ELEIÇÕES 2022

'É um homem muito inteligente', diz Reginaldo Veras sobre Lula

Distrital eleito para a Câmara dos Deputados, que é do mesmo partido de Leandro Grass (PV), segundo colocado na corrida ao Buriti, acredita que faltou tempo para fortalecimento da campanha e chegada ao segundo turno

Recém-eleito para a Câmara dos Deputados, com 54.557 votos, o distrital Reginaldo Veras (PV) participou do CB.Poder desta segunda-feira (10/10), programa feito em parceria pelo Correio e TV Brasília. O parlamentar defendeu a eleição do ex-presidente Lula (PT) no segundo turno do pleito de 2022, em 30 de outubro, mas reforçou que, mesmo integrando a base aliada do petista, em caso de vitória, não abrirá mão da fiscalização e da atuação independente.

À jornalista Ana Maria Campos, ele fez um balanço dos dois mandatos que ocupou na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), desde 2014. Professor, Reginaldo Veras acredita que Ibaneis Rocha (MDB), reeleito em primeiro turno, deixou a desejar nas áreas da educação, saúde e assistência social.

Ao analisar o que faltou para que Leandro Grass, colega de partido que disputou o Palácio do Buriti, chegasse ao segundo turno contra o atual governador, o distrital destacou disputas internas e o tempo de campanha. "Entendo que a demora da federação (PT-PV-PCdoB) para lançar o nome dele foi um dos fatores. Havia uma disputa interna no PT, a base da nossa federação. Mesmo já havendo um acordo na Executiva Nacional para que Leandro fosse o candidato, a coisa demorou a se concretizar de tal maneira que perdemos um pouco o tempo de pré-campanha, quando já daria para trabalhar nome dele, para que, quando chegasse o período eleitoral, Leandro explodisse, como de fato explodiu. Foi um percentual fantástico, que, infelizmente, não nos levou ao segundo turno. Fora isso, a militância petista e a juventude abraçaram o Leandro. Fomos para as ruas, foi muito lindo e intenso, mas faltou aquele 0,3%, lamentavelmente." Grass, que também é deputado distrital, fechou as eleições em segundo lugar, com 26,25% (434.587 votos). Ibaneis conseguiu 50,3% (832.633).

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Veras acredita que o DF — onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) conquistou, no primeiro turno, 51,65% dos eleitores, contra 36,85% de Lula — tem espaço para crescimento do petista. "Considerando os indecisos, quem votou branco e nulo e quem pode migrar, temos 400 mil votos perdidos no DF. Vamos ter de criar mecanismos para buscar esses votos. Não adianta tentar reverter voto de quem está consolidado, temos de gastar energia, ser habilidosos e inteligentes para capitanear quem está indeciso ou vulnerável. Tenho batido muito na tecla das últimas falas infelizes do presidente em relação ao povo nordestino em Ceilândia, que é uma cidade predominantemente com raízes nordestinas. Temos de atingir o coração e a emoção do eleitor, não mais a mente", avaliou o parlamentar.

A vitória expressiva de Bolsonaro na capital do país, para Veras, é justificada pelo poder aquisitivo dos brasilienses. "A renda per capita da população do DF está entre as mais altas do país. A classe média brasileira, a elite, sempre teve medo de quem vem das bases sociais, essa é a verdade. Ela vê no Bolsonaro uma tentativa de manter seu status quo e poder. A classe média tem medo de ficar pobre, mas está longe de ficar rica. Somado ao fato de que houve alguns desencantos com as gestões do campo progressista (no DF). Tudo isso tem de ser analisado. Temos de ser críticos para não repetir os erros."

Sobre a eleição de grandes expoentes bolsonaristas para o Congresso Nacional em diversas unidades da federação, como a ex-ministra da Mulher Damares Alves (Republicanos), Bia Kicis (PL) e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), o entrevistado destaca a habilidade politica de Lula, caso seja escolhido para ocupar o Palácio do Planalto pelos próximos quatro anos.

"O presidente Lula já mostrou sua capacidade de articulação. Quando foi eleito em 2002, também não tinha maioria no Congresso, mas soube fazer. É um homem muito inteligente, que transita da esquerda até a centro-direita. Ele vai conseguir convencer o congresso de que o Orçamento Secreto precisa ser revisto. Será um grande desafio para o presidente, mas, considerando o histórico e a habilidade que tem, vai conseguir."

Confira a entrevista na íntegra.