O impacto da pesquisa Correio/Opinião esquentou ainda mais as campanhas dos candidatos ao governo do Distrito Federal. Candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB), lidera a disputa, mas caiu na intenção de votos de 42,8% para 41,2%. De acordo com o levantamento exclusivo do Correio, a atual margem aumenta a possibilidade de um segundo turno entre o atual governador e os concorrentes que disputam a outra vaga. Três candidatos estão nessa corrida: Paulo Octávio (PSD), Leandro Grass (PV) e Leila Barros (PDT). Na avaliação de especialistas ouvidos pela reportagem, a última semana de campanha será decisiva e o cenário pode se alterar até domingo, dia do pleito.
Doutor em ciência política, Lúcio Rennó avalia que a eleição ainda não foi decidida. "São dois aspectos fundamentais que precisam ser levados em conta, o primeiro é se Ibaneis vai ganhar em primeiro turno, pois não está claro se ele tem uma chance de ganhar a disputa ou não. Um ponto que pesa é que as avaliações contra o governo têm piorado, o que diminui, inclusive, o alcance do candidato na parcela de eleitores indecisos. A segunda incerteza é quem afinal vai disputar com ele esse possível segundo turno, pois temos um empate técnico", aponta.
Atualmente, na pesquisa Correio/Opinião, Paulo Octávio (PSD) apresenta 13,2% da intenção dos votos, enquanto Leandro Grass (PV) e Leila Barros (PDT) apresentam 10,1% da intenção. O empate se dá devido a margem de erro da pesquisa, de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%. Devido a isso, Lúcio Rennó pondera que os três podem alcançar o segundo turno. "A disputa agora vai ser voto a voto, os eventos desta semana, os debates e a participação na rua tem um peso muito grande. A propaganda eleitoral, na tevê e no rádio, além dos programas impulsionados nas redes sociais, são decisivos para alcançar quem ainda não definiu o voto", analisa. O especialista destaca que é mais provável os candidatos conquistarem os indecisos, que conseguirem mudar o voto dos eleitores que já escolheram seus candidatos. "A ativação do voto, convencer a pessoa a ir votar, é mais possível de acontecer do que mudar o voto definido, principalmente nesse momento da eleição", detalha.
Expectativas
Cientista político, Valdir Pucci pontua que toda eleição pode apresentar surpresas com a chegada de fatos novos para a análise do público. "Nenhuma eleição é decidida de véspera. Só é definido quem ganha, no dia da própria eleição. No DF, não acredito que algum acontecimento venha modificar drasticamente o que estamos vendo, mas esta semana é de expectativas e decisão", afirma. Na avaliação de Valdir, o grande foco será na campanha nas ruas. "O corpo a corpo, com os candidatos conversando com os eleitores, será um ponto importante Mas nenhuma campanha é feita com apenas uma ação, e as campanhas na internet também desempenham seu papel", define.
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Valdir opina que o olhar dos eleitores estará mais atento nesta reta final. "Quem não vive da política ou para a política, começa a ter uma atenção especial nesta última semana, analisando os candidatos para definir seu voto. Temos muitos indecisos, e principalmente, brancos e nulos. Além disso, há as abstenções de voto, ou seja, o papel dos postulantes não será apenas conquistar o voto do eleitor, mas convencer o eleitor a ir às urnas", avalia.
O PSD-DF aponta que a pesquisa mostra que o trabalho nas ruas e redes sociais, potencializada pela vontade de ser governador por parte de Paulo Octávio, faz com que os frutos estejam sendo colhidos. "A pesquisa reflete a fotografia exata do momento, que vai mudar até o dia da eleição, com o crescimento de nosso candidato. Paulo Octávio disputará o segundo turno e o partido tem certeza que fará ainda uma bancada expressiva de deputados distritais e elegerá nomes importantes no Legislativo nacional", assegura a sigla, em nota.
Com o objetivo de ganhar eleitores, o PDT-DF se mobiliza em torno da candidatura de Leila do Vôlei e dos candidatos da sigla. "A candidata Leila está com um trabalho muito intenso, tenho a convicção de que ela vai ao segundo turno contra o governador. O nosso objetivo é participar da agenda, na medida do possível, dos candidatos. Estamos engajados para que não somente ela, mas vários dos nossos deputados distritais e federais sejam eleitos", garante Georges Michel, presidente do partido.
No quinto lugar da disputa, Izalci Lucas (PSDB), deixou a marca de 5,2% para 3,8 na última pesquisa do Correio/Opinião. No entanto, o partido defende que a pesquisa não reflete o que o candidato percebe nas ruas. Maione Dias, vice-presidente do PSDB-DF, garante que o candidato "tem encontrado nas ruas da cidade imenso apoio da população, com gestos de carinho e declaração de voto".
Por outro lado, Coronel Moreno (PTB) deixou o oitavo lugar da corrida e ocupa agora a sexta posição. O partido garante que a expectativa é crescer na reta final da disputa. "A esperança é que tende a crescer ainda mais. Infelizmente, o atual governo não preenche os requisitos da direita, que está ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL). O nosso eleitorado é contra o que foi proposto pelo governo. O nosso público apoia armas, e está ao lado", assegura.
