Justiça

STJ nega liberdade a um dos chefões da quadrilha do pó no Distrito Federal

Segundo as investigações, a quadrilha financiava, transportava, armazenava e distribuía cocaína para o Centro-Oeste. Estima-se que a organização criminosa tenha lucrado, ao menos, R$ 10,4 milhões em três anos

Pablo Giovanni*
postado em 28/10/2022 17:03 / atualizado em 28/10/2022 17:39
 (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Saldanha Palheiro, negou um pedido de liberdade para Gilmar Ribeiro Lopes, conhecido por chefiar, ao lado do irmão, Gilberto Cardoso, o planejamento de transporte de cocaína, armazenamento e distribuição de drogas no Distrito Federal. Eles são conhecidos como “Irmãos do Pó”.

Gilmar e outras 19 pessoas foram presas no âmbito da operação Sistema, deflagrada pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord). A defesa, então, entrou com habeas corpus no STJ argumentando que o paciente está preso a mais de 150 dias sem que houvesse a “devida revisão do cabimento da pena”.

Os advogados de Gilmar ainda argumentam que o inquérito foi instaurado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) em dezembro passado, e que não há fatos novos para a manutenção da prisão. Nesse processo, Gilmar e outros envolvidos ainda são investigados. A defesa pediu a expedição do alvará de soltura e o trancamento da ação penal.

Gilmar e Gilberto são conhecidos na região que comandam, em Samambaia, como “Irmãos do Pó”. Além deles, Stefânio do Vale, o “Rei da Telebrasília”, foi preso no âmbito da operação, que também contou com a parceria do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo as investigações, a quadrilha era responsável por abastecer grandes traficantes do Centro-Oeste.

Decisão

Na decisão, Saldanha negou a liminar e escreveu que “em juízo de cognição sumária, não visualizo manifesta ilegalidade no ato ora impugnado a justificar o deferimento da medida de urgência”.

O ministro entendeu que, por Gilmar ainda ser investigado, o caso pode ser analisado quando houver mais elementos no processo, o que ocorrerá por ocasião de julgamento definitivo. Saldanha pediu que o TJDFT encaminhe o envio de cópia de eventuais decisões sobre pedidos de revogação/relaxamento da prisão, além de uma comunicação entre os dois tribunais sobre os próximos passos do processo.

O caso

Os “irmãos do pó”, segundo as investigações, aliados a Stefânio do Vale financiavam, transportavam em caminhões, armazenavam e distribuíam quilos de cocaína para o Centro-Oeste. Estima-se que a organização criminosa tenha lucrado, ao menos, R$ 10,4 milhões em três anos.

Durante a operação Sistema, foram cumpridos 60 mandados de busca e apreensão nas casas dos investigados. Nos endereços, os policiais apreenderam armas, carros luxuosos, incluindo dois Porches, cinco Jet Skis, motocicletas e R$ 10 mil. Gilberto e Gilmar integravam a organização criminosa e mantinham cargo importante na quadrilha.

A reportagem apurou que os irmãos lideram um núcleo criminoso de um cartel, com o objetivo de adquirir drogas no estado do Mato Grosso, em região de fronteira com a Bolívia e distribuí-las no Distrito Federal, sendo responsável pelo financiamento, logística e distribuição de drogas na região de Samambaia.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

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