Passada a euforia da reeleição em primeiro turno, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), terá que enfrentar uma série de desafios no segundo mandato à frente do Palácio do Buriti. Áreas como saúde, assistência social e educação estão entre as principais demandas da população para os próximos quatro anos. A percepção não é apenas dos adversários que disputavam o cargo de Ibaneis e, durante a campanha, expunham fragilidades da gestão. Especialistas ouvidos pelo Correio alertam para os gargalos e afirmam que o emedebista tem muito a resolver, sobretudo em saúde, para responder às expectativas dos brasilienses.
O cientista político Valdir Pucci, especialista em Estado e Governo, afirma que a área passou por graves problemas na última gestão. Para ele, a condução do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) não funcionou e que as denúncias de corrupção envolvendo a Secretaria de Saúde (SES-DF) desgastaram a atuação do Executivo. “Tanto que tivemos ex-secretários de saúde presos, ao longo do mandato, em casos que envolviam questões da covid-19”, lembra. “A gestão dos hospitais que são geridos diretamente pela Secretaria de Saúde ou dos hospitais geridos pelo Iges-DF não funcionou. E, talvez, o instituto seja o maior calcanhar de aquiles para os próximos anos”, aponta.
No domingo, durante a comemoração pela vitória no primeiro turno, Ibaneis prometeu melhorias. “Tivemos que investir R$ 3 bilhões apenas no trato da covid-19. Acho que, agora, temos condições de avançar muito nesse setor, e é a principal pauta que vamos tocar”, frisou. “Temos totais condições de dar mais saúde para a população”, prometeu.
No entanto, o cientista político Valdir Pucci afirma que a questão social e o transporte público também merecem destaque nas demandas emergenciais. “Há um grande entrave no atendimento às pessoas mais carentes e vulneráveis do DF nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). As filas e a forma como o atendimento é feito, precisam ser revistos dentro do GDF”, considera.
Sobre o segundo tema, Pucci destaca que o próprio Ibaneis reconhece que o modelo atual é insuficiente. “Até porque as obras de infraestrutura que são feitas privilegiam muito mais o automóvel do que o transporte coletivo de massas”, salienta. “Então, penso que ele tem que buscar atender melhor a comunidade que o utiliza”, frisa o especialista.
Legislativo
Mesmo com as adversidades, a reeleição em primeiro turno pode ter fortalecido Ibaneis para as relações com o legislativo, como observa a especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental Noemi Araújo. “Ele já tinha apoio da CLDF no governo atual e, mesmo com 50% de renovação da bancada, a grande maioria dos partidos são de centro e direita”, analisa. Com essa composição, ela acredita que ele não terá dificuldade nas articulações com os parlamentares. “Como a oposição é menor, ele tem votos para aprovar ou rejeitar qualquer proposição”, afirma.
Nacionalmente, Noemi vê a mesma tendência promissora. “Muito por conta da bancada formada na
Câmara dos Deputados e no Senado — que também tiveram uma composição mais voltada para a direita.”
A respeito dos resultados no parlamento, o governador destacou o desempenho da senadora eleita. “Os eleitores escolheram Damares Alves, e acho que ela entrou na campanha de uma maneira muito positiva, colocando a proposta dela. Ela será uma grande apoiadora do Distrito Federal”, comentou. Questionado se fará mudanças na equipe para o próximo mandato, Ibaneis acenou positivamente, porém, não detalhou quais órgãos estão na mira. “Precisamos mudar, até porque é um novo governo. Temos que renovar e avaliar as forças políticas construídas ao longo desta eleição. A partir disso, vamos escolher as pessoas que caminharão conosco”, frisou.
Preferência consolidada
O resultado do primeiro turno na capital federal mostrou que a aprovação ao presidente Jair Bolsonaro é predominante. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele venceu Lula em 18 das 19 zonas eleitorais. O saldo da apuração ficou 51,65% contra 36,85% dos votos em favor de Bolsonaro.
Em todo DF, o petista ganhou apenas na Asa Norte, onde ficou com 44,14%. A Asa Sul foi o segundo melhor desempenho de Lula, com 40,15% dos votos, enquanto Bolsonaro conquistou 45,79%.
A maior diferença entre os candidatos foi em Taguatinga: 56,15% para o atual presidente e 32,94% para o petista. Outros nomes como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) foram inexpressivos para o eleitorado brasiliense.
Para o cientista político André Rosa, os partidos de direita sempre se sobressaíram no DF. “Aécio Neves, Serra, Marina, tiveram votações maiores do que o PT de Lula. Um dos fatores que potencializam o bolsonarismo, em Brasília, é o apoio de Ibaneis”, reforça.
De acordo com o especialista, a interlocução com os evangélicos no DF também foi fundamental. Segundo André Rosa, existem quase 900 mil fiéis na capital federal, e a escolha de familiares ligados aos evangélicos tendem a seguir na mesma linha ideológica. “Isso porque, mesmo pessoas que não se declaram evangélicas, mas tem o voto familiar — que é o voto do pai e da mãe — acabam sendo capturados por esse movimento”, analisa.
André Rosa também reforçou que os auxílios pagos pelo atual governo impulsionam a consistência do bolsonarismo no DF, assim como fatores envolvendo a queda da gasolina, inflação de alimentos e a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Colocam o Bolsonaro com uma vantagem nas eleições para presidente no Distrito Federal”, observa.
*Estagiário sob a supervisão de Juliana Oliveira
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
Preferência consolidada
O resultado do primeiro turno na capital federal mostrou que a aprovação ao presidente Jair Bolsonaro é predominante. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele venceu Lula em 18 das 19 zonas eleitorais. O saldo da apuração ficou 51,65% contra 36,85% dos votos em favor de Bolsonaro.
Em todo DF, o petista ganhou apenas na Asa Norte, onde ficou com 44,14%. A Asa Sul foi o segundo melhor desempenho de Lula, com 40,15% dos votos, enquanto Bolsonaro conquistou 45,79%.
A maior diferença entre os candidatos foi em Taguatinga: 56,15% para o atual presidente e 32,94% para o petista. Outros nomes como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) foram inexpressivos para o eleitorado brasiliense.
Para o cientista político André Rosa, os partidos de direita sempre se sobressaíram no DF. "Aécio Neves, Serra, Marina, tiveram votações maiores do que o PT de Lula. Um dos fatores que potencializam o bolsonarismo, em Brasília, é o apoio de Ibaneis", reforça.
De acordo com o especialista, a interlocução com os evangélicos no DF também foi fundamental. Segundo André Rosa, existem quase 900 mil fiéis na capital federal, e a escolha de familiares ligados aos evangélicos tendem a seguir na mesma linha ideológica. "Isso porque, mesmo pessoas que não se declaram evangélicas, mas tem o voto familiar — que é o voto do pai e da mãe — acabam sendo capturados por esse movimento", analisa.
André Rosa também reforçou que os auxílios pagos pelo atual governo impulsionam a consistência do bolsonarismo no DF, assim como fatores envolvendo a queda da gasolina, inflação de alimentos e a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). "Colocam o Bolsonaro com uma vantagem nas eleições para presidente no Distrito Federal", observa.