Membro do Comando Vermelho (CV), o homem responsável por chefiar uma onda de golpes a familiares de pacientes internados em hospitais do Distrito Federal está preso por assassinar um informante da facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). De dentro da Penitenciária de Rondonópolis (MT), o acusado, que não teve a identidade revelada, e outros criminosos se passavam por médicos e prometiam “procedimentos de urgência”. Segundo as investigações, são mais de 20 vítimas só na capital.
As investigações foram coordenadas pela 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) e começaram em junho, depois que parentes de pacientes internados em um hospital particular de Ceilândia receberam ligações de um suposto médico. Com os dados pessoais das vítimas, os estelionatários exigiam dinheiro para realizar procedimentos que teriam sido negados pelos planos de saúde. De cada familiar, os criminosos chegavam a cobrar R$ 10 mil.
Durante as diligências, os policiais descobriram ainda que os presos planejavam um esquema de fuga da cadeia. Mato Grosso é atualmente um dos estados do país com maior atuação do Comando Vermelho. São cerca de seis mil membros, segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública. Para se ter ideia da dimensão que o grupo tomou, os policiais encontraram o Estatuto do CV, enquanto cumpriam os mandados de busca nas celas.
O documento manuscrito detalha as regras impostas pela organização criminosa, a formação da cúpula e os direitos e deveres dos integrantes. O texto é escrito em papel pautado. Sem rodeios, a primeira linha traz logo o nome da facção e um breve resumo da história do Comando Vermelho, fundado em 1979, no presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, "com o intuito de combater a opressão, luta para o progresso e liberdade, para regredir as regras cruciais para o bom funcionamento da nossa organização”, diz o estatuto.
Mais crimes
Os presidiários também enganavam pessoas que colocavam anúncios na internet para vender seus carros e os compradores. De acordo com o delegado-adjunto da 19ª DP, Thiago Boeing, há vítimas em várias regiões do país. O golpe consistia em ligar para quem estivesse vendendo o carro, dizer que iria olhar o veículo e pedir para a pessoa retirar o anúncio. Depois, o criminoso clonava o anúncio, oferecendo um preço bem mais barato e levando o comprador a transferir o dinheiro direto para ele.
Durante as buscas no presídio, a polícia também apreendeu celulares utilizados pelos criminosos e documentos que serão analisados para identificação da participação de cada um dos envolvidos.
Ao término da investigação, eles poderão responder pelos crimes de extorsão, estelionato, associação criminosa e lavagem de capitais.
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