Uma nova ofensiva para recuperação de terras ocupadas irregularmente ocorreu, ontem, em Santa Maria. Cerca de 20 tendas e barracas foram removidas de um terreno pertencente à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), nas proximidades do condomínio Total Ville. Desta vez, não houve confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal, como no episódio da QNR 4 de Ceilândia, em 7 de outubro.
Os integrantes da ocupação decidiram deixar o local pacificamente, depois de alguns minutos de negociação com a Terracap. "Estamos saindo porque, se a gente não fizer, (sabemos que) tem a truculência. Vamos sair pacificamente, mas dizendo que vamos recorrer. Temos reunião marcada com a Terracap, junto à Secretaria de Agricultura, para quarta-feira", revelou a produtora rural e representante do grupo, Cleonice Gregório de Sousa, 28 anos.
Ela alega que a área tem um dono, que não responde mais pela área, pois o contrato que ele tinha acabou. "Por isso que, inclusive, entramos no terreno e ficamos", ressaltou. A representante do movimento também disse que a ocupação começou há seis dias e, durante esse período, não houve nenhum tipo de assistência social. "Agora, vamos procurar algum ginásio ou estádio, para poder nos aglomerar", concluiu.
Durante a desocupação, uma senhora integrante da ocupação passou mal e teve que ser atendida pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF. De acordo com socorristas que acompanhavam a retirada das famílias do local, o desmaio foi causado por fatores como calor, estresse e falta de alimentação. No entanto, ela não precisou ser transportada para unidade médica.
Cerca de 10 viaturas da PM foram mobilizadas para o local, além de duas da CBMDF. O major Anderson Pierre, do 26º Batalhão de Santa Maria, disse que os agentes de segurança se encontravam no local somente para garantir a segurança dos servidores públicos. "Policiais passavam pelo local, perceberam a invasão e acionaram a corporação", detalhou.
Agentes da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) também estavam no local, para o caso de retirada forçada das famílias. Um trator foi deslocado até o terreno, mas não precisou ser utilizado.
O gerente de fiscalização da Terracap, Alexandre Bittencourt, que acompanhou a operação, afirmou que o terreno é público e pertence à companhia. "Ele não é destinado ao Programa de Assentamento de Trabalhadores Rurais (Prat), e o processo não é esse. Eles (o grupo) simplesmente invadiram sem nenhum respaldo da lei", afirmou. "Era uma área rural, sob administração da Seagri (Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural). Por isso que foi acordado marcar uma reunião", acrescentou o gerente da Terracap.
Só nos primeiros nove meses deste ano, as operações de recuperação de áreas invadidas superaram os três anos anteriores. De janeiro a setembro, cerca de 3,5 milhões de metros quadrados foram retomados, segundo dados do DF Legal.
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