A corrida pelo governo do Distrito Federal colocou em disputa oito homens e duas mulheres, durante 47 dias. A campanha eleitoral deste ano chegou a ter 14 participantes, mas, em meio a reviravoltas e decisões judiciais, 10 políticos mantiveram o nome na busca pelo Palácio do Buriti, em um período que colocou aliados em posições opostas. O ex-governador José Roberto Arruda (PL), após retomar os direitos políticos, cogitou disputar o GDF, mas retirou a pré-candidatura no fim de julho, em acordo com o governador Ibaneis Rocha (MDB). Os dois são do mesmo grupo político e lideravam as pesquisas de intenção de voto, em meio à divisão de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL). O titular do Palácio do Planalto abençoou a união, que decidiu colocar Arruda na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, barrou a candidatura do ex-governador.
O senador José Antônio Reguffe (sem partido-DF) — eleito em 2014 com mais de 800 mil votos e no exercício do mandato até janeiro de 2023 — era um dos candidatos mais competitivos para o páreo, mas, de última hora, acabou ficando de fora. O parlamentar, que se filiou ao União Brasil na esperança de concorrer ao GDF, acusou a legenda de falta de apoio. Segundo Reguffe, o compromisso do presidente nacional do partido, Luciano Bivar, de que a candidatura ao Executivo local seria para valer, feito quando o senador se juntou à sigla, não foi honrado.
Rafael Parente (PSB), ex-secretário de Educação de Ibaneis e próximo de Leandro Grass (PV), chegou a registrar o nome para disputar o Buriti, mas desistiu, no fim de agosto, para apoiar Grass. Parente é do mesmo partido que Geraldo Alckmin, vice na chapa nacional do ex-presidente Lula (PT). O candidato oficial do petista no DF, porém, desde a pré-campanha, era Grass, por meio da federação PV-PT-PCdoB. Renan Arruda, candidato do PCO ao GDF, teve a inscrição negada pelo Tribunal Regional do DF (TRE-DF) em 9 de setembro, por falta de prestação de contas da campanha de 2018 — quando também não pôde participar da corrida, pela ausência das informações relativas ao pleito de 2014.
Coronel Moreno (PTB) — 14
Nascido em Brasília, o policial militar Elziovan Matias Moreno, 50 anos, concorre pela primeira vez ao GDF. É ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do DF e tem mais de 30 anos na PMDF. O advogado Luiz Gustavo Cunha é o vice da chapa. Moreno não declarou nenhum bem ao TSE.
Em 2016, foi condenado a dois anos e seis meses de prisão, pela Justiça Militar, por estelionato, por uso indevido de verba da PMDF, entre maio de 2006 e dezembro de 2007. A denúncia é de 2012. O Supremo Tribunal Federal (STF) extinguiu a pena de estelionato, mas Moreno responde, no Tribunal de Contas do DF (TCDF), por improbidade administrativa. No início de setembro de 2022, por unanimidade, o TRE-DF aprovou a candidatura ao Palácio do Buriti.
Participou apenas do último debate entre os candidatos, quando se colocou como o único de direita e conservador, evocando Deus, família, pátria e liberdade.
Ibaneis Rocha (MDB) — 15
Nascido no Hospital de Base, o atual governador tem 51 anos, é advogado e surgiu na política em 2018, quando se lançou ao Palácio do Buriti. Surpreendeu durante aquela campanha eleitoral ao sair das últimas posições para a primeira colocação no primeiro turno, com cerca de 42% dos votos.
Em 2022, tem como vice a deputada federal Celina Leão (PP-DF). Das últimas eleições para cá, mudou a autodeclaração racial de branco para pardo. Neste ano, registrou R$ 79,8 milhões em bens à Justiça Eleitoral. Quando se elegeu ao GDF, Ibaneis foi responsável por financiar, com recursos próprios, 60,7% da campanha, em um total de R$ 3,7 milhões.
Ibaneis Rocha garante que, em um próximo mandato, vai priorizar a saúde e manter o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges), alvo de duras críticas dos adversários, pelas denúncias de corrupção e superfaturamento. Ele promete, ainda, a construção de três novos hospitais.
