Não saber ler e escrever não impede o voto. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TSE), 6,3 milhões de analfabetos estão aptos a votar neste domingo (30/10). "Isso não me atrapalha em nada, nisso voto também é válido", diz José Airton, o primeiro da fila.
O mecânico de 52 anos levantou às 6h e correu para votar no Colégio Estadual Paulo Freire, em Águas Lindas. "Estava ansioso, queria votar logo", afirma. A busca por um Brasil melhor fez com que a fila de eleitores virasse a esquina do colégio. "Hoje está tenso o clima. São dois candidatos que eu não vejo diferença, não têm propostas", lamenta.
Há menos de dois quilômetros de José, Marlene, 50, compartilhava o mesmo sentimento de aflição. A vigilante acordou às 5h e às 7h10 já estava na fila. Ela votou pela primeira vez em 1989, no então candidato Fernando Collor de Mello. "Votei nele porque era bonito", confessa.
Comparando a eleição de 33 anos atrás com o pleito de 2022, ela sente que os candidatos preferem se atacar do que apresentar um plano de governo. "De um lado tem o Lula, que tenho várias dúvidas. Do outro, o Bolsonaro, que não tem proposta nenhuma". Apesar das críticas, ela já sabe o número que vai apertar na urna.
Logo atrás vem Dalva de Jesus, 56, a segunda a votar. Diarista, já está acostumada a madrugar para ir ao trabalho. Foi cedo ao local de votação porque, mais tarde, iria para o trabalho. Na fila, ela diz em alto e bom som que odeia política, mas ir à urna é uma forma de mudar o Brasil para os filhos e netos. "Tem que investir nos estudos, a educação é o início de tudo", avalia.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel