Há mais de 19 anos dançarina de balé clássico, Wanessa de Assis, de 32 anos e moradora de Ceilândia, busca auxílio para conseguir viajar, representando o Brasil, até a Limerick, na Irlanda. A dançarina foi selecionada para apresentar um artigo sobre a biomecânica da dança na 32ª Conferência da Associação Internacional de Medicina da Dança e Ciência (32nd Annual Conference International Association for Dance Medicine & Science, na sigla em inglês). Apesar do esforço para ser escolhida, agora Wanessa depende de doações para realizar a viagem (leia Como Ajudar). Em busca de arrecadar a quantia necessária, ela já adotou diversas estratégias: vendeu brownies, começou um segundo emprego e agora promove uma vakinha on-line.
"No início do ano, recebi a notícia de que tinha sido escolhida. Passei por vários processos de resolver passaporte, hospedagem e alimentação. Mas tudo foi ficando muito caro, principalmente pelo câmbio. Eu dividi várias vezes os gastos no cartão, mas precisei montar a vakinha para realmente ter chance de ir. Os planos são deixar o Brasil no dia 26 deste mês, e voltar dia 4 de novembro. Vai ser a minha primeira viagem para o exterior e estou treinando muito o inglês para apresentar o artigo e responder aos questionamentos que surgirem", explica.
A vakinha tem meta de arrecadar R$ 15 mil. Wanessa também havia sido selecionada para um seminário em Londres, no entanto, o evento aconteceria em maio, e a bailarina teve que abrir mão da participação porque não teria como pagar os gastos das duas viagens. Ao Correio, ela comenta um pouco sobre o artigo que produziu. "Eu avaliei a questão do salto no balé clássico. A Agrippina Vaganova é criadora do método que até hoje tem grande repercussão no balé clássico e é utilizado em muitas escolas. E ela diz que para realizar o salto é preciso que o bailarino apoie os calcanhares no chão, tanto na preparação como na aterrissagem. No entanto, o balé tem vários saltos, e nos que exigem uma sequência mais rápida de movimentos, o dançarino não consegue apoiar o calcanhar antes de realizar o movimento. Eu analisei diversos vídeos de dançarinos renomados, e o questionamento do artigo é justamente se isso é eficiente, se tem como aplicar essa norma do balé e se isso pode causar algum tipo de sobrecarga nos metatarsos", explica.
Jornada pela dança
A paixão de Wanessa pela dança começou cedo, por volta dos 12 anos, mas enfrentou diversos desafios. "Na época, minha mãe perguntou se eu gostaria de fazer balé, eu disse que sim e fiz uma audição em uma escola pública de Goiânia, para conseguir uma bolsa. Era tudo feito com muito esforço para sustentar figurino e apresentações. Eu me lembro do tanto que minha família se dedicou para comprar a primeira sapatilha de ponta, minha mãe teve que pegar um cheque emprestado. E na hora de comprar uma ponteira, que serve para proteger os pés na sapatilha, a gente escolheu a de pano, que era bem mais barata que a de silicone", lembra.
Depois, Wanessa conseguiu ser selecionada como aprendiz da professora cubana Leidy Escobar, por cerca de três anos, até passar na Universidade Federal de Goiás, em educação física. Nessa etapa, a dançarina se dedicou a dar aulas com a bailarina Cristiane Rezende e a concluir o ensino superior. "Em 2012, eu me mudei para cá (DF) e conheci meu marido. Cheguei a passar por um momento de crise em relação à dança e à educação física, por conta da desvalorização. Mas depois, aos poucos, meu esposo foi me convencendo a abrir uma escola, a continuar minha carreira", relata. Atualmente, Wanessa é diretora da Ballet de Assis, escola de Samambaia e participa do centro de pesquisa Bastidores — Dança, Pesquisa e Treinamento. Wanessa confessa que é muito difícil produzir ciência e arte. "(Mas) me agarro a cada palavra e atitude de incentivo que recebo para continuar!", finaliza.
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