Eleições 2022

Com 12 novos distritais, confira o perfil e correlação de forças da CLDF

Renovação dos nomes na CLDF chega a 50%. Doze candidatos conquistaram a reeleição, entre eles, o recordista de votos da história da Casa

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) terá novidades na próxima legislatura. Embora os brasilienses tenham reconduzido metade dos deputados distritais para novos mandatos, a renovação da Casa ficará por conta da diversidade. Dos 24 escolhidos, 11 se autodeclararam negros (pretos e pardos), e seis são progressistas, do PT, do PSol e do PSB. Os três distritais campeões de votos, neste pleito, são de esquerda: Chico Vigilante (PT), Max Maciel (PSol) e Fábio Félix (PSol).

Dos 12 novos distritais, dois já haviam conseguido mandato antes. Em relação aos partidos, o PL conseguiu a maior bancada, com 4. Em seguida vem o PT e o MDB, com 3 cada. PSol, PSD, Agir e PP elegeram dois deputados.

Republicanos, União Brasil, PMN, Avante, Cidadania e PSB elegeram um candidato cada. 

Reeleito para o governo do DF no primeiro turno, Ibaneis terá apoio de pelo menos a metade da Câmara Legislativa do DF. 12 deputados distritais eleitos são de partidos da coligação do emedebista, que é formada por Avante, Pros, Agir, PP, Solidariedade, MDB e PL.

Um dos grandes opositores de Ibaneis conseguiu votação recorde. Primeiro parlamentar assumidamente gay do DF, Fábio Félix teve mais de 50 mil votos, o maior número da história da Câmara Legislativa, fundada em 1991 — o recorde anterior era de Luiz Estevão, eleito em 1994 pelo PMDB por 46.205 brasilienses.

Pelas redes sociais, Félix comemorou o resultado. "O deputado distrital mais votado da história do DF é gay e orgulhoso. Eu só tenho a agradecer cada uma e cada um de vocês que confiaram e legitimaram todo o trabalho incansável que fizemos na CLDF, nos últimos quatro anos, a favor da população de todo o DF", escreveu, no Twitter.

Dos 24 distritais da nona Legislatura da CLDF (2023-2026), três se autodeclararam pretos — Fábio Felix, Chico Vigilante e Doutora Jane (Agir) — e oito se registraram como pardos: Max Maciel, Martins Machado (Republicanos), Jorge Vianna (PSD), Roosevelt Vilela (PL), Rogério Morro da Cruz (PMN), Pepa (PP), Wellington Luiz (MDB) e Ricardo Vale (PT). Jaqueline Silva (Agir) não completou a declaração racial, e o restante dos parlamentares é branco.

Suplentes

Entre os 12 deputados que não se reelegeram, cinco conquistaram suplência na Casa: Agaciel Maia (PL), Rodrigo Delmasso (Republicanos), Cláudio Abrantes (PSD), Reginaldo Sardinha (PL) e Valdelino Barcelos (PP). Delegado Fernando Fernandes (Pros) — o segundo mais votado em 2018, com 29,4 mil votos — obteve apoio de 12,3 mil eleitores desta vez e não conseguiu espaço na CLDF. Rafael Prudente (MDB), Reginaldo Veras (PV), Júlia Lucy (União Brasil) e José Gomes (PP) tentaram uma cadeira na Câmara dos Deputados. Prudente e Veras obtiveram sucesso.

A veterana Arlete Sampaio (PT), ex-vice-governadora, concluiu o terceiro mandato como distrital sem tentar reeleição. Ela lançou o chefe de gabinete Gabriel Magno (PT) à corrida, eleito com 18 mil votos. Se nas eleições passadas nenhum herdeiro político do ex-governador Joaquim Roriz conseguiu uma vaga na CLDF, o cenário foi diferente neste pleito. Joaquim Roriz Neto (PL), que havia tentado uma vaga em 2018, foi eleito, ontem, com 21 mil votos.

Jogo político

A presença de deputados de esquerda no top 3 da CLDF neste ano chamou a atenção por conta do resultado do DF para os demais cargos. Na capital do país, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 51,65% dos votos, o atual governador Ibaneis Rocha (MDB) foi reeleito em primeiro turno, com 50,3%, e Damares Alves (Republicanos), ex-ministra de Bolsonaro, conquistou a vaga para o Senado Federal, com 45% da preferência dos brasilienses. "Será uma legislatura que enfrentará diferentes posicionamentos. E isso, o conflito de interesses, faz parte da política", avalia o cientista político e consultor Jorge Mizael.

Para o cientista político, o cenário pode ser caracterizado como "normal", dado o sistema multipartidário da política brasileira. "As negociações terão de ser muito bem costuradas para a aprovação de matérias, com um amplo diálogo para se alcançar um consenso entre os diferentes espectros políticos", finaliza Mizael.

