O pequeno Antony Gabriel tem poucos dias de vida, mas já venceu uma longa batalha. O menino nasceu no banheiro do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), no último dia 14, e bateu a cabeça no chão quando escapou pelo vão do assento da cadeira de banho. Após passar por exames, Antony precisou ser transferido para o Hospital de Base e internado na unidade de terapia intensiva (UTI) para acompanhamento de um sangramento no cérebro.
Depois da apreensão vivida pela família, o bebê recebeu alta e voltou para casa. Ao Correio, Antonio Marcos Alves, 37 anos e pai do menino, detalhou que o filho vai receber acompanhamento médico até estar totalmente recuperado. “Meu bebê, graças a Deus, está de bom para melhor. Está se movimentando bem, se alimentando bem e dormindo bem”, contou Antonio, emocionado.
Pelas redes sociais, Antonio postou diversas fotos do filho. Ele contou à reportagem que a criança já tem uma nova tomografia marcada para o começo do próximo mês e retorno médico. “Ele está mamando muito, está muito bem”, ressaltou o pai.
Entenda
O caso ganhou repercussão no DF e é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) após os pais alegarem negligência do hospital. Segundo Antonio relatou em entrevistas anteriores, a mulher foi ao hospital e pediu, por diversas vezes, pela avaliação médica, pois sentia muita dor. “Minha esposa veio primeiro para o Hospital, por volta de 15h, mas foi internada somente às 18h e pouco. Eu ainda estava no serviço e vim correndo para o hospital. Cheguei quase 20h, e nesse horário ela já estava bem debilitada, gritando, chamando atendimento médico”, afirmou Antonio.
O marido de Suzana Maria Feitosa, 36 anos, diz que a médica passou cerca de três vezes para olhar a gestante e disse que ela estava bem. “A minha esposa tem arritmia cardíaca desde criança, então toda a gestação dela foi complicada. Por isso que viemos ao Hmib, porque se não, meu filho teria nascido em Ceilândia. E nas vezes que a médica veio foi apenas para medir a pressão, ela fez um exame de toque e depois disse que o bebê ainda não ia nascer com o tanto de dilatação, que ela tinha outros pacientes para atender e não podia fazer o exame toda hora”, diz o marido.
Os médicos orientaram a gestante a tomar um banho quente, para amenizar a dor das contrações. “Mas ela não aguentava nem colocar o pé no chão de tanta dor. Eu e uma companheira de quarto que conseguimos levantar ela e levar para o banheiro, quando a bolsa se rompeu e ela falou que o menino ia nascer. Trazemos uma cadeira de banho do banheiro, e quando ela sentou, o menino vazou por baixo da cadeira e bateu a cabeça no chão e rolou. Ele ficou quase um minuto desacordado”, detalhou.
“Acompanhada de perto”
Questionada sobre o fato, a Secretaria de Saúde respondeu ao Correio que a mãe foi internada no Centro Obstétrico às 15h e foi acompanhada de perto pela equipe médica de plantão. “Às 16h45 foi realizado exame de avaliação do bem-estar fetal, chamado cardiotocografia. Às 18h52, a paciente voltou a ser reavaliada com 4 cm de dilatação. Depois, novas avaliações foram feitas às 19h34, 20h41 e 20h52, quando foi observada dilatação de 5 cm”, diz a nota.
O texto também disse que o banho quente é comum dentro das práticas obstétricas, e “faz parte de um grupo de medidas chamadas Alívio Não Farmacológico da Dor durante o Trabalho de Parto”. A pasta assegurou que a equipe médica respondeu prontamente e a pediatra do Hmib avaliou o estado de saúde do bebê, após o parto, que estava chorando e ativo. “Mãe e criança receberam todo o cuidado e atenção”, garantiram.