Economia

Copa deve movimentar R$ 22,4 milhões no comércio brasiliense

Bares, restaurantes, lojas de produtos esportivos e de eletrodomésticos esperam faturar 7,4% a mais do que o registrado na última edição, em 2018, na Rússia. Televisores e camisetas da Seleção Brasileira estão entre os itens mais comprados

A pouco mais de um mês para o início da Copa do Mundo do Catar, o comércio do Distrito Federal começa a se preparar para receber os torcedores e aumentar os lucros do fim de ano. A expectativa é de que o Mundial movimente cerca de R$ 22,4 milhões no varejo do DF, aumento de 7,4% em relação ao torneio de 2018, na Rússia, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O fluxo de clientes interessados em acompanhar a seleção em bares e restaurantes anima o setor. Nas lojas, a procura será por móveis, televisões, eletroeletrônicos, vestuário, calçados e produtos de supermercados.

Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Vinicius Tristão conta que o bar Responsa investiu em um telão novo
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Fornecedores atrasaram a entrega das camisetas canarinho oficiais
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Anderson avalia que a loja onde trabalha terá o maior lucro do ano
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Luiz Corrêa adianta que o Bar da Boa terá música ao vivo antes dos jogos
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Devido à falta da camiseta da Seleção Brasileira, Rayson tem vendido bolas oficiais do mundial e também o modelo da CBF do artigo

A venda de camisetas e bandeiras do Brasil deve crescer entre 18% e 22% nesta Copa, em relação à da Rússia, segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista). À época, o torneio gerou um movimento no varejo 16% maior do que o Mundial de 2014. "A população cresce e, com isso, há expansão das vendas, o que é natural. Paralelamente, como o Campeonato Brasileiro está na reta final e a disputa pela Copa Libertadores ocorre agora, no fim de outubro, estão sendo vendidas, também em boa escala, camisetas do Palmeiras, do Flamengo e do Corinthians. A procura vai aumentar ainda mais até a Copa", avalia Sebastião Abritta, presidente do Sindivarejista.

José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF, também prevê aquecimento do comércio da capital do país. "Estamos apostando no grande movimento dos bares e restaurantes, que, tradicionalmente, reúnem grandes grupos de torcedores e planejam programação específica para assistir aos jogos."

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O bar Responsa, na Asa Sul, vai transmitir as disputas em telões. "Recentemente, colocamos um telão e instalamos novas televisões, já pensando na Copa. A expectativa está bem alta para receber a galera", conta o gerente de comunicação e marketing Vinicius Freire. A casa será decorada de verde e amarelo, e os funcionários estarão devidamente caracterizados nos dias dos jogos do Brasil. Durante o Mundial, o espaço deve abrir às segundas-feiras, dia em que costuma fechar. O cardápio terá promoções para agradar a clientela. "Temos uma nova carta de drinks, estamos renovando tudo. Por ser fim de ano, o lucro sempre é maior do que em outros períodos. Mas, em época de copa, a esperança é ainda mais positiva", anima-se Vinícius.

Procura intensa

Embora o uniforme canarinho tenha sido politizado nos últimos anos, a camisa da Seleção Brasileira continua em alta entre os torcedores. Nos últimos 15 dias, o gerente de marketing da loja Grandes Torcidas, Anderson Mota, 28, tem lidado com a grande procura de clientes. No entanto, um problema de distribuição atrapalhou o começo das vendas, e ele aguarda a remessa dos produtos. "Isso é uma dificuldade encontrada em quase todas as lojas, até mesmo na marca responsável", explica. Mesmo com obstáculos, brasilienses fazem fila para adquirir outros itens da loja. A previsão é de que o estabelecimento, na Asa Sul, tenha os maiores lucros do ano durante a Copa do Mundo.

