Doença identificada no início do século 19, a tuberculose ainda é um problema de saúde pública que causa a morte de 4,5 mil brasileiros todos os anos. No Distrito Federal, 73 pessoas morreram e 1.939 casos novos foram diagnosticados nos últimos cinco anos. Com a intenção de atender pacientes que possuem a forma resistente da doença, os drogarresistentes, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) trabalha na estruturação de um projeto financiado pelo Ministério da Saúde por meio de uma carta-acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Uma equipe de 60 pessoas vai executar o projeto. À Finatec caberá as partes administrativa e operacional para colocar seis unidades em funcionamento no próximo ano. "Até o final do ano estaremos comprando equipamentos e treinando as equipes do SUS que atuarão no acompanhamento dos pacientes", segundo Mauro Sanchez, coordenador do projeto e professor-adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB.
Além da capital federal, outras cinco cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Belém) desenvolverão o programa dentro de unidades de referência de atendimento à saúde pública. "Em Brasília, a equipe será formada por oito profissionais de saúde e possibilitará o monitoramento de todos os pacientes com tuberculose drogarresistente", enfatizou Mauro Sanchez.
Todos os anos o Brasil registra cerca de mil casos de tuberculose drogarresistentes e a maioria dos casos se deve à conduta adotada assim que a doença é diagnosticada. Segundo o professor, "a resistência pode ser causada, principalmente, pelo uso inadequado dos medicamentos, incluindo o abandono ou mesmo o descuido do paciente com o procedimento e, também, pela prescrição inadequada dos remédios". E nesses casos o tratamento pode demorar entre 6 e 24 meses.
O acompanhamento dos pacientes se propõe, principalmente, a acompanhar as reações adversas causadas pelos medicamentos em uso. "Os efeitos farmacológicos mais comuns, eventualmente apresentados, são a perda visual, auditiva e alteração cardíaca. Todos os problemas ocorrem de forma progressiva e lenta, por isso é preciso monitorar e evitar a evolução", ressalta Marcos.
Para saber mais
O Brasil não é o único país com o desafio de erradicar a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada quatro pessoas no mundo tem cepas do Mycobacterium Tuberculosis, nome científico do bacilo causador da doença.
Embora os números seja elevados, parte dos portadores do bacilo são parcialmente imunes à doença. O desenvolvimento da tuberculose ocorre com mais facilidade em pessoas com o sistema imunológico comprometido. Portadores de doenças — imunodepressoras, desnutrição, tabagistas, alcoolistas e pessoas menores de dois anos e maiores de 60 — são mais vulneráveis. Entretanto, "a doença crônica com maior incidência concomitante com a tuberculose é a diabetes'', segundo o pneumologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Martins.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado
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Dados da tuberculose no Brasil e no Distrito Federal
Anualmente, no Brasil, são notificados mais de 80 mil casos de tuberculose e em torno de 10% dos infectados abandonam o tratamento antes de completá-lo, correndo o risco da doença voltar a se manifestar.
Distrito Federal
2018
Mortes: 15
Abandono de tratamento: 46
Casos registrados: 430
2019
Mortes: 17
Abandono de tratamento: 41
Casos registrados: 442
2020
Mortes: 22
Abandono de tratamento: 39
Casos registrados: 381
2021
Mortes: 10
Abandono de tratamento: 47
Casos registrados: 402
2022 (dados até 3 de outubro)
Mortes: 9
Abandono de tratamento: 6
Casos registrados: 284
Brasil
2018
Mortes: 3.340
Abandono de tratamento: 12.277
Casos registrados: 94.265
2019
Mortes: 3.359
Abandono de tratamento: 12.640
Casos registrados: 95.953
2020
Mortes: 3.160
Abandono de tratamento: 11.489
Casos registrados: 86.302
2021
Mortes: 2.614
Abandono de tratamento: 4.727
Casos registrados: 85.219
fonte: SES e Ministério da Saúde