A mãe da esposa de Durval Barbosa, 70 anos, Rosa Cleonice de Jesus, 45, contou que a filha, Fernanda Barbosa, 26, estava em surto psicótico quando esfaqueou o marido. Ao Correio, a mulher disse que recebeu uma ligação da filha em desespero, na tarde desta segunda-feira (19/9), relatando que alguém "iria lhe matar". O delator da Caixa de Pandora foi ferido no abdômen e está internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O quadro é estável.
Durval e Fernanda estão juntos há cerca de três anos e, segundo Rosa, o relacionamento do casal era bom e sem relatos de agressão. "Eles são muito apaixonados. Todo lugar que um vai o outro vai. Sempre andam juntos. Ela nunca fez nenhuma queixa", disse.
Segundo Rosa, Fernanda teria entrado em depressão no fim de abril, depois de ter dado à luz a um casal de gêmeos e perdido os dois bebês em dois dias. "Ela está fazendo tratamento psiquiátrico. Ela estava tendo delírio psicótico e tem manias de perseguição. Ela via gente dentro do apartamento querendo matá-la."
Por causa de um derrame, Durval está com a fala comprometida, sente dormência no braço e precisa de auxílio para caminhar. De acordo com a mãe de Fernanda, todo o suporte ao marido era dado pela esposa. "Ela que cuidava dele em tudo. Era muita coisa na cabeça dela e tudo para fazer só, além da depressão pós-parto."
Nesta tarde, o casal estava sozinho no apartamento, na 114 Sul, quando tudo ocorreu. Por ligação, Fernanda disse à mãe que chamaria a polícia. O Corpo Militar dos Bombeiros (CBMDF) compareceu ao local e encaminhou Durval ao Hran. A mulher presta depoimento na 1ª Delegacia de Polícia.
Delator da Operação Caixa de Pandora
Durval Barbosa já atuou como delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e como secretário de Relações Institucionais do DF durante as gestões de Joaquim Roriz e de José Roberto Arruda (PL).
Ele tornou-se conhecido em todo país durante a Operação Caixa de Pandora, em 2009, ao denunciar José Roberto Arruda e outros membros do governo, no que ficou conhecido como Mensalão do DEM. Ele foi um dos pioneiros na delação premiada, e em setembro de 2009, confessou para os investigadores que participada de um esquema de distribuição de dinheiro desde a época da gestão Roriz.
Durval entregou à Justiça 31 vídeos, gravados no gabinete dele, em que políticos aparecem recebendo propinas, e as carregando em malas, meias e até na cueca. Uma das gravações mais emblemáticas mostra o então governador Arruda recebendo pacotes de dinheiro, cerca de R$ 50 mil, das mãos do próprio Durval — o que levou o ex-governador a ser preso e afastado do cargo.
As delações atingiram ainda quatro deputados distritais e a federal Jaqueline Roriz, filha do ex-governador do DF. Ao Ministério Público, Durval disse que fez repasses entre R$ 30 mil e R$ 50 mil para Jaqueline Roriz.