Cidadania

Mulheres desenvolvem projetos para lidar com a dor e levar alegria para outras pessoas

Iniciativas de mulheres ressignificam a dor e transformam o sentimento em ações para ajudar outras pessoas. Projetos vão desde levar alegria a crianças em vulnerabilidade a oferecer oportunidades de renda

Diante da perda, da incerteza e do luto, mulheres transformam a dor em projetos sociais que ajudam pessoas em vulnerabilidade. Seja uma mãe que perdeu o filho de dois anos em um acidente doméstico e decidiu levar presentes a crianças ou uma mulher que viu o sonho de uma vida desandar e perdeu tudo que havia conquistado. Mesmo com os mais diversos desafios, elas conseguiram converter as lágrimas em sorrisos nos lábios dos outros, e a insegurança financeira dá lugar ao abrigo para quem enfrenta a mesma situação.

O Projeto Noah nasceu assim: da ressignificação e do amor que ultrapassa a vida. A dentista Hellem Oliveira, 32 anos, perdeu o filho, de dois anos e cinco meses, no começo de 2022. Noah Resende de Oliveira sofreu um acidente aquático e ficou uma semana internado, até que os exames diagnosticaram a morte cerebral. "Tivemos que desligar os aparelhos, e eu fiz a doação dos órgãos. O Noah salvou outras vidas, doamos córneas, rins e o coração", lembra a moradora de Sobradinho.

Com a morte do filho, Hellem se sentiu perdida. "Quando estava chegando a data de aniversário dele, comecei a sentir uma depressão muito grande. Eu já tinha em mente um projeto, mas não sabia como realizar, me veio à mente justamente usar a data do aniversário dele, 29 de setembro, para celebrar a alegria que ele me trouxe", detalha.

A ideia era, no lugar, de se recolher em casa devido ao luto, fazer da data algo especial para outras crianças. "Faço tudo para honrar a passagem dele, para doar tudo que ele doou. Ele veio e me trouxe alegria e quero ajudar outras crianças na mesma proporção", afirma Hellem.

Divulgação - Noah morreu em um acidente doméstico, no começo do ano. A mãe, em processo de luto, decidiu transformar o aniversário dele em uma data de transformação
Divulgação - Noah morreu em um acidente doméstico, no começo do ano. A mãe, em processo de luto, decidiu transformar o aniversário dele em uma data de transformação
Divulgação - Projeto Noah leva alegria e brinquedos às crianças

Amizade

Nesse trajeto, a mãe de Noah não esteve sozinha, ela contou com a ajuda de duas amigas: as irmãs Raíssa, 32, e Fernanda Guimarães, 29. "A história da Hellem é um acalento para quem perdeu um filho também, para estimular as pessoas a olharem para o próximo", avalia, Raíssa.

A irmã mais nova, Fernanda, foi a responsável por desenhar a logo do Projeto Noah. "Não existe no mundo uma forma de amenizar a dor de uma mãe que precisou se despedir um filho, e esse sentimento de impotência fez com o que os amigos se juntassem e planejassem uma forma de ajudar a Hellem a passar por esse período de uma forma menos difícil", destaca.

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Fernanda garante que apesar da saudade, que sempre as acompanhará, o objetivo é tornar o 29 de setembro em um dia de alegria, "de celebração, onde nos juntamos em uma corrente do bem e do amor para doar brinquedos e fazer uma festa linda para crianças".

Feira transformadora

Daniella Kanno, 46 anos, precisou recomeçar e transformar os sonhos perdidos. "Sou uma mulher desempregada, vivo de doação, perdi tudo", confessa a moradora do Guará 2. Mas ela não deixa de fazer a diferença na vida dos outros. Daniella tinha um restaurante de comida indiana, inaugurado em 2018, em que ela investiu todo o dinheiro de uma vida. No entanto, em 2020, com a chegada da pandemia e a crise econômica, o estabelecimento teve de ser fechado.

"Foi uma luta miserável de sobrevivência. Na minha idade, a gente não arruma mais emprego. Eu cheguei a morar em uma invasão, porque não estava dando conta de pagar tudo que precisava. E nesse meio tempo tentei de tudo.Trabalhei vendendo roupa, vendendo comida na rua, mas nada deu certo. Depois, eu comecei a trabalhar em feiras, uma sugestão da minha mãe, que disse que faria roupas para eu vender e me daria parte da renda", conta.

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Depois disso, Daniella teve a chance de começar o próprio projeto. "Um dos locais em que eu alugava tendas me perguntou se eu promovia eventos, e eu vi uma oportunidade e disse que sim, porque tinha várias mulheres que conhecia. A partir daí, a gente começou a Feira Transforme-se. O meu foco é principalmente ajudar as mulheres que participam da iniciativa, por isso, não cobro pela participação delas. Muitas vão à feira sem ter o dinheiro para voltar para casa, contando que venderá alguma coisa. A gente percebe a diferença que faz", afirma.

