Certo de que estará no segundo turno das eleições deste ano, em 30 de outubro, o senador Izalci Lucas (PSDB), candidato da federação PSDB-Cidadania e PRTB ao governo do Distrito Federal, não poupa críticas à atual gestão do DF. Izalci foi o segundo postulante ao Buriti sabatinado pelo Correio no CB.Poder — programa feito em parceria com a TV Brasília. Paulo Octávio, que disputa o GDF pelo PSD, será recebido na segunda-feira (26/9), às 13h20.
Em entrevista ao repórter Lucas Móbille, nesta sexta-feira (23/9), Izalci se disse "preparado para governar" e mudar a "situação analógica" em que a capital do país se encontra. O candidato enxerga falhas de Ibaneis Rocha (MDB) na saúde, na regularização fundiária, nos transportes, na educação e na comunicação com o Entorno. "Como montar uma região metropolitana e não conversar com o governador de Goiás? Esse diálogo tem que acontecer, com parceria nas áreas tributária e empresarial", questionou o senador, sobre a relação do governador do DF com Ronaldo Caiado (UB), que também disputa a reeleição.
Ao apresentar as propostas, Izalci criticou a militarização dos colégios públicos, implementada por Ibaneis "na marra", e defendeu o ensino em tempo integral, sem, contudo, confirmar se vai acabar com a parceria entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública. "Tem que conversar. Governar é ouvir as pessoas e definir as prioridades. A gente vai colocar educação integral, com boa alimentação, música, esporte e laboratório", elencou o candidato, que também relembrou os feitos da trajetória política, que inclui mandatos como deputado distrital e federal, além da eleição para o Senado Federal, em 2018. Apesar da longa carreira na política, esta é a primeira vez que Izalci confirma o nome na corrida ao Palácio do Buriti.
Em 2018, anunciou a pré-candidatura ao GDF, mas acabou concorrendo ao Senado. Por que voltou agora?
Houve, por parte dos outros candidatos ao Senado um pedido para que eu fosse candidato a vice (ao GDF), e falei "não, não sou vice". Sou independente. Não estou na vida pública para ganhar dinheiro ou por carreira. Fui para a política porque, quem não gosta, vai ser comandado por quem gosta. Quando criei o Cheque Educação, o Bolsa Universitária e o DF Digital, há 18 anos, foi porque eu já sabia que os jovens precisavam entrar na era digital. A gente vem se preparando há tempo. Não deu certo, ganhei pelo Senado, como uma experiência importante, mas sou candidato (agora) ao governo para executar.
A candidatura do senhor foi contestada pela Justiça nas últimas semanas com uma condenação por peculato. Como avalia essa situação?
É evidente que a nossa candidatura incomoda muita gente. Há muito interesse econômico e especulativo aqui em Brasília. Estou há mais de 20 anos trabalhando, criando vários programas e me preparei para governar. Mudamos a legislação necessária para governar, e muita gente achou que poderia me convencer — economicamente, inclusive — a desistir da candidatura. Sou candidato graças à televisão e às redes sociais. Vou para o segundo turno e vou ganhar a eleição. Brasília merece alguém que esteja preparado e que entrou na política para cuidar das pessoas.
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Quais são as propostas para o sistema de saúde público?
Hoje, lamentavelmente, Brasília não é mais a capital da esperança. A população está sofrendo muito, há pessoas na fila de cirurgias, consultas e exames, é uma crueldade. Tem gente aguardando quimioterapia há um ano. Pacientes com câncer tendo que ir para Águas Lindas (GO). Estamos no caos, mesmo tendo o maior recurso do Brasil. Mas não basta construir (unidades de saúde), precisa de médico, fazer mutirão, colocar as coisas para funcionar 24 horas por dia. 80% das questões de saúde se resolve com questão primária, ao colocar as equipes com atenção completa. Quero implantar um governo todo digital. Para marcar consulta, basta usar um aplicativo, para também avaliar o atendimento que recebeu, ter médico para atender na hora certa e o medicamento indicado. Não há comunicação nem conhecimento, porque é tudo analógico.
O senhor aprovou, no Senado, um projeto de lei que reduz a área da Floresta Nacional de Brasília (Flona) para fins de regularização fundiária. Se eleito, como será feita a administração do território?
Não houve controle das ocupações irregulares em Brasília, não tinha uma política pública de habitação. O governo tem que oferecer ao cidadão oportunidade de moradia. Como o governo perdeu o controle de política pública, as pessoas compram de boa-fé. O Assentamento 26 de Setembro (um dos locais com moradia na Flona) tem 40 mil pessoas habitantes. Vou derrubar as casas? Não, temos de regularizar. Se tivesse um governo eficiente, comprometido com a cidade, teria controlado a ocupação. Mas, depois que ocupa, como vai derrubar as casas, como o governo vem fazendo? Isso é falta de experiência.
O senhor quer expandir o metrô para Gama e Santa Maria, na região Sul do DF. Como funcionaria isso?
Lamentavelmente, quando a gente foi relatar a medida provisória da Região Metropolitana (a MP 862, de 2018, acabou perdendo a validade em 2019, sem ser votada pelo Congresso Nacional), o governo esqueceu de combinar com o de Goiás. Como você quer montar uma região metropolitana e não conversa com o governador de Goiás? Esse diálogo tem que acontecer e temos que aprovar a região metropolitana, com parceria nas áreas tributária e empresarial. Há muitos investimentos que têm de ser feitos em Brasília não têm vocação. Aqui, o espaço é pequeno. Temos que ter uma tarifa única, para o trabalhador não pagar três passagens por dia. Vamos investir no combustível verde e em ônibus elétrico com energia fotovoltaica (energia solar).
Em relação às escolas militarizadas, o senhor pensa em acabar com a parceria com a Polícia Militar?
Temos (na segurança pública) contingente com a metade do que era para termos em 2009. Temos de abrir concurso. Aprovei a lei para trazer de volta o policial militar que foi para a reserva recentemente. E podemos trazer na área de educação também. O maior problema dos profissionais é na saúde, pois estão com problemas psicológicos. Segurança não tem troca de informação nenhuma. O trabalho comunitário é fundamental em todas as áreas, na família e na escola. Essa questão das escolas militarizadas foi mal conduzida, porque não dá para impor nada. Tem que conversar e não implantar na marra, como fizeram aqui. Há uma rejeição dos professores e da direção, e isso tem de ser combinado. Governar é ouvir as pessoas e definir as prioridades. A gente vai colocar educação integral, com boa alimentação, música, esporte e um laboratório.
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