O desembargador aposentado Carlos Rodrigues (PSD), candidato ao Senado, afirmou estar constrangido com o não andamento dos processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no Senado. "O processo democrático exige que esses pedidos sejam processados e decididos", disse em entrevista à jornalista Denise Rothenburg. Nessa terça-feira (13/9), no CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília — ele destacou, também, ser contra o chamado orçamento secreto.
Por que o senhor quer começar a vida política como senador da República?
Nós não podemos ser omissos. Nós temos que participar da organização social e política. Não há possibilidade de convivência social sem uma participação efetiva da política. Quando eu dava aula, incentivava meus alunos a participarem da vida política, baseado em um ensinamento de Platão, que dizia: "você pode até não gostar de política e tem todo direito de não participar, mas o castigo dos bons que não participam da política será o de ser governado pelos maus que fazem a política". Então, sejamos nós essas pessoas de bem que querem participar da política.
Um dos problemas que a gente tem hoje é a dificuldade de relacionamento entre Executivo e Judiciário. Há vários pedidos de processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tramitando no Senado. O que o senhor pretende fazer, se eleito?
Essa é uma questão muito séria. Na verdade, são 18 pedidos de impeachment que foram apresentados ao Senado e não tramitam porque a Lei nº 8.079, que é a Lei dos Crimes de Responsabilidade, tem um rito para o procedimento desses julgamentos. Mas o primeiro ponto de partida, que é a recepção do pedido de impeachment, fica na gaveta do presidente do Senado, e ele não dá andamento a isso.
O presidente do Senado, por sinal, é do seu partido. E vai ser candidato à reeleição. Como o senhor pretende tratar essa questão?
Isso para mim é constrangedor. Eu tenho uma campanha muito limitada em termos de recursos. Então, isso pesa negativamente para mim, mas me garante absoluta independência política e financeira. Meu compromisso é com o cidadão. Eu não tenho compromisso com o presidente do Senado, mesmo que seja do nosso partido, até porque, dentro do partido, nós temos liberdade para escolher a vocação ideológica e política que quisermos.
Temos, hoje, o dito orçamento secreto, que são as emendas de relator que acabam indo para alguns poucos dentro do parlamento. Como o senhor avalia o orçamento secreto?
Eu sou republicanista roxo. Democrata. Nada que soa secreto parece bom. Não existe isso para uma comunidade democrática, para uma democracia que nós esperamos. Tudo tem que ser às claras. São contas públicas, é dinheiro público. As pessoas precisam saber para onde foi o imposto que pagaram. Sou absolutamente contra qualquer coisa secreta, inclusive orçamento.
Uma área muito sensível aqui do DF é a questão da saúde. O que é possível fazer estando no Senado?
Como um suporte político, trabalhar na questão orçamentária, na questão das emendas, na questão de buscar junto aos Ministérios verbas para programas de saúde, mas isso tem que ser feito encabeçado pelo governo. Como eu já disse, eu e o Paulo Octávio tivemos um alinhamento das nossas propostas, para que possamos trabalhar de forma entrelaçada e tornar mais produtivo. Nós sabemos que a saúde está sucateada.
O PSD está muito dividido em relação à disputa presidencial. Uma parte apoia Bolsonaro, outra parte apoia Lula. De que lado o senhor está?
Eu acho que na polarização que nós estamos hoje não há espaço para uma terceira via, infelizmente. Pelo fato do partido nacionalmente não ter nenhum alinhamento, ficamos à vontade para que possamos defender as nossas pautas. A minha formação é de liberal conservador. Então, não é difícil dizer de que lado eu estou. Eu voto com Jair Bolsonaro. Não tenha dúvida.
E isso lhe causa algum problema dentro do Partido ou aqui no DF?
Nenhum problema. Eu faço a minha campanha. Todos nós estamos fazendo.
*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho
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