'Tem muito a ser feito, mas a saúde tem melhorado', afirma Ibaneis Rocha

Em sabatina do CB.Poder, Ibaneis Rocha, candidato à reeleição, destacou ações de seu governo e ressaltou que, apesar da pandemia, o Distrito Federal continuou recebendo investimentos, principalmente na rede hospitalar

Líder das pesquisas de intenção de votos para as eleições de 2022, o governador Ibaneis Rocha (MDB), que busca a reeleição no Distrito Federal, classificou a convivência com os servidores públicos como "tranquila". Ele participou, nesta quinta-feira (29/9), da sabatina do CB.Poder, programa feito em parceria com a TV Brasília, e foi o sexto convidado da série de entrevistas do Correio com os postulantes ao GDF. À jornalista Ana Maria Campos, ao mencionar que "quase não teve greves", o governador destacou o diálogo "franco e aberto" que manteve com os sindicatos sobre a terceira parcela do reajuste e o plano de saúde.

A dois dias do primeiro turno, Ibaneis chamou de "promessa eleitoreira" a intenção de zerar as tarifas de transporte público do DF. A proposta foi apresentada por Paulo Octávio (PSD) na terça-feira, durante debate entre candidatos. Apesar da crítica, ele elogiou o adversário e disse esperar o apoio de PO em um eventual segundo turno contra Leandro Grass (PV), que tem 16% dos brasilienses, segundo a última Ipec (ex-Ibope), divulgada na terça. Ibaneis acumulou 43% das intenções e PO registrou 8%, atrás do senador Izalci Lucas (PSDB), que pontuou 9%.

O pedido de anulação da candidatura de Paulo Octávio, feito por Ibaneis, foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ontem, enquanto o governador era sabatinado pelo Correio. Ele garantiu que não vai recorrer da decisão e classificou como "importante" a participação de PO na disputa. Apoiador de Jair Bolsonaro (PL) e de olho na corrida presidencial, Ibaneis elogiou Lula (PT), que lidera todas as pesquisas, declarou voto em Flávia Arruda (PL) para o Senado e afirmou não ser um "bolsonarista raiz".

As pesquisas o colocam na liderança da corrida eleitoral, com possibilidade de se reeleger no primeiro turno. Como avalia seu desempenho na campanha e no governo, que levaram a essa situação relativamente confortável?

Desde a eleição passada, digo que sou contra a reeleição. Meu projeto é ter um mandato de cinco anos, sem reeleição, mas, infelizmente, isso não avançou no Congresso Nacional. Eu dizia também (em 2018) que só disputaria reeleição se tivesse aprovação pelo trabalho realizado. Graças a Deus, essa aprovação veio. A campanha de reeleição é plebiscitária, em que a população avalia o trabalho feito e é positiva, exatamente porque tivemos muitos avanços. Mesmo com a pandemia, conseguimos avançar em vários setores. Se você anda pela cidade, vê obras viárias e desenvolvimento. A população entendeu a mensagem de trabalho que queríamos passar, o esforço para que a cidade voltasse a funcionar e as coisas estão dando certo. Agora, é aguardar o domingo. Esperamos ter o voto da maioria. Não temos grandes problemas a ser solucionados, todos estão sendo encaminhados. Com a pandemia, fizemos o que fizemos. Imagine o que podemos fazer pelo DF sem pandemia. Tenho muita esperança.

Vemos muito sofrimento em relação à saúde. As pessoas reclamam das filas e precisam de atendimento. Qual compromisso o senhor assume em um eventual segundo mandato?

Tínhamos um projeto para a saúde que era para ter sido desenvolvido ao longo desses quatro anos: a construção de hospitais e a contratação de profissionais, mas tivemos a pandemia, que nos afastou disso. O investimento para cuidar dos doentes da covid-19 foi de R$ 3 bilhões, o que daria para ter construído esses três hospitais e ter contratado muito mais profissionais. O que projetamos (para os próximos quatro anos) é a construção desses três hospitais (São Sebastião, Recanto das Emas e Guará), a conclusão do Hospital Jofran Frejat, o hospital do câncer, e a contratação de pelo menos 4 mil profissionais para desafogar as filas. Conseguimos parceria com a rede privada para acelerar as cirurgias e chegar até o fim do ano em uma condição melhor. Tem muito a ser feito, mas a saúde tem melhorado muito. Conseguimos avançar e construir sete Unidades de Pronto Atendimento (Upas) e 10 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de reformar outras duas. Estamos avançando na construção do bloco de expansão do Hospital de Brazlândia e do Hospital de Planaltina, e ampliamos a capacidade de atendimento do Hospital de Ceilândia e do Hospital de Santa Maria. Muito foi feito, mas precisamos fazer cada vez mais, para que a população pare de reclamar e tenha um atendimento digno.

