Eleições 2022

Disputa ao Planalto atrai ex-candidatos na corrida pelo Buriti

Políticos que concorreram ao governo do DF continuam com agenda cheia, muitos engajados em eleger Bolsonaro ou Lula no domingo (30/10). Ao Correio, detalharam as expectativas para a esta eleição

Edis Henrique Peres
Pedro Marra
Arthur de Souza
postado em 25/10/2022 06:00 / atualizado em 25/10/2022 06:10
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Após a reeleição do governador Ibaneis Rocha (MDB) ao Governo do Distrito Federal (GDF), os candidatos que não conseguiram o comando do Palácio do Buriti seguem com agendas ativas, engajados nas campanhas à Presidência da República, além de retomarem as atividades pessoais. Dos nove candidatos que disputaram o Palácio do Buriti, quatro declararam apoio ao ex-presidente Lula (PT), três ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e dois preferem não declarar abertamente seus votos.

Em segundo lugar na corrida pelo governo do DF, com 434,5 mil votos, Leandro Grass (PV) se dedica à coordenação da campanha de Lula no DF. "Estou fazendo parte da coordenação ampliada da campanha do presidente em Brasília e minha função essencial é na articulação política, trabalhando essas bases e ampliando o diálogo com outros segmentos que não estavam alinhados antes, como o de evangélicos, alguns empresários e lideranças da sociedade civil", explica.

Grass segue com mandato na Câmara Legislativa do DF (CLDF). "Só neste mês, enviei cinco ofícios ao Ministério Público de Contas do DF (MPC) e três ao MPDFT (Ministério Público do DF e Territórios) pedindo apuração no descarte de vacinas (contra covid-19), a falta de material para atendimento em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de São Sebastião e a falta de transparência na ocupação de faixas de domínio do DER (Departamento de Estradas de Rodagem do DF)", detalha.

Aparecendo na terceira colocação no primeiro turno, com 123,7 mil votos, Paulo Octávio (PSD) conta que tem equilibrado as agendas pessoal, empresarial e política após concorrer ao Buriti. Depois de um breve período com familiares, ele retomou as atividades corporativas nas empresas das Organizações PaulOOctavio. "Sempre que foi possível, encontrei-me com os candidatos do meu partido, apoiando-os após o resultado das urnas, pois acredito em uma política construtiva", ressalta.

O empresário explica que não vai apoiar nenhum dos dois candidatos ao Palácio do Planalto, porque a presidência nacional do PSD decidiu manter a posição de neutralidade no segundo turno. "Como presido a sigla aqui no DF, e os filiados estão liberados para fazerem sua escolha, achei por bem me afastar do processo eleitoral e retomar minhas atividades empresariais ao fim da minha campanha", argumenta o ex-vice-governador.

De olho em 2026

Um dos concorrentes que surpreendeu no resultado das eleições, Coronel Moreno (PTB) saiu do sexto lugar nas pesquisas de intenção de votos realizadas na última semana antes da decisão nas urnas, e ocupou o quarto lugar na contagem das urnas, com 94,1 mil votos. Ao Correio, ele avaliou de forma positiva a participação na disputa. "Mesmo sem uma boa estrutura e com praticamente 30 dias de campanha, saindo do zero, conquistar o 4º lugar demonstrou a confiança e a esperança que a população depositou em mim", aponta.

O integrante do PTB garante que vai concorrer ao cargo de governador em 2026. Até lá, nos próximos quatro anos, o coronel pretende atuar ativamente na política. "(Terei) mais tempo e estrutura para ser o candidato conservador para a população (na próxima eleição)", destaca. Sobre a possibilidade de trabalhar para o governo federal ou local, Coronel Moreno disse que está à disposição. "Afinal, nosso objetivo como (representante do) Estado é trabalhar e fazer o melhor para a sociedade, levando prosperidade, trabalho e riqueza", garante.

A opinião é parecida com a da senadora Leila do Vôlei (PDT), que alcançou 79,5 mil votos e avaliou a disputa como uma oportunidade para a população do DF conhecer as propostas que ela tem para a capital do país. "A possibilidade de ouvir diariamente os brasilienses e suas demandas, apresentar soluções e debater as ideias, nos ensina muito", ressalta. Sobre o apoio ao candidato a Lula, ela afirmou que participa de atividades (de apoio ao petista) no DF, mas garantiu que, caso Jair Bolsonaro seja reeleito, continuará "mantendo um bom diálogo" com o Executivo e com a base governista no Congresso Nacional. "Sempre tive um perfil conciliador, abrindo mão de divergências ideológicas, em nome do melhor para a população do DF", frisa.