Carlos Vieira/CB - 19/10/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Pessoas que ressignificam momentos de dor através de projetos sociais. Daniella Kanno, idealizadora do projeto de artesanato, com Jana Marins.
Carlos Vieira/CB - 19/10/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Pessoas que ressignificam momentos de dor através de projetos sociais. Daniella Kanno, idealizadora do projeto de artesanato, com Jana Marins.
Fotos: Carlos Vieira/CB - Hellem encontrou nos projetos sociais uma forma de lidar com a luto pelo filho, Noah

Daniella banca sozinha as taxas cobradas para utilizar os espaços públicos e alugar equipamentos. "Só consigo porque tenho a ajuda da minha mãe, que tem um loja de roupas fitness, a Bellarmina, e de meu primo Rodrigo Rodella, que tem o Made In Roça Festival. Se não fossem eles, não teria como continuar", revela. Atualmente, 48 mulheres participam da feira, com venda de roupas, artesanato, doces e materiais diversos.

Salvando vidas

Para conseguir criar o projeto, Daniella contou com a ajuda de uma amiga que conheceu nas feiras que participava. Janaina Marins, 43, proprietária da loja de sapatos Jana Shoes, conta que Daniella participava da Feira de Arte da QE4, organizada por ela. "Essas iniciativas são super importantes porque elas acolhem diversas mulheres, o intuito é vender, claro, mas é um dia tão agradável, tão gostoso de estar com outras expositores. Muitas encontram na feira uma forma de começar a se libertar, além do financeiro, o emocional da mulher", opina.

A costureira Suzana Mendes Costa, 57, é uma das participantes. "A feira é um lugar para ficar com a turma. É onde temos a oportunidade de caminhar para frente. A Daniella, da noite para o dia, abriu as portas para nós. Tem a possibilidade de mostrar nossos produtos, conhecer muitas pessoas, fazer amizades, ajudar umas às outras e deslanchar a nossa vida financeira. Mas esse não é o único objetivo. A Feira Transforma-se realmente transforma a nossa vida. A feira me ajudou a vencer a síndrome do pânico, eu estava com depressão, e a costura me ajudou a sair dela", finaliza.

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Feira transformadora de vidas

Daniella Kanno, 46 anos, precisou recomeçar e transformar os sonhos perdidos. “Sou uma mulher desempregada, vivo de doação, perdi tudo”, confessa a moradora do Guará 2. Mas ela não deixa de fazer a diferença na vida dos outros. Daniella tinha um restaurante de comida indiana, em que ela investiu todo o dinheiro de uma vida, inaugurado em 2018. No entanto, em 2020, com a chegada da pandemia e a crise econômica, o estabelecimento teve de ser fechado.

“Foi uma luta miserável de sobrevivência. Na minha idade, a gente não arruma mais emprego. Eu cheguei a morar em uma invasão, porque não estava dando conta de pagar tudo que precisava. E nesse meio tempo tentei de tudo.Trabalhei vendendo roupa, vendendo comida na rua, mas nada deu certo. Depois, eu comecei a trabalhar em feiras, uma sugestão da minha mãe, que disse que faria roupas pára eu vender e me daria parte da renda”, conta.

Depois disso, Daniella teve a chance de começar o próprio projeto. “Um dos locais em que eu alugava tendas me perguntou se eu promovia eventos, e eu vi uma oportunidade e disse que sim, porque tinha várias mulheres que conhecia. A partir daí, a gente começou a Feira Transforme-se. O meu foco é principalmente ajudar as mulheres que participam da iniciativa, por isso, não cobro pela participação delas. Muitas vão à feira sem ter o dinheiro para voltar para casa, contando que venderá alguma coisa. A gente percebe a diferença que faz”, afirma.

Daniella banca sozinha as taxas cobradas para utilizar os espaços públicos e alugar equipamentos. “Só consigo porque tenho a ajuda da minha mãe, que tem um loja de roupas fitness, a Bellarmina, e de meu primo Rodrigo Rodella, que tem o Made In Roça Festival. Se não fossem eles, não teria como continuar”, revela. Atualmente, 48 mulheres participam da feira, com venda de roupas, artesanato, doces e materiais diversos.

Salvando vidas

Para conseguir criar o projeto, Daniella contou com a ajuda de uma amiga que conheceu nas feiras que participava. Janaina Marins, 43, proprietária da loja de sapatos Jana Shoes, conta que Daniella participava da Feira de Arte da QE4, organizada por ela. “Essas iniciativas são super importantes porque elas acolhem diversas mulheres, o intuito é vender, claro, mas é um dia tão agradável, tão gostoso de estar com outras expositores. Muitas encontram na feira uma forma de começar a se libertar, além do financeiro, o emocional da mulher”, opina.

A costureira Suzana Mendes Costa, 57, é uma das participantes. "A feira é um lugar para ficar com a turma. É onde temos a oportunidade de caminhar para frente. A Daniella, da noite para o dia, abriu as portas para nós. Tem a possibilidade de mostrar nossos produtos, conhecer muitas pessoas, fazer amizades, ajudar umas às outras e deslanchar a nossa vida financeira. Mas esse não é o único objetivo. A Feira Transforma-se realmente transforma a nossa vida. A feira me ajudou a vencer a síndrome do pânico, eu estava com depressão, e a costura me ajudou a sair dela”, finaliza.

Como ajudar

Feira Transforme-se:

Redes sociais: @feira_transformese

Contato: (61) 98608-1890

Programação:

Data: 21 e 22 de outubro

Horário: das 16h às 21h

Endereço: QE 40 Polo de Modas, ao lado dos trailers

 

Projeto Noah

Para doações, acione pelas redes sociais: @drahellem