Pela janela vejo mais do que a paisagem ao redor. Enxergo o futuro dos filhos que gestamos. As mudas que plantamos para florir em outras primaveras. O agito dos moradores em campanha por dias melhores ou daqueles que correm, pela própria saúde ou como forma de garantir um sustento.
As crianças brincam livres pelos pilotis. Giram nos brinquedos de nomes que já não me lembro mais. Sobem e descem nas gangorras, impulsionando o chão na ponta do pé até alcançar o céu, que nem é mais o limite. O limite é mais que a estratosfera. O limite é o sonho do sonho concretizado. O limite é o sorriso diário no rosto dos pequenos. É a comida no prato de quem jamais terá fome de novo. São as fontes jorrando água limpa, as torneiras abastecidas de água tratada e usada com racionalidade. O limite é o fim do esgoto a céu aberto. É pia com sabão e escova de dente. É mesa farta.
Se aproxima o Dia D. O momento de expressar, num ato simbólico e real, o que queremos para o país. Se o questionamento da Legião era real, "que país é este?", é fato também que a resposta mora nas decisões que tomamos décadas, anos e dias atrás, e as que viremos a tomar daqui em diante. Não basta, portanto, depositar um voto, mesmo que dê desconfiança, na urna. É necessário cobrar, investigar, instigar, propor, avaliar os governantes que assumirão a nobre missão de nos guiar para além do limite. O compromisso deles também precisa ser real e inequívoco.
Não existem salvadores da pátria. Os que, de maneira arrogante, se colocaram como tal, já ocuparam os postos mais altos de comando no país e não entregaram a tão prometida salvação. Existe uma população atenta, também comprometida com mudanças que levem a todos ao limite do impossível para, então, encontrar uma felicidade plena de vida em sociedade.
Já falei aqui sobre algumas coisas que são inegociáveis e sigo acreditando nisso. Temos na Constituição um guia claro do que constituem -- sem qualquer trocadilho, apenas como reforço da expressão -- esses pilares. Os milhares que sofrem de fome todos os dias, de frio nas noites de inverno e de sede nos tempos de seca mostram que há muito o que se fazer, e que às margens das leis que deveriam protegê-los há paredes sólidas impedindo qualquer contato.
Vivemos um período desafiador. A política é apenas um detalhe diante de tudo o que está em jogo diariamente. Precisamos ser mais solidários à dor e ao sofrimento dos outros, principalmente daqueles em situação mais vulnerável. Abrir o peito para esse sentimento é o caminho para tomar as mais sábias decisões.
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