Amanhã é o último capítulo da festa da democracia em 2022 e, no Distrito Federal, mais de 2 milhões de pessoas devem comparecer às urnas para votar para o cargo de presidente da República. No primeiro turno, o atual chefe do Executivo e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), conquistou mais da metade dos votos válidos na capital do país: 51,65%. Enquanto isso, seu adversário na disputa pelo comando do Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ficou com 36,85% da preferência dos brasilienses.
O Correio foi às ruas para ouvir dos moradores do DF o motivo pelo qual eles votam nos candidatos que estão na corrida neste segundo turno. Entre as justificativas dos eleitores bolsonaristas, temas como a tradição familiar, a corrupção e questões econômicas aparecem como razão para votar no atual presidente. Já no caso dos que estão ao lado do petista, a fome, a pobreza e o aumento dos preços em mercados e postos de combustíveis são os motivos pelo voto em Lula.
Por que meu voto é do Bolsonaro?
Em um fusca azul claro com adesivos em apoio a Bolsonaro, Antônio Almir Teixeira, 78 anos, faz questão de declarar para quem vai seu voto amanhã. Trabalhando com mudas de plantas, o idoso avalia com bons olhos as ações propostas pelo atual governante. "Vejo a boa situação como está o Brasil atualmente. O Bolsonaro pegou o país afundado pelo governo anterior, normalizou e está ajeitando as coisas. Temos que olhar para ele como o futuro do país", destaca.
Outro ponto que faz com que Antônio opte pelo candidato de direita é o medo de que presos sejam colocados novamente nas ruas. "Os presidiários votam achando que serão soltos, caso o Lula vença. É um absurdo! Por isso que eu voto no Bolsonaro", comenta. Uma terceira justificativa para a escolha é um pedido antigo, feito pelo próprio pai de Antônio. "Quando eu me entendi como pessoa, meu pai falou o seguinte: 'Meu filho, você vai crescer e vai viver muito, mas vou lhe fazer um pedido para nunca votar na esquerda. Tem muita gente boa no meio, mas é uma ideologia que só sabe invadir terras dos outros e não quer trabalhar'", conta Antônio.
Caminhoneiro há 20 anos, Manoel Messias, 50, conta que ele e a família votarão em Bolsonaro. Com adesivos no carro, assim como Antônio Almir, faz questão de expor o apoio ao atual presidente. Para ele, o principal ponto que justifica o voto no candidato do PL e atual presidente é o combate à corrupção no país. "Esse governo trouxe melhorias e diminuiu a 'roubalheira' que tinha em governos anteriores", comenta. No entanto, segundo o caminhoneiro, a corrupção no Brasil não acabou. "Antigamente, roubavam um caminhão cheio. Agora, se rouba uma sacola de mercado. Isso faz a diferença. Não tem como somente o Bolsonaro combater o roubo", afirma Manoel.
Além da luta contra a corrupção, Manoel também aponta o conservadorismo como razão para votar em Bolsonaro. "Eu acho que o país melhora se o Bolsonaro ficar mais quatro anos, tanto no aspecto de família quanto no aspecto moral", afirma o eleitor. Na parte econômica, o morador de São Sebastião espera um crescimento, mas comenta que, para o ramo de trabalho em que atua, a situação não mudou em relação a governos anteriores.
Por que meu voto é do Lula?
A vendedora ambulante de produtos de beleza e roupas íntimas, Joana Soares, 70 anos, espera por dias melhores com o resultado das eleições de 2022. Ela acredita que para isso ocorrer, a solução é a vitória de Lula no domingo. "Ele gosta muito de lutar pelos pobres, não enxerga só os ricos. Ele vê os dois lados e, por isso, peço para mais gente que vote nele. Esse presidente de agora deixou muita gente sofrer, principalmente os pobres", justifica a ambulante. "Temos que esperar pelo melhor desse país. Mesmo não sendo obrigatório, devido à minha idade, vou votar domingo, com certeza", adianta.
