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Brasilienses mantêm tradição de colecionar e completar álbum da Copa

Em clima de Copa do Mundo, brasilienses se reúnem para completar o artigo típico do mundial. Em momentos de socialização, é a hora de conhecer os jogadores de outros países

Mila Ferreira
postado em 01/10/2022 06:00 / atualizado em 01/10/2022 08:35
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Faltando pouco mais de um mês para o início dos jogos, os brasilienses aguardam ansiosos pela Copa do Mundo. Com a proximidade do mundial, alguns costumes do período voltam ao cotidiano dos moradores da capital, como o desafio de completar o tradicional álbum de figurinhas com os jogadores das 32 seleções que estarão na disputa. Um movimento conhecido e aguardado por José Gonçalves Brito, proprietário da Banca do Brito, na 106 Norte. Trabalhando no local há 38 anos, desde 1998, a banca é um ponto de encontro para quem pretende adquirir ou trocar figurinhas.

  • O estudante Guilherme Gomes, 14 anos, aproveita os momentos de folga para trocar figurinhas na banca. Ele está completando o terceiro álbum Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • O proprietário da Banca do Brito, na 106 Norte, comemora o aumento no movimento: até 2,5 mil colecionadores no fim de semana Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Lá, ele vê pais e filhos, amigos e completos desconhecidos coordenando esforços para preencher a brochura de adesivos. Orgulhoso por ter se tornado referência, Brito investe para que a banca seja cada vez mais atraente aos clientes e visitantes. Desde 19 de agosto, quando o álbum foi lançado, o local reúne entre 2 e 2,5 mil pessoas por fim de semana. Para garantir que os clientes não fiquem na chuva, Brito mandou instalar toldos na banca. "Antes, as pessoas tinham que correr e se esconder debaixo dos prédios, agora, cabem 60 pessoas aqui", explica, garantindo que as vendas aumentam bastante na época da Copa.

Presentão

Assim como o Brito, o Correio também faz a sua parte para manter o clima de aquecimento da torcida pela seleção brasileira. Amanhã, o jornal presenteará os leitores e assinantes com o álbum de figurinhas encartado e uma quadrota — conjunto de quatro figurinhas para destacar e começar a preencher. É a oportunidade dos torcedores se familiarizarem com as seleções que estarão na disputa.

Os assinantes receberão o item em casa junto com o exemplar do jornal. Para o leitor que compra de maneira avulsa nas bancas e pontos de venda, ao pagar o valor do impresso, ganhará o álbum e a quadrota de presente. A parceria entre o jornal e o Grupo Panini, empresa responsável pela produção e distribuição do álbum, ocorre sempre em torno das principais disputas esportivas: campeonato brasileiro, mundiais e Copa do Mundo.

Ritual

Reviver momentos da infância, interagir com amigos, ficar mais próximo da família, descobrir novos países e celebrar a paixão pelo futebol estão entre as razões que mais estimulam o brasiliense a adquirir o álbum da Copa. Nos lares, nas escolas, nas bancas e nas ruas a atmosfera criada pelo ritual é de empolgação.

O estudante Guilherme Gomes, 14 anos, completou seu primeiro álbum em 2014, com seis anos. Desde então, ele mantém o hábito e, só nesta edição, preencheu dois álbuns do mundial e investe no terceiro. Aluno do oitavo ano, Guilherme diz que o mais divertido é poder conhecer os atletas das seleções dos países participantes dos jogos. "Quando eu pego familiaridade, conheço pelo rosto", conta entusiasmado. A atividade também tem sido educativa para o jovem, uma vez que ele tem conhecido novos países e bandeiras. "Não conhecia o escudo do País de Gales e achei muito legal", admitiu, ao falar que descobriu o país por meio do álbum da Copa.

Elivelton Silva, 28 anos, técnico em manutenção, adquiriu o álbum para o filho de 10, pela primeira vez, este ano e, ao chegar na banca, decidiu comprar um para si também. Preencher juntos será uma maneira de ficar mais próximo do menino e compartilhar a paixão pelo esporte. "Para mim, é gratificante poder fazer isso com ele, porque nós dois gostamos muito de futebol", comentou. Para começar com o pé direito, ele saiu da banca com quatro figurinhas legend: Neymar, Mbappé, Messi e Cristiano Ronaldo.

Ajuda da sorte

Para completar o álbum, são necessárias 670 figuras diferentes. De acordo com o professor do Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (UnB) Lucas Moreira, o valor mínimo investido para adquirir as 670 figurinhas é de R$ 536. Mas, a chance de completar comprando apenas a quantidade cravada de figuras de uma só vez é mínima. "É mais fácil ganhar na loteria do que isso acontecer", explica o professor.

O ciclo de amigos envolvidos na troca de figurinhas é essencial para quem pretende economizar. Para completá-lo sem ajuda, apenas comprando os pacotes de figurinhas, sem trocas, o valor médio investido seria de R$ 3.805. À medida que o ciclo de trocas vai aumentando, o montante a ser gasto diminui proporcionalmente. Se o colecionador tem apenas um amigo para trocar, o valor médio investido cai para R$ 3.784. Se o grupo de troca tiver cinco pessoas, o montante cai para R$ 1.620. "Observamos ainda que o interesse por esse tipo de atividade tem aumentado cada vez mais. O momento de retomada pós-pandemia tem feito as pessoas procurarem ainda mais as possibilidades de socialização", acrescentou o professor.

 

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