A reportagem tentou contato com os demais partidos e federações dos seis primeiros colocados ao longo de todo o dia de ontem, no entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
Mais críticas
A última semana de disputa também deve aumentar o tom de críticas contra o governador Ibaneis Rocha e os demais candidatos. A avaliação é da professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Amanda Vitoria Lopes. "Os candidatos tentarão ter um maior destaque e puxar votos, principalmente nos ataques contra o atual governador. Na campanha do DF, nada está decidido, ainda podemos levar isso para o segundo turno. Os debates, as redes sociais e os vídeos com potencial de viralização, são um ponto importante para esta semana. Todo o movimento dos postulantes deve ser direcionado mais na mira contra os concorrentes, do que na apresentação de propostas em si", explica.
*Estagiários sob a supervisão de José Carlos Vieira
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Intenção de votos
A pesquisa foi a campo entre 22 e 24 de setembro e ouviu 1.099 eleitores em entrevistas presenciais.
A margem de erro estimada é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%.
Você Sabia?
Nas últimas sete eleições no DF, apenas uma foi decidida em primeiro turno.
2018
Segundo turno
Ibaneis Rocha venceu por 41,97%
Rodrigo Rollemberg ficou com 13,94%
2014
Segundo turno
Rodrigo Rollemberg venceu por 45,23%
Jofran Frejat ficou com 27,97%
2010
Segundo turno
Agnelo Queiroz 66,10%
Weslian Roriz: 33,90%
2006
Primeiro turno
José Roberto Arruda venceu em primeiro turno, com 50,38%
Em segundo lugar ficou Maria de Lourdes Abadia com 23.97%
2002
Segundo turno
Joaquim Roriz venceu por 50.62%
Geraldo Magela ficou com 49.37%
1998
Segundo turno
Joaquim Roriz venceu por 51.74%
Cristovam Buarque ficou com 48.25%
1994
Segundo turno
Cristovam Buarque venceu por 53.89%
Valmir Campelo ficou com 46.11%
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Corrida pelo Senado
O embate entre Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos), concorrentes à única vaga do Senado pelo Distrito Federal, também cresceu o tom com a divulgação da pesquisa Correio/Opinião. Antes com 35,4% da intenção de votos, Flávia Arruda caiu para 31,6% no levantamento divulgado ontem, enquanto Damares cresceu de 10,9%, na primeira pesquisa, para 25,6%. Na avaliação do cientista político André César, consultor político pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), Flávia tem certa vantagem devido ao sobrenome Arruda. "Para Damares passar na frente é necessário que ela crie um fato novo, caso contrário é pouco provável que esse quadro se altere significativamente", opina.
A avaliação é da cientista política Camila Santos. "Caso ocorra algum evento que afete a imagem dos principais candidatos, alguém pode sair favorecido disso. O que afetaria diretamente em quem poderia ganhar. Como o Senado é uma disputa majoritária e não tem segundo turno, é muito pequena essa chance de mudança", pontua.
Uma parcela significativa do eleitorado, contudo, tem seus votos consolidados nos postulantes ao Senado. Entre os eleitores da Damares, 71,9% declara que não mudam o voto, enquanto no caso da Flávia Arruda, o percentual dos que estão totalmente decididos é de 51,3%. Os votos da candidata Rosilene Corrêa, da Federação PT-PV-PCdoB, que ocupa o terceiro lugar da corrida com 7,5% da intenção de votos, tem um percentual de 71,7% dos eleitores que afirmam não mudar o rumo dos votos.
Articulação política
Na fase final, a mobilização dos partidos também tem seu papel. Presidente do Republicanos-DF, Wanderley Tavares destaca que o foco nesta última etapa será participar do maior número de eventos e trabalhar na adesão dos candidatos apoiadores. "A população do DF está conhecendo a Damares. Nosso time Republicanos e União Brasil está unido e batalhando pelo crescimento da Damares", assegura.
A reportagem buscou um posicionamento do PT-DF e do PL-DF, mas até o fechamento desta edição, os presidentes das siglas não se posicionaram.
Incerteza
Professor de direito do Centro Universitário de Brasília (Ceub) e especialista em ciência política, Alessandro Costa ressalta que as pesquisas são retratos do momento. "Até o dia da eleição muita coisa pode mudar e são conhecidas as reviravoltas de candidatos que na reta final foram favorecidos pela chamada 'onda de votos'", diz. O especialista acrescenta que Flávia Arruda e Damares disputam o mesmo perfil de eleitor, "que é favorável à reeleição de Jair Bolsonaro". "A candidata Rosilene vem crescendo em razão dos atos políticos de Lula em Brasília nos últimos dias. Essa onda também favoreceu Leandro Grass, que cresceu em intenção de votos para o GDF", analisa.
Alessandro acrescenta que, levando em consideração a queda de intenção de votos de Flávia Arruda e o crescimento de Damares nas pesquisas, pode ser que ocorra uma virada da ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. "Nesse sentido, o tempo é o maior adversário de Damares, pois pode ser que não haja tempo hábil para que ela venha a ultrapassar Flávia Arruda. Esta, por sua vez, deve focar em conservar seus eleitores e tentar abocanhar uma parcela razoável de indecisos nesses últimos dias. A estratégia de Rosilene está embasada em "virar votos" e "convencer os indecisos", finaliza.
*Estagiários sob a supervisão de José Carlos Vieira