E tem pessoal para atender nessas novas unidades?

Há reclamações por faltas pontuais. Em cada Upa construída, colocamos, em média, 150 profissionais. Ainda precisamos contratar mais, tanto que o concurso da saúde está aberto.

Um dos seus adversários fez compromisso de implantar tarifa zero no transporte público. Isso é possível?

Possível, é. Agora, o custo disso para o DF seria de R$ 3,5 bilhões. Ele tiraria, simplesmente, toda a capacidade de investimento da cidade somente para dar tarifa zero. A necessidade da população não é só em relação a tarifa de ônibus, temos outras necessidades, como saúde, educação, reajuste dos servidores, contratação de profissionais e obras de infraestrutura. Tirar todos os recursos de investimento da cidade para dar tarifa zero é possível, mas não é viável do ponto de vista administrativo. Tivemos, no passado, candidatos que ofereceram tarifa de R$ 1 que, mesmo assim, perderam as eleições. Acredito que é uma proposta eleitoreira, que coloca em dificuldade o orçamento do DF, com outras necessidades muito mais importantes. Nossa tarifa de ônibus é subsidiada, se fosse cobrada integralmente, estaria entre R$ 11 e R$ 12.

É possível, nos próximos anos, não ter aumento de tarifa, como o senhor segurou nos últimos anos?

Espero continuar assim. Temos, hoje, aumento de passageiros nos ônibus, o que diminui o impacto nas contas. Existe a expectativa de continuar sem reajustes. Conseguimos diminuir também os custos por conta da redução dos preços dos combustíveis. Talvez consigamos levar os próximos quatro anos sem ter reajuste.

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O fantasma da possibilidade de atraso de salários e do décimo terceiro de servidores do GDF não ocorreu.

Vivemos um período de muita tranquilidade. Quase não tivemos greve e mantive diálogo franco e aberto com os sindicatos. Concedi a terceira parcela e criei o plano de saúde, que atende mais de 80 mil pessoas. Pagamos as pecúnias atrasadas e um débito de R$ 7,5 bilhões que herdamos do governo Rollemberg. Não passei o mandato falando do passado, mas recebemos algumas heranças cruéis, mas fizemos uma administração muito competente na área da economia, reduzimos tributos e conseguimos aumentar a arrecadação. Melhoramos as condições das empresas no DF, que falavam em ir embora da nossa cidade para Goiás e Minas Gerais. Acho que parte disso (do bom relacionamento com servidores) vem da minha experiência como advogado. Passei 25 anos advogando para sindicatos e sempre tratei de forma muito direta e franca. Para conceder a terceira parcela, não passou de greve. Eu sabia que era um compromisso que teria de ser cumprido, então me reuni com a equipe econômica e vi que tínhamos condições de fazer o pagamento — e olha que não era coisa pouca, cerca de R$ 1,2 bilhão — como fizemos em relação ao plano de saúde, totalmente superavitário. Esperamos para o segundo mandato, a partir da negociação com os comandos da Polícia Militar e dos bombeiros, trazê-los para o plano de saúde do GDF, que já tem a Polícia Civil.

Há duas candidatas ao Senado da sua base, Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos) disputando cabeça por cabeça, segundo as pesquisas. As duas apoiam sua reeleição. Quem é sua candidata do coração?

Fiz, desde o início, um compromisso com a Flávia e tenho trabalhado mais por ela, mas tenho recebido apoio da Damares em todos os momentos. As duas são extremamente competentes, foram ministras do presidente Bolsonaro e fizeram, cada uma na sua área, um belíssimo trabalho. Espero que o eleitor tenha discernimento no voto. Ainda bem que não estão votando nos candidatos da esquerda, estou feliz que, pelo menos, estão escolhendo entre duas pessoas que têm perfil que podem ajudar a cidade. Eu já escolhi meu voto, e vai ser na Flávia.