 

Fábio Félix (PSol)

Reeleito para o segundo mandato na CLDF com a maior votação da história, Fábio Félix (PSOL) é assistente social, servidor do sistema socioeducativo, ativista LGBTQIA e professor. Natural de Brasília, é o primeiro deputado distrital a declarar-se gay. Durante o mandato, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos, da Comissão da Vacina e relator da CPI do Feminicídio.

51.792 votos

 

Chico Vigilante (PT)

Maranhense, mudou-se para Brasília em 1977 e sua vida pública começou em 1979, com a criação da Associação dos Vigilantes do DF, que depois se tornou sindicato, entidade presidida por Chico Vigilante entre 1984 e 1990. Entre 1990 e 1994, foi eleito deputado federal pelo DF. Ocupa atualmente uma das cadeiras da Câmara Legislativa, cargo para o qual foi eleito pela quinta vez.

43.854 votos

 

Max Maciel (PSol)

O pedagogo e ativista Max Maciel chega à Câmara Legislativa em sua segunda campanha a deputado distrital. Com o lema A periferia é o centro, o ceilandense, que atua há mais de 20 anos na defesa dos direitos da juventude, apresentou propostas para passe livre estudantil, descentralização da cultura, fortalecimento do empreendedorismo e saúde pública.

35.758 votos

 

Daniel Donizet (PL)

Daniel Donizet é deputado distrital desde 2019. Entre os temas levantados por ele na atual legislatura, estão: defesa dos animais, educação, tecnologia, motoristas de aplicativo e melhorias do Gama, região administrativa onde nasceu.

33.573 votos

 

Martins Machado (Republicanos)

Natural de São Paulo, Martins Machado é pastor e radialista. Foi reeleito deputado distrital com o lema Fé, força e família. Em 2018, disputou pela primeira vez uma cadeira no Legislativo local e foi o mais votado. Esteve à frente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e chefiou a Secretaria Extraordinária da Família do GDF.

31.993 votos

 

Robério Negreiros (PSD)

Eleito para o quarto mandato, o deputado é autor de 78 leis e 419 projetos. Empresário, bacharel em direito com MBA em gestão pública, Robério Negreiros defende as bandeiras: jovens, geração de emprego e renda, mulheres e pessoas com deficiência.

31.341 votos

 

Jorge Vianna (PSD)

Reeleito deputado distrital, Jorge Vianna nasceu no Maranhão e chegou ao DF com dois anos de idade. É servidor da Secretaria de Saúde, onde ocupa o cargo de técnico de enfermagem. Esteve à frente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate-DF). No atual mandato na CLDF, tem integrado comissões permanentes, como a de Educação, Saúde e Cultura (CESC).

30.640 votos

 

Jaqueline Silva (Agir)

Jaqueline Silva volta à CLDF em seu segundo mandato consecutivo. Nascida no Gama e moradora de Santa Maria, trabalhou como comerciante. Durante o atual mandato como deputada distrital, preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Defende o setor produtivo, o empreendedorismo, direitos da mulher e a educação, com iniciativas como o cartão Material Escolar.

26.452 votos

 

Thiago Manzoni (PL)

Thiago Manzoni é advogado. Natural de Campo Grande (MS), chegou a Brasília em 1990, com 6 anos de idade. Declara-se cristão e conservador. Posiciona-se contrário ao aborto, além de ser a favor da liberdade e da propriedade privada. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Partido Novo e alcançou 11.610 votos.

25.554 votos

 

Eduardo Pedrosa (UB)

Natural de Brasília e formado em administração de empresas, Eduardo Pedrosa (União Brasil) vai para o segundo mandato na CLDF. O empresário trabalhou na Câmara Legislativa pelo setor produtivo, por políticas públicas de emprego, renda e de qualificação. Promoveu ações para ajudar várias instituições, desde o tratamento de câncer à violência contra a mulher.

22.489 votos

 

Joaquim Roriz Neto (PL)

Joaquim Roriz Neto é brasiliense, filho da ex-deputada distrital Jaqueline Roriz. Formado em ciências políticas, foi subsecretário de Parcerias Comunitárias e Voluntariado do governo Ibaneis Rocha. Nas eleições de 2014 e 2018, tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Afirma querer dar continuidade ao legado do avô, o ex-governador Joaquim Roriz.

21.057 votos

 

Iolando (MDB)

Graduado em teologia e filosofia, membro da Assembleia de Deus de Brasília, Iolando foi reeleito para o segundo mandato. Morador de Brazlândia, é militar reformado da Força Aérea Brasileira (FAB). Devido a um acidente, teve perda total dos movimentos do braço direito e defende, no legislativo local, a pessoa com deficiência. Exerce o cargo de primeiro-secretário da Mesa Diretora da CLDF.

