O clima da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) impulsionou a alegria de parte do eleitorado do Distrito Federal. Numa passada por bares e restaurantes, para além de uma massa de votantes aglomerados em festejos pela Torre de TV, foi possível detectar uma onda de alívio e esperança.
Psicanalista, Lucélia Sômego, 42 anos, numa distribuidora de bebidas, celebrava com amigos a vitória: "Ficou para trás o fascismo, e a solidão — algo muito intenso. Espero que o laço social, agora, volte, fortalecido. O novo governo vai devolver a nossa esperança: o verde, aliás, é a nossa esperança".
Trabalhadora de um estúdio focado em piercing, a comerciante Rafaela Soares, 35 anos, sentiu na pele o acentuar da cisão em família, diante de desavenças política. "Espero o retorno da dignidade de um Brasil que se renda a sentimentos do coração e da alma. A eleição mudou o caráter das pessoas. A maldade, tenho certeza, não será extinta — segue impregnada na sociedade, e não é de hoje. O mundo não é antirracista, mas as coisas podem vir a melhorar", comentou Rafaela, que, pela primeira vez, encarou a comemoração coletiva do resultado de uma eleição , nas ruas. "Dá mais emoção, e, ao mesmo tempo, medo", disse.
"Acho que a localizada vitória de Bolsonaro, no Distrito Federal, representa a desinformação nas periferias e, ao mesmo tempo, retrata esforços da classe economicamente dominante no centro", comentou a produtora cultural e fotógrafa Carolina Dantas, 35 anos. Mas, de olho mesmo, ela estava na festança da vitória de Lula — numa concentração perto do Pardim (404/405 Norte), novo norte para a formação das filhas pequenas Melissa, 13 anos, e Clara, 10.
"Vai ficar muita dor para trás, muito ódio — do governo antigo. Acertar isso será complicado", disse a professora e pedagoga Dulce Carvalho, 37 anos, que, na festa da Torre de TV, trazia um balanço de futuras alegrias: "Veremos a comunidade sorrindo, a periferia sorrindo, de novo". Com perdas de familiares e amigos, durante a pandemia, um fator que, largamente, influenciou na derrota de Bolsonaro, a aposentada Maria Augusta Ferreira, 72 anos, comemorou no Beirute (107 Norte), a nova vitória de Lula. Tudo celebrado, contando voto a voto, parciais informadas na televisão. Com as filhas Anne Carolina e Marcela, Maria Augusta sintetizou: "Foi a vitória da ciência e do amor".
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