Os 16 advogados suspeitos de ajudar membros de facções criminosas, presos pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) na operação Gravatas, embolsavam milhares de reais para levar e trazer recados de líderes das organizações ilegais que estavam no Presídio Especial de Planaltina (PEP). Conforme as investigações, os valores começavam em R$ 5 mil e iam até somas milionárias. A operação ocorreu na manhã desta terça-feira (6/8) e identificou cinco advogados do Distrito Federal.
Cooptados pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Amigos do Estado (ADE), os advogados atuavam na função de “pombo-correio”. Ou seja, eles recebiam e entregavam recados dos integrantes dos grupos presos para o mundo externo. No geral, os assuntos tratados eram referentes ao tráfico de drogas, funcionamento da organização e até ordens para cobrar dívidas. “Por causa da dificuldade de acesso aos celulares nos presídios, os criminosos acabaram recorrendo a esses meios. Então, os advogados eram os garotos do recado do crime organizado”, detalhou, ao Correio, o delegado-titular da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), Thiago Martimiano.
Ramificação em Brasília
Os mandados de prisão contra os cinco advogados do DF foram cumpridos em Ceilândia Sul, Vicente Pires e Samambaia. A PCGO prendeu, ainda, outros 11 advogados nas cidades de Planaltina (GO), Anápolis e Goiânia e cumpriu 48 mandados de prisão preventiva contra líderes de facções presos no PEP.
Eventualmente, a facção falava com os advogados sobre armas de fogo e outros crimes em geral. Alguns desses profissionais se envolviam diretamente nas atividades da facção, inclusive na movimentação financeira. Para fazer o papel de “pombo-correio”, alguns advogados recebiam R$ 5 mil por 20 atendimentos. Para outros, o “salário” era mensal e variava entre R$ 5 e R$ 10 mil.