Território

20 famílias de agricultores rurais retiradas de ocupação em Santa Maria

Terracap negociou com grupo de produtores rurais que estava instalado há seis dias nas proximidades do condomínio Total Ville, em Santa Maria. Foram derrubadas 20 casas e tendas. Manifestantes esperam solução

Naum Giló
postado em 23/10/2022 06:00
Grupo de famílias é retirada de terreno da Terracap no sábado (22/10) -  (crédito: Naum Giló/CB)
Grupo de famílias é retirada de terreno da Terracap no sábado (22/10) - (crédito: Naum Giló/CB)

Uma nova ofensiva para recuperação de terras ocupadas irregularmente ocorreu, ontem, em Santa Maria. Cerca de 20 tendas e barracas foram removidas de um terreno pertencente à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), nas proximidades do condomínio Total Ville. Desta vez, não houve confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal, como no episódio da QNR 4 de Ceilândia, em 7 de outubro.

Os integrantes da ocupação decidiram deixar o local pacificamente, depois de alguns minutos de negociação com a Terracap. "Estamos saindo porque, se a gente não fizer, (sabemos que) tem a truculência. Vamos sair pacificamente, mas dizendo que vamos recorrer. Temos reunião marcada com a Terracap, junto à Secretaria de Agricultura, para quarta-feira", revelou a produtora rural e representante do grupo, Cleonice Gregório de Sousa, 28 anos.

Ela alega que a área tem um dono, que não responde mais pela área, pois o contrato que ele tinha acabou. "Por isso que, inclusive, entramos no terreno e ficamos", ressaltou. A representante do movimento também disse que a ocupação começou há seis dias e, durante esse período, não houve nenhum tipo de assistência social. "Agora, vamos procurar algum ginásio ou estádio, para poder nos aglomerar", concluiu.

Durante a desocupação, uma senhora integrante da ocupação passou mal e teve que ser atendida pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF. De acordo com socorristas que acompanhavam a retirada das famílias do local, o desmaio foi causado por fatores como calor, estresse e falta de alimentação. No entanto, ela não precisou ser transportada para unidade médica.

Cerca de 10 viaturas da PM foram mobilizadas para o local, além de duas da CBMDF. O major Anderson Pierre, do 26º Batalhão de Santa Maria, disse que os agentes de segurança se encontravam no local somente para garantir a segurança dos servidores públicos. "Policiais passavam pelo local, perceberam a invasão e acionaram a corporação", detalhou.

Agentes da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) também estavam no local, para o caso de retirada forçada das famílias. Um trator foi deslocado até o terreno, mas não precisou ser utilizado.

O gerente de fiscalização da Terracap, Alexandre Bittencourt, que acompanhou a operação, afirmou que o terreno é público e pertence à companhia. "Ele não é destinado ao Programa de Assentamento de Trabalhadores Rurais (Prat), e o processo não é esse. Eles (o grupo) simplesmente invadiram sem nenhum respaldo da lei", afirmou. "Era uma área rural, sob administração da Seagri (Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural). Por isso que foi acordado marcar uma reunião", acrescentou o gerente da Terracap.

Só nos primeiros nove meses deste ano, as operações de recuperação de áreas invadidas superaram os três anos anteriores. De janeiro a setembro, cerca de 3,5 milhões de metros quadrados foram retomados, segundo dados do DF Legal.

 

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