20.757 votos

 

Pr Daniel de Castro (PP)

Natural de Itapipoca (CE), o distrital eleito é professor, cientista político, advogado e ex-administrador de Vicente Pires. Ficou como suplente em duas eleições para deputado distrital: 2014, pelo PMDB, e 2018, pelo PSC. Além de pautas de saúde, segurança e infraestrutura com foco em Vicente Pires, posiciona-se contra a legalização das drogas e do aborto, entre outros temas.

20.402 votos

 

Hermeto (MDB)

Cearense, Hermeto é subtenente da Polícia Militar do DF. Geógrafo, foi administrador regional da Candangolândia por oito anos e mantém o programa Pinga Fogo, na Rádio Atividade FM. Chega ao segundo mandato na Câmara Legislativa. Atualmente, ocupa a função de líder do governo Ibaneis Rocha e é titular da Corregedoria da CLDF.

20.332 votos

 

Roosevelt Vilela (PL)

Eleito suplente em 2010 e 2014, o deputado distrital assumirá o segundo mandato na CLDF. Formando em direito e mestre em administração pública, Roosevelt Vilela é subtenente veterano do Corpo de Bombeiros Militar do DF. Foi secretário adjunto das Cidades e administrador de três regiões. Atua pela melhoria da segurança, da educação, da saúde e pelo estímulo ao esporte.

20.223 votos

 

Doutora Jane (Agir)

Doutora Jane é natural de Brasília. Delegada da Polícia Civil, foi atleta de vôlei, enfermeira, professora de geografia na rede pública e diretora do Sindicato dos Professores. Exerceu diversos cargos, como secretária de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, administradora de Sobradinho e chefe da Controladoria Jurídica da Codeplan. Em 2018, ficou como suplente na CLDF.

19.006 votos

 

Rogério Morro da Cruz (PMN)

Bernardo Rogério Mata de Araújo Junior, eleito com o nome Rogério Morro da Cruz, nasceu em Porto (PI). É casado, tem seis filhos e trabalha na área de vendas. Entre as suas prioridades para o mandato de deputado distrital, na nona legislatura da Câmara Legislativa, ele destaca a regularização fundiária.

18.207 votos

 

Gabriel Magno (PT)

Gabriel Magno é professor do ensino médio da Secretaria de Educação do DF. Considerado sucessor da deputada distrital Arlete Sampaio (PT), de quem foi chefe de gabinete, chega à CLDF em sua primeira eleição com propostas para educação, saúde e direitos humanos, entre outras áreas. Além disso, afirma que vai lutar por "uma cidade para todos".

18.063 votos

 

João Cardoso (Avante)

Atualmente ocupando uma das cadeiras da Câmara Legislativa, João Cardoso foi reeleito para um novo mandato como deputado distrital. Servidor público do Distrito Federal, nas carreiras de professor e auditor, é morador de Sobradinho, e professa a fé católica. Concentra sua atuação em áreas como educação, servidores, condomínios, rodoviários e meio ambiente.

17.579 votos

 

Paula Belmonte (Cidadania)

Deputada federal eleita em 2018 pelo PPS, tem como principais bandeiras a defesa da infância, da educação e do incentivo ao empreendedorismo. Formada em administração, é empresária e defende a reforma tributária e o fim de privilégios aos políticos, como a prerrogativa de foro e as reeleições sem limites no legislativo.

17.208 votos

 

Ricardo Vale (PT)

Eleito deputado distrital em 2014 e suplente em 2018, Ricardo Vale é desenhista técnico, graduado em administração e marketing. Morador de Sobradinho, milita pelas causas sociais, com atuação nos movimentos estudantis, culturais, esportivos e em defesa dos direitos humanos.

17.077 votos

 

Wellington Luiz (MDB)

Policial civil, Wellington Luiz retorna à Câmara Legislativa para atuar na nona legislatura após ter ocupado uma das cadeiras da CLDF entre os anos de 2011 e 2018. Entre outras, é autor da Lei distrital nº 5.177/2013, que reserva vagas para gestantes nos estacionamentos do DF.

16.933 votos

 

Pepa (PP)

Natural de Várzea do Poço (BA), é morador de Planaltina, servidor público do DF, e tem como bandeiras principais o esporte, a cultura, a mobilidade e a assistência social. Foi candidato a deputado distrital em 2014, pelo PHS, e em 2018, pelo PSC.

15.393 votos

 

Dayse Amarilio (PSB)

A enfermeira obstetra Dayse Amarilio é brasiliense e foi eleita para seu primeiro mandato de deputada distrital. Para concorrer à eleição, licenciou-se do SindEnfermeiro DF, no qual ocupava o cargo de presidente. Na entidade, esteve à frente de lutas da categoria. Também é professora e apresenta-se como defensora do SUS.

11.012 votos