A alta na taxa de transmissão do novo coronavírus, no Distrito Federal, tem preocupado especialistas de saúde. O indicador saltou de 0,91, em 27 de outubro, para 1,25 no boletim epidemiológico desta terça-feira (8/11), que trouxe 149 casos, 43 a mais que no documento anterior. O número mais recente divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) mostra que a taxa está acima da média estipulada, e mostra que cada 100 pessoas infectadas podem transmitir o vírus para outras 123. Quando o indicador está acima de 1, a crise sanitária tende a piorar. O número se igualou ao mesmo de 27 de junho, há mais de quatro meses. A maior taxa tinha sido anunciada em 24 de junho, quando esteve em 1,49.
Esse cenário mostra a preocupação com a pandemia da covid-19, que ainda não acabou, como ressalta a infectologista Valéria Paes. "O mais urgente é completar o esquema de vacinação de pessoas que não tomaram todas as doses", alerta a especialista. Até esta terça-feira (8/11) à noite, o Vacinômetro da pasta informava que a capital tinha 84,3% da população com segunda dose ou dose única aplicada no braço.
Valéria pondera que o aumento do número de casos e da taxa de transmissão do novo coronavírus causa alerta, mas não representa um retrocesso na pandemia, com explosão do número de ocorrências. "A preocupação é acender uma luz de alerta, mas ainda é necessário instituir as medidas preventivas e verificar o cartão vacinal. O importante é não banalizar a situação, deixar para lá o exame e de fazer o isolamento adequado para evitar um novo aumento do número de casos", orienta.
Segundo o diretor de Vigilância Epidemiológica da SES-DF, Fabiano dos Anjos, a pasta tem adotado duas estratégias de prevenção: manter a vacinação para o público-alvo e realizar a testagem de casos sintomáticos. Para ele, "o Distrito Federal ainda tem uma cobertura de dose de reforço insuficiente para a demanda".
Ainda ontem à noite, Ibaneis Rocha anunciou que, devido à importância da conclusão do ciclo vacinal, no próximo sábado, terá um carro de vacina na Expansão de Samambaia. "É importante reforçar que seguimos o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, que tem, inclusive, respaldo técnico de pesquisadores e imunologistas", comentou o chefe do Executivo local.
Comunidade
Em relação a testagem em massa da população, Fabiano afirma que a pasta tem um número pequeno de casos. "Ainda não vimos um aumento efetivo do número de casos diários. Então, precisamos manter o nosso cartão de vacina com esquema completo e as pessoas infectadas têm de se isolar para a gente evitar mais diagnósticos positivos", aconselha.
Para o epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brant, há medidas que são importantes serem adotadas pelo governo, como a vigilância de síndromes respiratórias estar ativa para a SES-DF saber quais vírus circulam pela capital federal. Segundo ele, as cinco unidades que coletam respostas respiratórias, seja de covid-19 ou de outros vírus, precisam ser mais rápidas. "Está em uma velocidade lenta, com relatórios publicados com um mês de atraso", critica.
Jonas cita a melhora da relação das unidades de atenção primária com a comunidade local, que têm horário comercial disponível, enquanto a maioria está no trabalho. Para ele, é preciso reduzir as barreiras de acesso à vacina, com apoio do transporte público, se possível. O especialista sugere que a população precisa fazer uma avaliação do risco contra todo tipo de doença respiratória. "Se estou em um ônibus, o uso da máscara é recomendado. Assim como se estou em um ambiente com muitas pessoas e posso abrir as janelas para garantir circulação, diminuo o risco de infecção", conclui o epidemiologista da UnB.
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Quantos vacinados
Primeira dose
2,5 milhões
Segunda dose
2,4 milhões
Terceira dose
1,4 milhões
Quarta dose
592 mil
Dose única (sem reforço)
60,9 mil
POR GRUPOS
Crianças de 3 a 4 anos
» 6,7 mil (D1)
» 1,8 mil (D2)
Crianças de 5 a 11 anos
» 193,2 mil (D1)
» 134,6 mil (D2)
» 9 (D3 ou dose de reforço)
Pessoas com comorbidades
» 198,5 mil (D1)
» 111,8 mil (D2)
» 2,9 mil (D3 ou de reforço)
» 1 mil (D4 ou segunda
de reforço)
» 13 (D5 ou terceira de reforço)
» 40 (dose única)
Fonte: Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) e Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF (SEPD)
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