Um bebê de três meses foi atingido pela fumaça de uma bomba de gás lacrimogêneo durante ação de desocupação em Ceilândia. A criança sentiu falta de ar e precisou ser atendida pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). Ao Correio, membros do Movimento de Resistência Popular (MRP) relataram outros feridos, com bombas e balas de borracha.
Segundo Francisco Targino, líder do movimento, um idoso também chegou a ser atingido com uma bala de borracha. Leonice Alves da Rocha é uma das mulheres que ocupam um barraco na região e relata como tudo começou. “Tinha uma mulher, que trabalhava no governo, pegando o nome da gente para levar a Codhab (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF), quando, de repente, os policiais já estavam avançando contra a gente”, relata.
De acordo com Leonice, a polícia militar, no lugar de esperar a ocupação entregar seu nome para a defensora pública, “já foi jogando bala e tacando fogo nos barracos”. “Eu sou evangélica, estou aqui para lutar, tenho sete filhos. Não estamos aqui para brigar com os policiais. Estou na luta porque a gente não tem condição, se pagar aluguel, não vamos ter o que comer”, afirma.
O Correio acompanha de perto o MRP e presenciou a correria da ocupação, o uso de gás lacrimogêneo e a derrubada de barracos pela PMDF, além do arremesso de pedras por alguns membros da MRP.
Uma das repórteres sentiu os efeitos do gás e precisou se refugiar para não ser atingida pela Polícia. O Correio buscou um posicionamento do Governo do DF, que em nota, informou que a Secretaria DF Legal está desobstruindo uma área em que “está previsto um projeto habitacional para mais de 400 pessoas com deficiência que constam na lista da Codhab”. O governo também disse que a PMDF atua na segurança e na proteção dos agentes e pessoas envolvidas.
Já a Codhab afirmou que o governo está monitorando a área desde o momento da invasão. “Desde então, o governo vem identificando os responsáveis pela incitação desse ato criminoso. Não será admitido em hipótese alguma a permanência desse grupo de invasores naquele local. A remoção é certa e inegociável. Ademais, a Companhia ressalta que aqueles invasores que eventualmente estejam inscritos na lista da Codhab serão excluídos de qualquer programa habitacional do DF, conforme legislação própria. A ação para remoção se dará nas próximas horas”, disse.
A Companhia defendeu que, em primeiro momento, buscou um diálogo e a saída passiva e ordeira do grupo. ”O espaço pertence ao GDF e está destinado a Codhab para a produção de habitação de interesse social para aqueles que preenchem os requisitos da lei 3877/2016”, salienta.
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