Respeito ao resultado das urnas

Correio Braziliense
postado em 28/10/2022 05:44 / atualizado em 28/10/2022 06:00

Temos apenas 33 anos de um mesmo sistema político em funcionamento. Ainda que as leis eleitorais tenham sofrido ajustes de 1988 para cá, de maneira geral, podemos dizer que existe uma estabilidade mínima vigente no país. Nossa democracia ainda é extremamente jovem. Precisamos respeitar o resultado que vier nas urnas neste domingo, porque a estabilidade institucional é fundamental para o bom funcionamento e desenvolvimento de qualquer país.

Ainda não temos memória eleitoral suficiente e estamos aprendendo a lidar com as regras e com o nosso sistema político. Muitos daqueles que nasceram no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 têm avós que não votaram durante uma parte da vida e pais que começaram a votar já na vida adulta. Ou seja, nos faltam memórias e histórias antigas sobre eleições democráticas, alternâncias de poder, de partidos, de lideranças. Uma estabilidade mínima que consigamos observar a partir de um mesmo sistema político, em funcionamento, por pelo menos meio século.

Em outras palavras: os nascidos no período pós-constituinte são a primeira geração de brasileiros que terão a oportunidade de passar o conhecimento sobre o funcionamento do sistema político para seus descendentes. Isso só será possível se as instituições democráticas perdurarem até lá e, para isso, é necessário que todos os brasileiros estejam comprometidos com a defesa das principais regras do jogo.

O sistema eleitoral brasileiro é referência mundial, podemos questionar e debater as regras definidas, mas não podemos desconfiar da eficácia das urnas simplesmente com o intuito de gerar instabilidade e desconfiança. Isso não traz mudanças efetivas para o país, apenas desordem. Desordem impacta na previsibilidade das coisas. Quem vai querer investir em um país que não tem previsibilidade? A instabilidade política não traz consequências apenas para o sistema político, traz consequências para todo o país, especialmente para a economia que o rege.

Tudo que foi construído e toda a tecnologia de ponta que desenvolvemos nas eleições do Brasil são um legado. Vamos celebrar a democracia, nosso direito de escolha e, principalmente, a escolha da população brasileira no dia 30. Que o próximo governo possa contar com um povo que está pronto para cobrar um bom trabalho, mas também consciente da responsabilidade coletiva que temos com a estabilidade das nossas instituições.

 

Letícia Medeiros,
cientista política pela Universidade de Brasília (UnB)

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