Izalci Lucas (PSDB), da federação PSDB-Cidadania-PRTB — 45
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Eleito senador em 2018, tem como vice Beth Cupertino (PRTB). Ele declarou, em 2022, R$ 8,7 milhões em bens para a Justiça Eleitoral. Aos 66 anos, é natural de Araújos (MG) e formado em contabilidade. Foi bancário, professor e sindicalista. Deu início à vida política em 1998, quando se candidatou a distrital e assumiu a primeira suplência. Em 2002, foi eleito para a CLDF, mas deixou o cargo para ser secretário de Ciência e Tecnologia do então governador Joaquim Roriz.
Nas eleições seguintes, ficou na primeira suplência de deputado federal e, em 2007, voltou a assumir a pasta de Ciência e Tecnologia na gestão de Arruda. Elegeu-se deputado federal em 2010 e foi reeleito em 2014. Izalci defende a digitalização dos serviços públicos, como marcação de consultas e acompanhamento de exames. Critica a militarização das escolas públicas, implementada por Ibaneis, sem, contudo, cravar se vai extingui-las, caso seja eleito.
Keka Bagno (PSol), da federação PSol-Rede — 50
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Assistente social e conselheira tutelar, é nascida em Brasília e tem 34 anos. Mestre em políticas públicas pela UnB, é militante dos movimentos sociais, com trabalhos voltados para crianças e adolescentes em situação de rua e exploração sexual. Com o vice Toni de Castro (PSol), forma a única chapa 100% negra. Keka, que é a primeira candidata ao GDF abertamente gay, não declarou nenhum bem à Justiça Eleitoral.
Em 2016 e 2019, foi eleita para o Conselho Tutelar, sendo, em 2019, a mais votada. Em 2018, foi candidata a vice na chapa de Fátima de Sousa (PSol). É filiada ao PSol desde 2008, onde é dirigente nacional da tendência interna Insurgência. Keka Bagno destaca, no plano de governo, a assistência social e a agroecologia, com propostas como o programa de renda básica e o enfrentamento da violência contra crianças, adolescentes e mulheres. Ela defende a extinção do Iges e o fim das escolas públicas militarizadas.
Leandro Grass (PV), da federação PV-PT-PCdoB — 43
Brasiliense, o deputado distrital tem 37 anos e é o candidato oficial de Lula ao GDF. Tem como vice a professora Olgamir Amancia (PCdoB) e declarou à Justiça Eleitoral apenas um apartamento no Guará 2, no valor de R$ 285 mil. Grass elegeu-se para a Câmara Legislativa do DF (CLDF) em 2018, pela Rede Sustentabilidade, na primeira eleição que disputou. É professor universitário e do ensino básico público e particular há 15 anos. Na Secretaria de Educação do DF, passou também pela área administrativa.
É autor de mais de 30 leis e, durante a campanha, prometeu extinguir o Iges e realocar os profissionais na Secretaria de Saúde, além de zerar as filas por cirurgia na rede pública. Segundo colocado nas intenções de voto, Grass foi o postulante que mais cresceu durante o período eleitoral, saindo de 4%, nas pesquisas de agosto, para 16%, no último levantamento da Ipec (ex-Ibope), de terça-feira.
Leila do Vôlei (PDT) — 12
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A taguatinguense de 50 anos tem como vice o advogado Guilherme Campelo (PDT) e declarou R$ 551 mil ao TSE. Em 2018, foi a primeira senadora eleita pelo DF, com 18% dos votos, pelo PSB. Nas eleições anteriores, tinha se candidatado a uma vaga na CLDF e se elegeu suplente. Em 2015, foi convidada pelo então governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para assumir a Secretaria de Esporte e Lazer.
Jogou pela seleção brasileira de vôlei entre 1990 e 2000. Até 2003, atuou no vôlei de praia. Leila conquistou o ouro nos Jogos Pan Americanos de Winnipeg e três campeonatos Grand Prix. Após 18 anos dedicados ao esporte de quadra, Leila retornou a Brasília como medalhista olímpica em Atlanta (1996) e em Sidney (2000), encerrando a carreira como jogadora da modalidade. A candidata elencou as áreas da saúde, mobilidade urbana e assistência social como as mais carentes da cidade.
