas no corpo, o que indica que houve luta corporal”, finalizou.
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