Na Free Corner do Terraço Shopping, no Sudoeste, a realidade é semelhante. O vendedor Raison Souza descreve que todos os dias, em média, 15 pessoas vão ao local comprar camisas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com o atraso na entrega, os consumidores optam por levar ou a bola com o símbolo da CBF ou a oficial da Copa. Para ele, que ganha comissão, o faturamento é esperado com muita ansiedade. "Se a camisa já tivesse chegado, a diferença seria muito grande (nos lucros), porque trabalhamos em cima do número de vendas. Estamos mais ansiosos do que os próprios clientes", revela.

"Pra frente, Brasil"

No Boteco da Boa, na Asa Sul, a organização está a todo vapor. O sócio Luiz Corrêa, 36, lembra que, no Mundial de 2018, houve eventos especiais e presença de grande público. Desta vez, a expectativa é superar os números de quatro anos atrás. "Vamos ter um telão aqui, oito televisões e som ao vivo, com pagode e sertanejo antes das partidas", detalha. Os funcionários estarão vestidos a caráter, com decoração temática espalhada pelo bar. Luiz garante que os preços das bebidas passarão por reajustes, para atrair os apaixonados por futebol.

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Há quem escolha acompanhar o time de estrelas de Tite do sofá de casa e para melhorar a qualidade da transmissão, a compra de televisores recém-lançados no mercado tem crescido. As reuniões caseiras animam o vendedor Dennys Souza, 25, que trabalha em uma loja da Asa Norte de eletrodomésticos. Com a proximidade do torneio, o fluxo de consumidores vem se intensificando nas últimas semanas. "As vendas aumentaram bastante. Estamos fazendo a troca de televisões antigas por novas. Com isso, o cliente recebe desconto", diz. Neste mês e no próximo, a previsão é de que mais aparelhos sejam vendidos. Outro fator que contribui para a alta é a Black Friday, que será pouco antes do início dos jogos.

Com a alta procura, as comissões recebidas pelos vendedores se intensificam. Luciano de Oliveira, 31, funcionário de uma loja de eletrodomésticos na Asa Norte, afirma que, somente nos primeiros dias de outubro, os lucros superaram os números de setembro. O vendedor é pretende emplacar, pelo menos, 200 mil vendas em novembro. "Aqui, houve um crescimento de 20% em relação ao semestre passado. Estamos muito empolgados", reitera.

Oportunidade

O economista Riezo Almeida, coordenador do curso de ciências econômicas do Iesb, pondera que a Copa do Mundo é um evento que tradicionalmente movimenta a economia das cidades brasileiras. "A dinâmica de acompanhar os jogos em bares, restaurantes e casas de amigos não entrará no planejamento familiar como restrição orçamentária e haverá consumo expressivo", destaca. Contudo, a alta dos preços pode frear um pouco o gasto. "A população vai, sim, substituir produtos mais caros por aqueles mais baratos, como camisetas do Brasil lançadas no ano passado, mas não deixarão de curtir o momento."

O torneio costuma ser realizado entre junho e julho. A mudança para novembro, segundo Riezo Almeida, traz vantagens. "O comércio ficará movimentado até as festas de fim do ano, caso o Brasil avance para as fases finais. Haverá maior consumo de combustível, pela locomoção dos torcedores, e o governo deve arrecadar mais com ICMS e ISS. Ou seja, toda a economia ganha com o fluxo de consumo", resume.  O cenário será positivo, inclusive, para os informais. "Os ambulantes serão beneficiados também. Teremos um ótimo fim de ano na capital. Se chegarmos à final do Mundial, a economia vai girar até meados de dezembro, próximo ao Natal e Ano Novo. Dessa forma, haverá muitas oportunidades para os trabalhadores."

Colaborou Ana Isabel Mansur

*Estagiário sob a supervisão de Guilherme Marinho

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Programe-se

A Copa do Mundo do Catar terá bola rolando a partir de 21 novembro. A partida de abertura será entre o anfitrião e o sul-americano Equador, às 7h, no Al Bayt Stadium. A final está marcada para 18 de dezembro, às 12h, no Lusail Stadium.

Brasil X Sérvia
24 de novembro, às 16h

Brasil X Suíça
28 de novembro, às 13h

Brasil X Camarões
2 de dezembro, às 16h