A prisão em flagrante do motociclista João Batista Siqueira, 36 anos, que atropelou e matou a balconista Sandra Sousa Freire, 33 anos, e a filha Heloísa Sousa, 3, foi convertida para preventiva. A decisão foi tomada, ontem, durante a audiência de custódia. Indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar), ele deve ir para o Complexo Penitenciário da Papuda nos próximos dias.
As vítimas foram atingidas a quase 150km/h em uma via de 60km/h, em Planaltina. O Correio apurou que o acusado trabalha na área de informática e estava afastado do serviço por problemas psicológicos. Não é a primeira vez que o motociclista se envolve em acidentes de trânsito. A primeira ocorrência registrada, em 2012, resultou no atropelamento de dois ciclistas. João também conduzia uma moto e, por causa da alta velocidade, não conseguiu frear a tempo. As vítimas foram socorridas e levadas ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS).
Em 2017, João levava uma moça na garupa da moto, quando, semelhante ao caso anterior, não conseguiu frear, e bateu em uma camionete no Eixão Norte. Somente a mulher sofreu ferimentos e foi socorrida e encaminhada ao hospital. Além dos sinistros de trânsito, João acumula multas por exceder a velocidade máxima permitida e por transitar na contramão.
Apesar do histórico infracional, o acusado seguia dirigindo. Na avaliação de Adriana Modesto, doutora em transporte, o uso de remédios controlados não justifica os atropelamentos, a especialista explica que o motorista é submetido a exames ainda no processo de habilitação. “Se os medicamentos de uso contínuo ou quadro clínico forem incompatíveis com a condução veicular, tendo em vista a normatização, pode ter ocorrido alguma falha no procedimento ou ele pode ter omitido algum tipo de informação aos profissionais responsáveis pela avaliação”, supõe.
O Departamento de Trânsito do Distrito Federal foi questionado sobre o motivo de João continuar com a habilitação apesar do histórico de acidentes e com a alegação de que faz o uso de remédios controlados. Segundo o diretor de policiamento da autarquia, Wesley Cavalcante, a fiscalização existe para verificar se o condutor dirige sob influência de álcool ou substância psicoativa que cause dependência. “Temos o etilômetro para fazer a medição do álcool no organismo, para as drogas temos o drogômetro, que não está regulamentado no Brasil”, afirmou.
A defesa de João Batista Siqueira só se manifestará nos autos do processo.
Sepultamento
Mãe e filha serão veladas juntas, às 8h30, no Cemitério Campo da Esperança de Planaltina-DF. O sepultamento está previsto para ocorrer às 11h. A brutalidade com que as duas perderam a vida causou revolta e indignação aos familiares e amigos da vítima. Márcia Freire, 42, uma das cunhadas de Sandra, ficou aliviada com a decisão que manteve a prisão do condutor e pede por justiça. "Agora, vamos ver o que será feito. Tudo o que queremos é que a justiça seja feita, porque nada nos trará elas de volta", desabafou.