Um hotel com salas comerciais em Águas Claras era o ponto central do esquema milionário que envolvia lavagem de dinheiro por meio da exploração do jogo do bicho. Na manhã desta quarta-feira (14/9), sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos no local pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Além disso, a ação deflagrou também outros 36 mandados em diversas regiões da capital e nos estados do Rio de Janeiro e de Goiás. A estimativa da polícia é que a organização movimentava entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões por mês.
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Alvo da operação Téssera do Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), a quadrilha especializada em lavagem de dinheiro por meio da exploração de jogo do bicho agia de forma hierarquizada e com tarefas definidas. Os integrantes do grupo se dividiam em células de contabilidade, de apoio, de assessoria, de gerenciamento, de segurança e de recolhimento de numerário.
As bancas para as apostas ficavam espalhadas pelo DF. Nelas, os apostadores iam fazer os jogos e o esquema gerava o dinheiro em espécie. O valor arrecadado era transportado pela célula responsável e deixado em algumas centrais em regiões da capital para que o montante fosse contabilizado. Após essa etapa, o dinheiro era encaminhado para o hotel em Águas Claras para a soma final, o pagamento dos envolvidos da organização, bem como o pagamento dos prêmios dos ganhadores. O que sobrava era enviado, na maior parte das vezes, por meio de transporte terrestre, para o Rio de Janeiro. Em algumas ocasiões, eram feitos depósitos bancários.
Segundo o delegado da Draco, a dificuldade de apurar os valores obtidos pela quadrilha está no fato de que, por ser um jogo de contravenção penal que movimenta muito dinheiro em espécie, o montante acaba entrando e se pulverizando automaticamente. “Como eles fazem arrecadação semanal, não há uma concentração mensal a ponto de a gente conseguir aglutinar uma movimentação mensal desse dinheiro em espécie”, ressaltou Jorge. O transporte terrestre do valor também seria uma forma de não chamar a atenção de entidades financeiras devido à movimentação de grandes valores.
De acordo com o apurado, o líder de 59 anos visitava com frequência o DF para coordenar as atividades de arrecadação e conferir as quantias a serem transferidas para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o chefe do grupo tem uma agência de revenda de veículos utilizada na lavagem de dinheiro. Em caso de condenação, os envolvidos poderão responder pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro e pela contravenção penal de exploração do jogo do bicho. As penas somadas podem chegar a 18 anos de prisão.
Na operação policial, foram apreendidos aproximadamente R$ 750 mil em espécie que, segundo a polícia, seria o valor arrecadado na semana, além de máquinas de contagem de dinheiro, apetrechos para a realização de apostas de jogo do bicho, bem como dez veículos de luxo, sendo um blindado. Um indivíduo foi preso em flagrante por porte irregular de arma de fogo. Os mandados foram cumpridos nas regiões administrativas de Águas Claras, Gama, Taguatinga, Samambaia, Guará, Vicente Pires, Riacho Fundo, Paranoá, Ceilândia, São Sebastião, Asa Norte e Cruzeiro, além dos estados do Rio de Janeiro e de Goiás.