Em relação às expectativas para o próximo pleito, Leila avalia as possibilidades. "A minha gestão como secretária de Esportes, a primeira metade do meu mandato como senadora e essa eleição mostram que ainda tenho muito a contribuir com a nossa população", considera. A senadora afirma que pretende retribuir as oportunidades que o DF proporcionou. "Acredito que, um dia, poderemos voltar a pensar o Distrito Federal como uma terra de oportunidades, de esperança de uma vida melhor para todos", observa.

Já o senador Izalci Lucas (PSDB), que recebeu 70,5 mil votos, procurado pela reportagem, não quis dar declarações sobre os próximos quatro anos de mandato no Senado e o trabalho que desempenha na disputa pelo segundo turno dos presidenciáveis. No entanto, em declaração anterior, Izalci afirmou seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro. "O considero a melhor opção para o Brasil. Participei de todas as CPIs que investigaram as denúncias contra a gestão do PT. Não esqueço o que vi e ouvi. Estarei sempre defendendo o que é melhor para o Brasil e para os brasileiros", comentou, logo após o resultado do primeiro turno das eleições.

Sem ilusões

Com 13,6 mil votos, a candidata pelo PSol, Keka Bagno, continua ativa no trabalho de virar votos na capital para o ex-presidente Lula. "Mantemos a agenda política, porque ainda estamos nas eleições mais difíceis da nossa geração. Com certeza, desde que ocorreu a democratização, esse é o momento que precisamos decidir entre o Estado da política pública ou o estado da barbárie e eu estou do lado da política pública", pontua. A assistente social detalha que montou grupos com diversas mulheres militantes do DF para obter um resultado positivo na capital.

Keka também apontou que a disputa dela ao Buriti teve resultados positivos. "Foi uma campanha histórica, com uma nova dinâmica no modo de fazer política, uma nova narrativa, enquanto mulher, jovem, negra, assistente social e uma trabalhadora da ponta das políticas públicas e hoje tenho recebido muito apoio da população", declara. Ao Correio, ela também informou que pediu, nessa segunda-feira (24/10), exoneração do cargo de Conselheira Tutelar após sofrer ameaças de um pai investigado pelo Conselho.

Candidato pela primeira vez ao governo do DF, Lucas Salles (DC) angariou 4,2 mil votos e analisa o resultado da corrida eleitoral como positivo. Lucas afirmou que, até o momento, não foi contatado para participar das campanhas dos candidatos ao Palácio do Planalto. "Eu me reservo apenas à condição de eleitor", diz. "Apesar de ter construído um projeto fruto de dois anos de levantamento de problemas e soluções, pelas distorções que limitam a participação democrática de novos candidatos, não pude mostrar com maior amplitude as nossas novas ideais, algumas, inclusive, copiadas por outros candidatos", acrescenta.

Lucas garante que a corrida eleitoral o deu experiência e, em 2026, estará de novo na corrida pelo Palácio do Buriti. "Mas é claro que não sou intransigente. E estou pronto para aceitar apoios ao nosso projeto DF Melhor Para Todos e compor (uma equipe) com os políticos que tenham compromisso verdadeiro", diz.

Com 1,1 mil votos, Teodoro da Cruz (PCB) observou que foi uma eleição difícil. "Muito polarizada, com muitos candidatos poderosos, concorrendo no pleito ao governo do Distrito Federal. No entanto, mesmo assim, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), lançou a minha candidatura e aceitei participar desse desafio, e avalio que cumprimos muito bem a tarefa de apresentar uma alternativa de governo socialista, com propostas claras para um novo rumo ao governo do DF, que realmente atendesse os anseios dos trabalhadores e trabalhadoras, pequenos empreendedores e empreendedoras, da população do DF em geral", apontou.

Após disputar a 5ª eleição no DF, Robson (PSTU) garante que a participação no pleito garantiu levar ao maior número de pessoas, "um programa político ao proletariado, necessário para mostrar que há uma alternativa de poder para a classe trabalhadora, fiel ao histórico de lutas da nossa classe". O candidato conseguiu 845 votos e disse que o apoio do PSTU à campanha do Lula é "sem ilusões". "Ele manterá um ambiente onde os trabalhadores poderão desenvolver suas lutas em condições melhores do que um novo governo Bolsonaro permitiria", acredita.

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>> Pró-Lula
Keka Bagno (Psol)
Leandro Grass (PV)
Teodoro da Cruz (PCB)
Robson (PSTU)
Leila Barros (PDT)

>> Pró-Bolsonaro
Izalci Lucas (PSDB)
Coronel Moreno (PTB)
Ibaneis Rocha (MDB)

Neutros:
Paulo Octávio (PSD)
Lucas Salles (DC)

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