Os candidatos ao Palácio do Buriti se mobilizam para ganhar espaço entre o eleitorado a poucas horas do primeiro turno das eleições de 2022. Paulo Octávio (PSD), Leila do Vôlei (PDT), Leandro Grass (PV) e Izalci Lucas (PSDB) buscam vaga no segundo turno das eleições, enquanto Ibaneis Rocha (MDB), que concorre à reeleição, trabalha para obter a vitória neste domingo (2/10), sem estender a disputa até 30 de outubro. Na véspera do primeiro turno, os cinco postulantes à frente nas pesquisas divulgadas pelo Correio/Opinião investem no corpo a corpo.
Na avaliação do pesquisador do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Jeferson Ramos dos Santos a última semana tende a ter movimentos decisivos. "Os indecisos vão votar em quem tem mais chances de ir ao segundo turno. O DF tem uma renda alta, mas é muito desigual. Por isso, é difícil traçar um perfil do eleitor", explica. Jeferson também comenta os métodos utilizados pelos postulantes para alcançar os eleitores. "As redes sociais, em regiões mais ricas, surtem mais efeito. Enquanto nas mais pobres, as campanhas tradicionais são melhores. Por isso, Brasília tem que ter o equilíbrio entre os dois meios de campanha: digital e tradicional", aponta.
O pesquisador ressalta que as eleições no DF sofrem influência da corrida presidencial. "Na reta final das campanhas existe um apelo maior para o emocional, o que favorece os candidatos com um padrinho forte, como os casos de Ibaneis Rocha (apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro) e Leandro Grass (apoiado por Lula)", destaca.
Disputa acirrada
Candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB) apresenta nas campanhas as obras que realizou e as ações de incentivo ao emprego e profissionalização. "Tenho os melhores projetos. A pandemia atrapalhou bastante, mas tenho certeza que vou concluir todos." O candidato adianta, também, que o trabalho de convencimento já foi feito, mas que não se pode dar como garantido o pleito no primeiro turno. "O trabalho continua dentro da nossa programação, visitando as comunidades e se reunindo com as pessoas, levando meu abraço", pontua.
Paulo Octávio (PSD) diz que com o fim da propaganda eleitoral, o foco está no contato direto com os eleitores. "Nós estaremos no segundo turno, mas é preciso conquistar mais votos, então o corpo a corpo vem sendo diário, e em várias cidades. Não há tempo para descanso. Agora nosso alvo é conversar com todos, especialmente com os indecisos, e mostrar que temos as melhores propostas desta campanha", destaca. O empresário afirma que vai seguir apresentando as propostas com ética e sem ataques pessoais.
Candidato pelo PV, Leandro Grass afirma que, até este sábado, não vai alterar o tom da campanha. "A gente vai permanecer nas ruas, ouvir a população, aumentar o contato direto com os eleitores. Não vamos mudar o que já estamos fazendo, que é ter esse contato com o povo. Tivemos um mandato na Câmara (Legislativa do DF, como deputado Distrital), em que trabalhamos nisso, falando a verdade e pautando as propostas", garante.
Leila do Vôlei (PDT) conta que visita todas as regiões administrativas para ouvir as demandas da população. Confiante em chegar ao segundo turno, avalia que será um novo momento. "Os eleitores terão mais tempo para comparar as propostas dos dois candidatos e ver que temos um programa de governo melhor para o Distrito Federal, um programa de governo que coloca as pessoas, sobretudo as mais carentes, em primeiro lugar", assegura.
Na corrida pela vaga, Izalci Lucas aposta em uma virada. Atualmente, o candidato ocupa o quinto lugar nas pesquisas, mas lembra que isso já aconteceu quando concorreu ao Senado, e ainda assim, foi eleito, subindo nas intenções de voto nos últimos dias. "A estratégia será a de intensificar a campanha na rua, no corpo a corpo, no comércio, nas avenidas, nas calçadas, falando diretamente com a população. É a política do "olho no olho" perguntar, conversar, convencer, e apresentar nossas propostas. Aprendi há muito tempo que governar é ouvir o povo e fazer o que ele quer", define.
Corrida pelos indecisos
Na análise do professor de comunicação da UnB Paulo José Araújo da Cunha, os eleitores já tem sua preferência. "O momento para capturar votos indecisos é no início da campanha. A essa altura o eleitor pode não revelar em quem votará, mas a decisão já está tomada", avalia. Em relação aos votos nulos e brancos, as abordagens podem ser decisivas. "Uma das estratégias é incentivar o voto útil, por exemplo. O professor cita outra estratégia que pode ser usada pelos candidatos, como "incentivar o eleitor que está sendo conduzido por um grupo familiar, de amigos, do trabalho ou religioso, a usar o seu direito de trair essa comunidade e votar no candidato de preferência, sem revelar o que fez".
Os cabos eleitorais também se engajam cada vez mais na disputa. Para a coordenadora de mobilização de Ibaneis Rocha, Bete Guilherme, a expectativa da vitória do governador é alta. "Essa é uma campanha diferente da vivida em outros anos, é mais curta, tem regras de bandeiras, do uso das redes sociais, que antes era um veículo sem normas", salienta.
Mobilizador da campanha de Paulo Octávio, Hugo Leonardo Conceição tem confiança na vaga do empresário para 30 de outubro. "Ele (Paulo Octávio) vem subindo nas pesquisas, a cada dia. E isso é resultado do trabalho feito nas ruas por toda a equipe. A nossa abordagem agora é principalmente nos indecisos, que ainda não sabem em quem votar", relata.
Ester Rodrigues de Oliveira, mobilizadora da campanha de Leila do Vôlei, informa que estão sendo revisitados alguns pontos que a senadora percorreu. "Para fixar as propostas da candidata, usando mais a internet, alcançando mais lugares e se comunicando também com os jovens. Estamos com uma avaliação muito positiva, bem confiante, de que a atual senadora será a primeira governadora de Brasília."
Na campanha de Leandro Grass, Denise Rocha Caldas confia na vitória. "Já marquei até mesmo visita para o segundo turno aqui em Santa Maria." O trabalho realizado pela equipe, segundo Denise, vem garantindo mudanças de votos na população. "O desempenho dele (Leandro) nos debates, no contato direto com o público, vem fazendo muita gente perceber o candidato e mudar seu voto. Temos percebido muito isso na rua", diz.
Apoiadora de Izalci Lucas, Nyedja Gennari revela que vota no senador desde que se candidatou a deputado distrital. "Acho que o eleitor deve se envolver com a política e analisar as propostas de cada um. E o senador não está na rua somente em tempo de campanha, ele acompanha o povo de perto, cuidando da população. Eu sou uma eleitora dele por isso. Ele sabe que cada cidade tem uma carência diferente", finaliza.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso
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*Estagiária supervisionada por Malcia Afonso