Para a Câmara Legislativa do DF, acha que sua base vai eleger maioria?

Acho que sim. Os partidos fizeram excelentes nominatas para distrital e todos da base têm bons nomes e grupos fortes. Devemos fazer entre 14 e 15 deputados dentro da base, o que nos dará certo conforto.

Pensa em fazer nova equipe e nomear nova linha de frente de atuação, com outros secretários?

Após os resultados das eleições, pretendemos criar um grupo, como foi feito durante a transição (em 2018), trabalhando todos os temas de interesse da cidade, colocando prioridades e vendo de onde vamos tirar recursos. A partir desses encontros, novos nomes vão surgir. Alguns secretários já disseram que não vão continuar em um segundo mandato, porque têm projetos pessoais. Certamente, teremos algumas mudanças, mas pretendemos continuar com as secretárias de Educação e Saúde, que vêm fazendo um belíssimo trabalho.

O TSE manteve a candidatura de Paulo Octávio, seu adversário na disputa. Com esse resultado, o senhor ainda aposta na vitória no primeiro turno?

Gosto muito do Paulo, quero deixar isso bem claro. É um empresário reconhecido na cidade, esteve a todo momento conosco ao longo desse governo, participou dos palanques das nossas inaugurações e nos ajudou muito com suas ideias, que são muito importantes para a cidade. Acho importante que ele concorra também. Nossa tese era de que ele deveria ter se descompatibilizado das empresas dele que têm negócios com o DF. É uma tese estabelecida na legislação eleitoral. Os julgamentos foram bastante apertados, prova de que não estávamos totalmente errados nessa posição, mas decisão de tribunal a gente cumpre e respeita, não pretendo recorrer. A decisão do TSE, mesmo tendo sido por 4 x 3, espelha o resultado e nos deixa satisfeitos para ir até o fim da eleição com tranquilidade.

Se houver segundo turno entre vocês dois, o debate será de ideias, sem confrontos?

Sem dúvida alguma. Ele é uma pessoa excelente, com boa conduta como homem público e na vida pessoal. Continuamos trocando mensagens e conversando naturalmente, mesmo no período eleitoral, e vai continuar assim, com todo respeito.

Na eventualidade de um segundo turno que não seja com ele, os votos dele vão para o senhor?

Espero que ele esteja do nosso lado. O pensamento liberal e empresarial dele combina muito mais com a nossa campanha e com o nosso estilo do que com o Leandro Grass, candidato de esquerda, com pensamento totalmente diferente da vida empresarial que Paulo leva. Penso assim também em relação ao nosso amigo Izalci.

O senhor é da base de Bolsonaro, mas se a vitória presidencial for de Lula, a relação vai ser boa?

O presidente Lula é um democrata, jamais vai deixar o DF abandonado. Tenho muitos interlocutores com o pessoal do PT. Brasília tem essa característica, precisamos viver em harmonia entre GDF e governo federal. É uma via de mão dupla. Nenhum presidente da República vai querer ter o governador do DF contra, porque precisam dialogar a todo momento. Os projetos do DF interessam a todo país, não podemos, por questão de disputa eleitoral, deixar a capital da República abandonada.

Acredita que parte dos seus eleitores votam no ex-presidente Lula?

Alguns eleitores votam no Lula e em mim, exatamente por essa parte que passei na área sindical. Agora, a grande maioria, realmente, é bolsonarista.

Bolsonaro, de alguma forma, está ajudando na sua campanha?

Minha vinculação com o Bolsonaro é muito mais pelo que ele fez pelo DF ao longo desses últimos anos. Além de ser de direita, e eu me considero também de direta, ele liberou recursos para obras, transitei dentro de todos os ministérios com tranquilidade e colocou verbas para o DF dentro do Orçamento da União. Tudo isso nos fez ficar perto, mas não é aquele bolsonarismo raiz, como é o caso da Damares e da Bia Kicis (que disputa reeleição para a Câmara dos Deputados pelo PL do DF), que são bolsonaristas de outras maneiras.

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FRASE

"Minha vinculação com Bolsonaro é muito mais pelo o que ele fez pelo DF ao longo desses últimos anos, além de ser de direita, e eu me considero também de direta, mas não é aquele bolsonarismo raiz, como é o caso da Damares e da Bia Kicis"