Lucas Salles (DC) — 27
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Aos 59 anos, é publicitário e professor universitário.
Nasceu em Campina Grande (PB) e mora no DF desde 2018,
quando foi marqueteiro da campanha de Jair Bolsonaro (PL).
Tem como vice a pastora Suelene Balduino (DC) e declarou
R$ 1,3 milhão à Justiça Eleitoral.
Estreante em eleições, é do mesmo partido que José Maria Eymael, que disputa o Palácio do Planalto pela sexta vez. Salles defende o fim do Iges e pretende construir o Hospital do Idoso, com ampliação do Hospital de Apoio. Afirma ser candidato por "chamado do Espírito Santo", mas garante que defenderá o Estado laico, caso eleito.
No plano de governo, propõe a criação de um aplicativo para o DF e elenca nove eixos de atuação: saúde; educação; segurança; desenvolvimento humano e cidadania; cultura, esporte e lazer; desenvolvimento urbano e meio ambiente; transporte e mobilidade urbana; emprego e renda; e gestão pública.
Paulo Octávio (PSD) — 55
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Empresário do ramo imobiliário, hoteleiro e da construção civil, tem 72 anos. O vice é o advogado Felipe Belmonte (PSC). Formado em direito, PO é de Lavras (MG) e foi deputado federal e senador. Em 2006, elegeu-se vice-governador de Arruda e chegou a ser governador em 2010, após a prisão do cabeça de chapa, mas renunciou dias depois. Ao TSE, declarou R$ 618,8 milhões.
Estava com a candidatura por um fio até a semana passada. Contra ele, havia um pedido de impugnação, feito por Ibaneis, sob alegação de que PO não havia deixado, no prazo devido, a administração das suas empresas que têm contratos com o GDF. Ele também tinha sido condenado, em primeira instância, por improbidade administrativa, com suspensão dos direitos políticos por 10 anos.
A candidatura foi confirmada pelo TSE na última quinta-feira. Pretende criar 100 mil empregos e revitalizar o Parque da Cidade e o Taguaparque por meio de concessões ao setor privado.
Robson (PSTU) — 16
Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Carioca, tem 52 anos e é professor de história da rede pública do DF. Educador há 22 anos, iniciou a militância política no movimento estudantil, tornou-se ativista do movimento negro e fez parte da fundação do PSTU. Sempre pelo partido, foi candidato a deputado federal em 2006 e ao Senado em 2010, 2014 e 2018. O vice é Zanata (PSTU), 36. Não declarou bens à Justiça Eleitoral.
Defende que todas as riquezas estejam a serviço dos
trabalhadores, não sob controle da acumulação capitalista.
Coloca-se contra a fome, a miséria, o lucro e a propriedade dos ricos. Propõe a construção de uma sociedade socialista por meio da mobilização da classe trabalhadora. Se eleito, pretende dobrar o salário dos servidores públicos, estatizar as empresas de ônibus, acabar com o Iges, promover ensino integral nas escolas, expandir a bolsa-atleta para as modalidades não olímpicas e zerar, até 2024,
as tarifas do transporte público.
Teodoro da Cruz (PCB) — 21
Baiano de Barreiras, mora no Distrito Federal desde 1975,
tem 63 anos, é advogado, pedagogo e servidor público aposentado
da Secretaria de Educação. Tem como candidato a vice o professor Jamil Magari (PCB) e declarou ao TSE apenas um carro, com valor
de R$ 25 mil. Teodoro foi candidato a deputado distrital em 2006 e 2010, sempre pelo PCB.
Militante dos movimentos sindical e popular, ele defende a extinção das escolas militarizadas e o fim do Iges, projetos implementados por Ibaneis Rocha. No plano de governo, Teodoro propõe a estatização da Companhia Energética de Brasília (CEB) e do sistema de transporte público coletivo, com tarifa zero; o funcionamento 24 horas da rede de saúde pública do DF; jornada de trabalho de 30 horas semanais, sem redução de salário; construção de bibliotecas públicas em todas as cidades do DF; e ampliação da malha de transportes sobre trilhos,
com integração e funcionamento 24 horas.