Investigação

Servidores e sócios de clube de tiro que operava sem vistoria são indiciados

Informações exclusivas, obtidas pelo Correio, indicam que foi comprovada a exposição dos moradores aos disparos efetuados no clube de tiro. Entre os indiciados, estão servidores públicos que autorizaram o funcionamento do local

Darcianne Diogo
postado em 23/09/2022 23:28 / atualizado em 23/09/2022 23:29
Em um vídeo publicado no Instagram, os sócios aparecem em cima de uma caminhonete em posse de armas de longo alcance -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Em um vídeo publicado no Instagram, os sócios aparecem em cima de uma caminhonete em posse de armas de longo alcance - (crédito: Material cedido ao Correio)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou cinco pessoas responsáveis por um clube de tiro situado na área rural de Brazlândia. O caso, revelado pela TV Globo, informava que o local estaria colocando em risco a vida de moradores e causando discórdia na comunidade. O Correio Braziliense obteve informações exclusivas, que indicam que o relatório policial comprovou a exposição dos moradores da região a "perigo real à vida". Entre os indiciados, estão dois servidores públicos que autorizaram o funcionamento do local sem vistoria oficial.

O clube começou as atividades em setembro do ano passado e funcionou em uma área aberta. Após a veiculação da reportagem da TV Globo, o local foi interditado pelo Exército. A situação, no entanto, preocupou vizinhos da região. Eles se queixavam que os projéteis ficavam espalhados por propriedades próximas e alguns deles chegavam a atingir árvores. Em um vídeo publicado no Instagram, os sócios aparecem em cima de uma caminhonete em posse de armas de longo alcance. Na filmagem, eles falam que o “disparo passou por cima do alvo”.

Ao longo de quase seis meses, policiais civis da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) deram início a uma série de investigações. As equipes solicitaram uma perícia no local, mas foi preciso solicitar à Justiça uma nova análise no interior do estabelecimento para que pudessem ser comprovadas as situações de risco aos moradores e aos cerca de 80 produtores de morango, que ficavam na linha de tiro.

A polícia constatou a ausência de vistorias prévias no local para o funcionamento. Verificou-se ainda o perigo “concreto” à população, uma vez foi comprovada a presença de chumbo nas árvores. Procurada pela reportagem, a 18ª DP esclareceu que o procedimento foi encaminhado à Justiça e as vítimas foram informadas sobre as medidas adotadas.

Os acusados vão responder por "crime de perigo à vida ou à saúde, em concurso de pessoas e atuando em razão da função".

O que diz a defesa?

Ao Correio, o advogado dos sócios do clube, Adilson Valentim, defendeu que ninguém foi exposto a perigo. “Houve uma politização e há, na verdade, um interesse do morador ao lado na área. De qualquer forma, entendemos o trabalho da polícia. Sabemos que a polícia fez o trabalho dela e agora cabe ao MP (Ministério Pùblico) verificar se é caso de denúncia ou não”, frisou.

 

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