Para ela, um fator crucial que a fez escolher pelo ex-presidente foi o aumento da fome e a redução do poder de compra. "Tem muita gente passando fome no país. O pobre não compra mais carne ou frango, é sempre uma dúzia de ovos, porque está tudo caro demais. O rico come filé, mas o pobre não tem essa condição", ressalta Joana. A vendedora avalia que o auxílio dado pelo governo federal não é o suficiente para a população mais carente, pois os produtos no mercado estão mais caros. "Claro que o Lula não vai dar um salário para cada um, mas acredito que ele vai dar oportunidade para o povo, o que vai ajudar os pobres", espera.
Saindo do mercado com poucas sacolas e um adesivo do Lula no peito, o aposentado Antônio Pereira da Silva, 65, não esconde a opção de voto de ninguém e faz questão de declarar apoio ao candidato do PT. "Bolsonaro é mal educado e agressivo, não tem como votar em um candidato desse", exclama o morador de São Sebastião. "Se o Lula ganhar, vai melhorar, com certeza! Ele é nordestino igual a mim", conta o aposentado nascido no Piauí. Antônio trabalhou como balconista e ajudante de padeiro antes de se tornar padeiro. Profissão que o levou à aposentadoria.
No domingo, Antônio disse que vai acordar cedo para votar e faz questão de ir enfeitado com as cores do candidato, além de adereços. Na avaliação dele, o governo atual prejudicou o país e os brasileiros, trazendo piora para a economia. "Com o governo do Bolsonaro, as coisas pioraram muito. Tudo triplicou de preço. A gasolina estava nas alturas e deu uma baixa para disfarçar, mas é só fachada para ganhar voto. Já a carne só come quem tem boi", comenta o eleitor indignado com a situação do Brasil.
Urnas estão nos locais de votação
Com as baterias carregadas, programas instalados e lacres colocados, as 6.748 urnas eletrônicas que serão usadas no segundo turno das eleições foram transportadas para os 610 locais de votação ontem. O pleito ocorre amanhã, 30 de outubro, das 8h às 17h, seguindo o horário de Brasília. Hoje, as seções eleitorais serão preparadas pelos 34 mil mesários que trabalharão para atender os eleitores aptos a votar na capital. Além das urnas distribuídas nas seções, outras 700 foram separadas para reserva — caso haja a necessidade de troca.
Os equipamentos saíram de três garagens do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), localizadas em Taguatinga, Gama e Asa Norte. Para o transporte dos equipamentos rumo às seções eleitorais, o órgão eleitoral contratou 41 caminhões. O desembargador e presidente do TRE-DF, Roberval Belinati, destacou que o eleitor que não votou em 2 de outubro, pode votar no 2º turno. No entanto, ele fez um alerta. "A Justiça Eleitoral não vai autorizar nenhum voto de pessoas embriagadas ou sob efeito de drogas", acrescenta.
Amanhã, a capital do país contará com o mesmo esquema de segurança visto no primeiro turno das eleições, segundo o presidente do TRE-DF. "Nós teremos o apoio de quase 12 mil policiais e esperamos eleições pacíficas", avalia o desembargador. Para evitar filas e demora na hora de votar, Roberval orienta que os eleitores se preparem para o momento. "Separem o título para dar agilidade aos mesários", conclui, acrescentando que é importante levar uma "colinha" com o número do candidato. Além disso, a Justiça Eleitoral recomenda que os eleitores, que puderem flexibilizar o horário de ida às urnas, evitem os horários de pico, que são entre 10h e 11h e entre 16h e 17h.
Neste segundo turno, a população do DF vai escolher entre dois candidatos à Presidência da República. Em outros 12 estados, os cidadãos votarão também para o cargo de governador. A previsão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é de que o resultado da eleição para presidente seja concluído até às 21h30 do dia do pleito.
Cobertura do Correio Braziliense
Para o segundo turno, o Especial de Eleições continua no ar, destacando toda a cobertura da disputa presidencial e governos estaduais. Siga o Correio no Twitter (@correio), Facebook, Instagram (correio.braziliense) e YouTube para se manter atualizado sobre tudo o que acontece nas eleições 2022.
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