A enfermeira obstetra Dayse Amarílio foi eleita para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nas eleições deste domingo (2/10) com 11.012 votos. Para concorrer, licenciou-se do SindEnfermeiro DF, no qual ocupava o cargo de presidente. Bacharel em Enfermagem Obstétrica pela Universidade de Brasília (UNB), Dayse esteve à frente de lutas da categoria. "Fizemos campanha na porta dos hospitais e posso denunciar que a saúde está muito ruim", diz a deputada distrital eleita.
O currículo da deputada eleita, que também é professora, é extenso. Pós-graduada pela Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo) Nacional como enfermeira obstetra, foi a primeira colocada no processo seletivo residência em obstetrícia no Hospital Regional da Asa Sul (HMIB), 2001. Dayse também foi presidente da Abenfo-DF triênio 2009 a 2011.
"Fui parar no sindicato muito por acaso. Tinha uma grande atuação no cursinho, então, muitos profissionais e estudantes me pediram para sair numa chapa para concorrer ao sindicato após uma crise no governo Agnelo [Queiroz, do PT], quando os enfermeiros tiveram uma média de 5% a 10% de aumento e os médicos, de até 69%. Foi quando eu me revoltei e decidi concorrer à presidência do sindicato", explica Dayse.
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Como professora, também lecionou na graduação e pós-graduação em instituições como Universidade Paulista (Unip), JK, Centro Universitário Unieuro e Universidade de Brasília (UnB). Seus temas favoritos para ministrar aulas abrangem saúde da mulher e obstetrícia, saúde pública e doenças transmissíveis em cursos preparatórios para concursos presenciais e on-line.
Piso da enfermagem
No SindEnfermeiros, a professora teve "uma atuação muito grande”, uma vez que já integrava o Fórum Nacional da Enfermagem e trouxe sua revolta para o processo de mobilização que culminou na Lei nº 14.314/2022, que estabelece o piso de enfermeiros em R$ 4.750; 75% desse valor para técnicos de enfermagem e 50% para auxiliares de enfermagem e parteiras. A nova legislação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido de entidades que representam hospitais filantrópicos e privados até que o governo federal aponte uma fonte de custeio para cobrir a despesa.
"Fomos fazer política de verdade, olhar no olho das pessoas. E também levei esse modo de trabalhar para a campanha, quando fomos para a porta dos hospitais reivindicar. Posso afirmar que a saúde está muito ruim", diz.
"Câmara ganhou uma enfermeira"
Chamada de "novata" na Câmara, a presidente licenciada do SindEnfermeiros explica que realizou diversas atividades sindicais na CLDF. "Como presidente do sindicato, lutei muito na Câmara. Estou preparada para defender nossas bandeiras, prometo trabalhar muito, sou também uma representante sendo representada. A Câmara ganhou uma enfermeira. Vamos trabalhar em defesa de quem mais precisa e defender projetos que impactem diretamente a saúde pública", expõe.
Dayse esteve à frente da presidência do Sindicato dos Enfermeiros por seis anos, e foi responsável por uma das maiores reformulações da entidade em seus 41 anos de existência. Entre as conquistas do período, aponta a criação da Frente Única da Enfermagem (FUEnf).
Enquanto presidente, fez oposição às Organizações Sociais da Saúde (OSs) e promoveu atos contra a criação do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (Iges-DF), conseguindo um acordo coletivo para todos os enfermeiros que trabalhavam ali. Além da luta pelo piso salarial, Dayse também colocou o sindicato presente nas maiores discussões que envolviam a enfermagem, como atos pelo combate à covid-19, a PEC 32 (da reforma administrativa), denunciou agressões a profissionais da categoria nos ambientes de trabalho e lutou contra a reforma da Previdência.
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