Tráfico

Barão do tráfico do Centro-Oeste é preso em mansão na cidade de Goiânia

Carlos Noronha foi condenado no DF após ser apontado como o líder de uma organização criminosa voltada ao tráfico. Meses após ser solto, esteve envolvido no carregamento de 280 kg de cocaína em Vianópolis

Apontado como um dos maiores traficantes de drogas do Centro-Oeste, Carlos Noronha, 58 anos, voltou a ser preso pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). Ele é acusado de ter envolvimento no transporte de 280 kg de cocaína apreendida em setembro deste ano, no município de Vianópolis (GO). Na ocasião, três pessoas foram presas, e Carlos, indiciado como o líder do grupo. A carga foi avaliada em cerca de R$14 milhões.

Em entrevista ao Correio, o delegado responsável pela prisão afirmou que a expectativa é que, agora, Carlos Noronha permaneça preso durante a instrução do processo que apura o tráfico de drogas ocorrido em Vianópolis e, caso condenado, cumpra as penas deste e dos demais que responde. “Sua prisão constitui um duro golpe no crime organizado e evita a iminente disseminação de enorme quantidade de drogas em todo Centro-Oeste”, frisou o delegado Vinícius Teles.

Divulgação/PCGO - Carlos Noronha, 58 anos, voltou a ser preso pela Polícia Civil do Goiás.
Divulgação/PCGO - Ele é acusado de ter envolvimento no transporte de cocaína apreendida em setembro.

Vida pregressa

No Distrito Federal, Carlos foi alvo de operação da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), em fevereiro de 2021, acusado de ser o responsável pelo fornecimento de entorpecentes na capital, junto ao filho e outros comparsas.

Durante as investigações, policiais civis constataram que Carlos liderava uma espécie de “organização familiar” voltada ao tráfico de drogas. Na distribuição de funções, o criminoso ficava responsável pela manipulação das substâncias e pela mistura da cocaína, de forma a incrementar o lucro da associação criminosa, conforme consta nos autos do processo.

Na capital e em Goiânia, Carlos e o filho, Diego Noronha, ostentavam uma vida de luxo, com direito à mansão, jet-skis e carros de luxo. Em diálogos interceptados pela polícia ficou claro o papel de liderança exercido por Diego, que tinha atribuição de efetuar os pagamentos da mercancia das drogas a um dos comparsas.

Na época, operação da Cord resultou no cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão, no sequestro judicial de três imóveis, sendo uma casa, um apartamento e uma chácara — localizados em Goiânia, Águas Claras e Brazlândia —, na apreensão de nove veículos e na prisão de cinco pessoas.

Indiciado pela PCDF, em março deste ano, Carlos Noronha foi condenado pela Justiça do DF a 3 anos de prisão em regime aberto. A ele também foi garantido o direito de recorrer em liberdade.

Meses após a soltura, Carlos voltou a ser investigado pelo carregamento de cloridrato de cocaína apreendido em Vianópolis por policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos do Estado de Goiás (Denarc).

História de crimes

Há décadas no mundo do crime, o primeiro registro de Carlos na polícia foi em 1992, quando foi preso pela primeira vez por furto à residência em Brasília. A partir de então, migrou para o tráfico de drogas, alcançando status de traficante internacional e colecionando registros pela Polícia Federal e Polícias Civis de Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal por tráfico, associação para tráfico, organização criminosa, falsidade documental, lavagem de dinheiro e homicídio.

Em 2001, quando recebia um carregamento de cocaína da Bolívia em Brasília, trocou tiros com a Polícia Federal e, apesar de alvejado no pescoço, foi socorrido e sobreviveu. O ferimento afetou sua voz e lhe rendeu o apelido de Pato Rouco.