CRIME

Personal morre após ser esfaqueado no coração, em Taguatinga

O caso aconteceu na madrugada deste domingo (11/9). O autor, um homem de 47 anos,. foi preso em flagrante

Aline Brito
postado em 11/09/2022 20:41 / atualizado em 11/09/2022 21:09
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

Na madrugada deste domingo (11/9) um homem, identificado como Lucas Rodrigues Silva, de 29 anos, morreu ao ser esfaqueado no coração por vizinho, em Taguatinga. O autor, de 47 anos, foi preso em flagrante e conduzido à 12ª Delegacia.

O crime aconteceu por volta de 1h da madrugada deste domingo (11), na QNL 7. Lucas tinha acabado de chegar de um restaurante, onde foi jantar com a namorada e os familiares dela, quando viu o vizinho com um facão na mão. “A gente foi lá, jantou e, quando voltamos, meu cunhado estacionou o carro na calçada. A gente ficou na área de casa conversando um pouco e, na hora que meu cunhado estava indo embora, vimos quando o vizinho fingiu que ia colocar o lixo para fora e ficou nos encarando. Ele estava com um facão”, relatou Beatriz Lopes, namorada da vítima, ao Correio.

Ao perceber que o autor estava com a arma branca, o cunhado de Beatriz e Lucas foram para a rua e ameaçaram chamar a polícia. “Do lado de casa tem um matagal, que tinha pedaço de pau e os meninos pegaram para se defender”, contou a jovem. Assim, começou uma confusão e o autor partiu para cima de Beatriz, sua irmã e mãe com o facão. “Nisso os meninos conseguiram bater na mão dele [do autor] com o pedaço de pau e ele soltou o facão. Nessa hora o Lucas viu a oportunidade de imobilizar ele”, detalhou Beatriz.

Ao tentar imobilidar o vizinho, Lucas acabou deixando uma das mãos dele livres e ele conseguiu sacar outra faca, que guardava na cintura, e golpear o personal no coração. “Ele estava de blusa de frio, parece que já estava preparado para fazer alguma coisa contra a gente. Ele tinha uma faca no bolso do casaco e mais duas na cintura”, contou a namorada da vítima.

De acordo com o relato de testemunhas, mesmo atingido, Lucas conseguiu segurar a mão do autor e impedir que ele o atingisse novamente. “Lucas segurou a mão dele e ele continuava tentando esfaquear mais o Lucas. Meu cunhado começou a bater o pau na mão dele para ele soltar a faca e mesmo assim ele não soltava”, ressaltou Beatriz em conversa com o Correio.

  • Lucas Rodrigues Silva, morto por vizinho em Taguatinga Reprodução/Instagram
  • Lucas Rodrigues Silva, morto por vizinho em Taguatinga Reprodução/Instagram
  • Lucas Rodrigues Silva, morto por vizinho em Taguatinga Reprodução/Instagram
  • Lucas Rodrigues Silva, morto por vizinho em Taguatinga Reprodução/Instagram

Namorada tentou socorrer Lucas

Ao ver que Lucas estava sangrando, Beatriz conta que tentou, junto com outros vizinhos que presenciaram a situação, ajudar o personal “Eu segurei o ferimento no peito dele para tentar conter o sangramento e tentamos prestar os primeiros socorros. Eu não queria aceitar que aquilo estava acontecendo”, disse, abalada.

Com a chegada dos policiais, agentes da Polícia Civil também tentaram prestar primeiros socorros. “Colocaram ele dentro do carro, e levaram para o hospital, mas ele já chegou lá sem vida. Ele morreu nos braços do meu irmão”, afirmou Beatriz. Era por volta de 1h30 quando Lucas morreu.

O autor foi preso em flagrante. Na delegacia ele alegou legítima defesa e disse que foi motivado pelo incômodo com som alto. "Às 4h da manhã eles estavam fazendo barulho, bebendo com o som alto”, disse o homem, em depoimento. De acordo com o que afirmou à polícia, o som alto era constante e ele estava “tentando tolerar a situação há um tempo”.

A família de Beatriz, namorada de Lucas, que mora na residência ao lado da casa do autor, nega o histórico de perturbação do sossego. “Não tem nada de som alto. Ontem minha família nem estava em casa, tinham todos saído para jantar, não tinha ninguém em casa. A gente não tem carro com som, lá em casa nem som tem”, assegurou o irmão de Beatriz ao , que preferiu não se identificar.

Histórico de perseguição e implicância

Beatriz contou ao Correio que desde que ela e sua família se mudaram para a QNL 7, em março deste ano, o vizinho passou a vigiar a movimentação da casa e implicar com a presença de sua família. De acordo com ela, tudo começou ainda durante o processo de mudança. “Nós estávamos naquela correria de mudança. Um dia, eu e o Lucas estávamos terminando de pintar os azulejos da cozinha, era por volta de 2h da madrugada, quando terminamos e fomos tomar banho para ir dormir. Já dentro do meu quarto, ouvimos um barulho muito alto e percebemos que era o vizinho jogando algo no telhado da nossa casa”, contou Beatriz ao Correio.

Com o barulho, Lucas saiu para fora e confrontou o vizinho. “O Lucas saiu e falou com ele, que era uma falta de respeito ele ficar jogando coisa na nossa casa. O vizinho até chamou ele para briga, mas ai o Lucas gritou a cadela que a gente tem, uma rottweiler, ela começou a latir no portão e o vizinho se afastou", relatou Beatriz.

Depois desse episódio, um dos irmão de Beatriz, que é policial, chegou a ir na casa do vizinho conversar com ele, se apresentar e dizer que situações assim não poderiam voltar a se repetir. “Meu irmão explicou que a gente estava se mudando e que essa atitude dele não estava certa. A mãe do vizinho até se desculpou com a gente”, frisou. Um boletim de ocorrência foi registrado na 15ª Delegacia por conta desse fato.

A implicância, de acordo com a namorada de Lucas, cessou por um tempo, mas, no sábado (10/9), o vizinho voltou com a perseguição. “Eu saí do trabalho, passei na casa do Lucas e fomos juntos até minha casa, onde tudo aconteceu. Chegando lá, o vizinho estava no portão e ficou nos encarando. A gente entrou em casa, deixamos nossas coisas e saímos para comprar um refrigerante, foi quando percebemos que ele estava nos seguindo”, mencionou Beatriz.

No mesmo dia, depois do almoço, Lucas e a namorada saíram novamente para ir ao mercado e o vizinho voltou a segui-los. “Depois do almoço a gente dormiu e acordamos por volta das 17h. O Lucas falou que estava com vontade de comer um doce e fomos ao mercado. Meu cunhado estava na frente de casa e viu o vizinho pegando uma faca e entrando no carro e avançando atrás da gente”, descreveu Bia, como é chamada pelos amigos.

“Quando minha irmã viu que o vizinho tinha saído de carro com uma faca, ela foi desesperada atrás de mim e do Lucas no mercado, que fica perto da nossa casa. Quando ela nos encontrou, contou que o vizinho tinha saído preparado para nos atacar pelas costas”, contou. Com a situação, Lucas e os familiares ficaram apreensivos. “Ficou um clima angustiante, uma sensação ruim”, afirmou Beatriz, por isso eles saíram para jantar neste dia, antes de Lucas ser morto.

Agora a Polícia Civil do Distrito Federal apura para esclarecer as circunstâncias e a real motivação do crime. Lucas Rodrigues deixou um filho de três anos. Ele será velado e enterrado na segunda-feira (12/9), no Campo da Esperança de Taguatinga.

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