O último debate entre os candidatos ao governo do Distrito Federal entrou nas primeiras horas da madrugada de hoje e foi marcado por ataques entre adversários e promessas. Sete nomes que disputam o Palácio do Buriti estiveram frente a frente, ontem, a cinco dias do primeiro turno das eleições de 2022. Durante mais de duas horas e meia, Keka Bagno (PSol), Coronel Moreno (PTB), Ibaneis Rocha (MDB), Izalci (PSDB), Leandro Grass (PV), Leila do Vôlei (PDT) e Paulo Octávio (PSD) discutiram as principais propostas para os próximos quatro anos do DF, em encontro promovido pela TV Globo.
A corrida presidencial, liderada por Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), não ficou de fora do debate. Logo na apresentação, Coronel Moreno vinculou-se ao atual ocupante do Palácio do Planalto ao se colocar como “o único de direita e conservador, com pautas de Deus, família, pátria e liberdade.” Keka Bagno, além de defender a importância da “eleição de Lula no primeiro turno”, relembrou a ligação de Ibaneis com Bolsonaro. O governador se referiu a ele mesmo e a Moreno como “bolsonaristas”, enquanto o coronel alfinetou os candidatos do PV e do PSol pelo apoio a Lula, a quem chamou de "ex-presidiário". Leandro Grass, da federação PV-PT-PCdoB, é o nome oficial de Lula ao GDF e fez questão de relembrar o apoio do ex-presidente durante o debate.
O primeiro bloco, com tema livre, ficou marcado pela declaração polêmica de Ibaneis sobre a divulgação de feminicídios. Em resposta à pergunta de Keka — que questionou se o governador não tinha “vergonha” do número desses crimes ocorridos durante sua gestão, que chegam a 83 — o atual governador, ao destacar as propostas que implementou em defesa das mulheres, afirmou ser contra a veiculação dos crimes de gênero na mídia. “É uma opinião pessoal, que espero ver debatida pelo Congresso Nacional. Feminicídios não deveriam ser divulgados porque acabam incentivando (outros crimes do tipo).”
A primeira parte do debate contou, ainda, com críticas de outros candidatos a Ibaneis. Leandro Grass relembrou os casos de superfaturamento e irregularidades envolvendo secretários de Saúde e Izalci acusou a atual gestão de ter perdido o “controle territorial”, com ocorrências frequentes de invasões de terra.
Na volta do primeiro intervalo, os temas foram sorteados, com perguntas sobre privatização e meio ambiente. Paulo Octávio questionou Grass a respeito das políticas públicas de desenvolvimento que incluam desestatizações. O distrital destacou “traição” do atual governo. “Durante a campanha de 2018, foi dito que a CEB não seria privatizada. Elas (privatizações) são bem-vindas quando fazem bem para o público e para o privado.” Na réplica, PO frisou que não fará nenhuma privatização, por não achar necessário. Além disso, o empresário citou a intenção de transformar o Centro Administrativo (Centrad), localizado em Taguatinga, “em um grande centro de saúde.”
Quando o tema das perguntas voltou a ser livre, no terceiro bloco, o clima entre os políticos esquentou e as referências ao cenário nacional tornaram-se mais frequentes. Coronel Moreno tentou encurralar Grass ao falar da chamada “ideologia de gênero”. Leandro devolveu a pergunta questionando o candidato do PTB sobre o suposto embasamento teórico. Sem detalhar o conceito, Moreno apenas respondeu “você sabe muito bem o que é.” Grass, então, classificou a questão como “inventada, para trazer terror, ameaçar as famílias e desvirtuar o debate eleitoral.” “Isso é cortina de fumaça e esse debate já ficou para trás”, concluiu o nome do PV, que também foi alvo de Ibaneis Rocha.
O atual chefe do Executivo local acusou Grass de “esconder” os verdadeiros aliados — “a turma do Agnelo (Queiroz) e do (Rodrigo) Rollemberg”, ex-governadores do DF — “por trás da cara verde de PV.” Ibaneis disse, sobre as denúncias de corrupção envolvendo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), que o distrital é “virulento” e tem “a campanha mais suja da história”, tratando o eleitor com “desprezo e mentiras”. Leandro Grass respondeu que o governador faz “guerra judicial” e quer ganhar as eleições com “tapetão”. “Nossa campanha é a da verdade. Se tem alguém que joga baixo aqui é você”, devolveu o parlamentar. Os dois candidatos têm tido embates frequentes na Justiça Eleitoral, com processos contra programas do adversário.
Leila do Vôlei, ao comentar que “algumas chapas sequer tem participação de mulheres”, defendeu a criação de mais duas Casas da Mulher e de abrigos para vítimas de violência. A candidata destacou, ainda, a falta de vagas nas creches do DF, essenciais para as mulheres “verem os filhos protegidos para trabalhar e estudar”, créditos do BRB para empreendedoras e políticas de saúde, com caravanas itinerantes para emissão de documentos e exames.
No último bloco, Coronel Moreno questionou o atual governador sobre a falta de isonomia na valorização das forças de segurança. Em resposta, Ibaneis destacou que, em seu mandato, deu o reajuste que “foi possível”. Além disso, o emedebista afirmou que segue buscando equiparar todas as forças.