Depois de uma corrida acirrada com 569 candidatos a deputados distritais concorrendo às 24 vagas da Câmara Legislativa do DF (CLDF), metade das cadeiras serão ocupadas por novos representantes, sendo que nove deles vão ingressar pela primeira vez na casa legislativa. Os estreantes na política defendem temas sensíveis à população como saúde, transporte, educação e infraestrutura.
Max Maciel (PSol) conseguiu garantir uma cadeira na CLDF após a segunda tentativa. Pedagogo e ativista, ele atua há mais de 20 anos na defesa dos direitos da juventude. "Queremos colocar pautas centrais para ajudar a nossa cidade na discussão. Falar sobre o orçamento, descentralizar os recursos do DF, melhorar a mobilidade urbana e a cultura da capital. Também teremos foco no combate à fome e na geração de renda", afirmou.
Thiago Manzoni (PL) diz que vai defender as liberdades individuais, o respeito e as causas da família. "Vou atuar em defesa do empreendedorismo e de um Estado mais econômico, mais enxuto e menos interventor nas atividades produtivas. Terei, também, uma atuação voltada para a fiscalização e fortalecimento da saúde, o diálogo com o setor para diminuir os gargalos e ineficiências que nos assolam há décadas", diz.
Rogério Morro da Cruz (PMN) pretende lutar por melhorias para São Sebastião e comunidades sem recursos. "Nosso objetivo é levar infraestrutura às comunidades carentes. Moro dentro do São Sebastião, em Morro da Cruz, e não temos saneamento básico. Somente depois de 14 anos que chegou a energia elétrica aqui. Então vou trabalhar pelas melhorias, pelo transporte e pela educação, além da construção de creches na cidade", afirma.
Gabriel Magno (PT) pretende unir o conhecimento como diretor do Sindicato dos Professores e a experiência adquirida como chefe de gabinete de Arlete Sampaio (PT). "Temos um papel de oposição do governo e foi muito importante a experiência que alcancei com a Arlete, o poder que ela tem de articulação política. Então minha gestão será muito focada na minha experiência como educador e diretor do sindicato dos professores", assinala.
Representatividade
A nona Legislatura da CLDF (2023-2026) também será mais inclusiva. Deputadas mulheres conseguiram mais espaço na casa, embora o crescimento tenha sido tímido, de três para quatro parlamentares. A professora do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Andrea Cabello, explicou que alguns países colocam incentivos para que as mulheres sejam candidatas, mas que somente isso não é suficiente para aumentar a representatividade de gênero.
“A baixa representatividade de gênero não está presente apenas na política, muitas profissões e cargos mais altos também têm essa característica. Isso ocorre principalmente para mulheres entre 30 e 45 anos, que têm obrigações familiares que dificultam sua ascensão profissional de forma geral. Isso ocorre não somente com mulheres, mas com outros grupos, como negros e LGBTQIA+, em que muitas vezes as restrições ao acesso no mercado de trabalho se refletem na restrição ao acesso à cargos políticos também”, pontuou.
A especialista avalia que alguns grupos fizeram campanhas específicas para as eleitoras mulheres este ano. “Entretanto, para os cargos majoritários, o número de candidatas foi inferior ao de candidatos. Além disso, nosso sistema de eleição proporcional (utilizado na CLDF), nem sempre leva à eleição direta daqueles que foram escolhidos pelos eleitores. Dessa forma, nosso desafio para uma representação diversificada é grande: depende da disponibilidade do número de candidatos com quem o eleitorado possa se identificar, mas também de políticas de acesso em geral que são necessárias para a população mais ampla, mesmo aquela não candidata. E o caminho mais provável de se resolver essa questão é exatamente por meio de uma maior representatividade desses grupos, para que políticas de acesso sejam implementadas de forma ampla na sociedade”, explica.
Uma das novatas a assumir uma cadeira na Casa é Jane Klébia (Agir), delegada da Polícia Civil. A deputada garante que uma das prioridades de seu mandato será a luta contra a violência de gênero. "A defesa da mulher é uma pauta importante para mim e estarei em busca de estratégias que libertem as mulheres da violência, que garantam um melhor atendimento e serviços mais completos, como de assistência jurídica e financeira a essas vítimas", pontuou.
Paula Belmonte (Cidadania) — que deixa a Câmara dos Deputados para o mandato como distrital — também defende temas voltados para a qualidade dos serviços públicos. "A saúde está péssima, com inúmeras denúncias no Iges-DF. O governo tem dado repasses bilionários às empresas de ônibus, mesmo que os serviços prestados estejam deixando a desejar. Terei uma postura firme e independente contra este desgoverno. E atuarei da mesma forma que trabalhei na Câmara dos Deputados", adiantou.
Nova no ambiente da CLDF, Dayse Amarilio (PSB) acredita que a experiência como presidente do Sindicato de Enfermagem será de grande ajuda na atuação como parlamentar. "Lutei muitas vezes na Câmara, como presidente do sindicato, e cheguei a atuar em pleitos importantes que não eram só em defesa do trabalhador, mas que impactaram diretamente a saúde pública. Sei que será desafiador, que é um jogo de forças muito grande, mas estou preparada para defender as bandeiras que acredito."
Ao longo de todo o dia, o Correio tentou contato com o Pedro Paulo (PP), conhecido como Pepa, e com o Joaquim Roriz Neto (PL), no entanto, até o fechamento desta edição, nenhum dos novos parlamentares se posicionaram.
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