Apontado como um dos maiores traficantes de drogas do Centro-Oeste, Carlos Noronha, 58 anos, voltou a ser preso pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). Ele é acusado de ter envolvimento no transporte de 280 kg de cocaína apreendida em setembro deste ano, no município de Vianópolis (GO). Na ocasião, três pessoas foram presas, e Carlos, indiciado como o líder do grupo. A carga foi avaliada em cerca de R$14 milhões.
Em entrevista ao Correio, o delegado responsável pela prisão afirmou que a expectativa é que, agora, Carlos Noronha permaneça preso durante a instrução do processo que apura o tráfico de drogas ocorrido em Vianópolis e, caso condenado, cumpra as penas deste e dos demais que responde. “Sua prisão constitui um duro golpe no crime organizado e evita a iminente disseminação de enorme quantidade de drogas em todo Centro-Oeste”, frisou o delegado Vinícius Teles.
Vida pregressa
No Distrito Federal, Carlos foi alvo de operação da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), em fevereiro de 2021, acusado de ser o responsável pelo fornecimento de entorpecentes na capital, junto ao filho e outros comparsas.
Durante as investigações, policiais civis constataram que Carlos liderava uma espécie de “organização familiar” voltada ao tráfico de drogas. Na distribuição de funções, o criminoso ficava responsável pela manipulação das substâncias e pela mistura da cocaína, de forma a incrementar o lucro da associação criminosa, conforme consta nos autos do processo.
Na capital e em Goiânia, Carlos e o filho, Diego Noronha, ostentavam uma vida de luxo, com direito à mansão, jet-skis e carros de luxo. Em diálogos interceptados pela polícia ficou claro o papel de liderança exercido por Diego, que tinha atribuição de efetuar os pagamentos da mercancia das drogas a um dos comparsas.
Na época, operação da Cord resultou no cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão, no sequestro judicial de três imóveis, sendo uma casa, um apartamento e uma chácara — localizados em Goiânia, Águas Claras e Brazlândia —, na apreensão de nove veículos e na prisão de cinco pessoas.
Indiciado pela PCDF, em março deste ano, Carlos Noronha foi condenado pela Justiça do DF a 3 anos de prisão em regime aberto. A ele também foi garantido o direito de recorrer em liberdade.
Meses após a soltura, Carlos voltou a ser investigado pelo carregamento de cloridrato de cocaína apreendido em Vianópolis por policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos do Estado de Goiás (Denarc).
História de crimes
Há décadas no mundo do crime, o primeiro registro de Carlos na polícia foi em 1992, quando foi preso pela primeira vez por furto à residência em Brasília. A partir de então, migrou para o tráfico de drogas, alcançando status de traficante internacional e colecionando registros pela Polícia Federal e Polícias Civis de Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal por tráfico, associação para tráfico, organização criminosa, falsidade documental, lavagem de dinheiro e homicídio.
Em 2001, quando recebia um carregamento de cocaína da Bolívia em Brasília, trocou tiros com a Polícia Federal e, apesar de alvejado no pescoço, foi socorrido e sobreviveu. O ferimento afetou sua voz e lhe rendeu o apelido de Pato Rouco.