Eleições 2022

Candidatos veteranos ensaiam volta aos mandatos, concorrendo nas eleições

Entre os candidatos em campanha, há políticos conhecidos na história do DF que passaram os últimos quatro anos longe dos gabinetes e agora tentam retornar aos holofotes

Arthur de SouzaCarlos Silva*
postado em 11/09/2022 06:00
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

As campanhas eleitorais estão entrando na reta final. Faltam três semanas para que a população do DF vá às urnas escolher os próximos representantes para os cargos de presidente, governador, deputado federal e distrital. O detalhe é que entre os 890 pedidos de candidatura na Justiça Eleitoral há aqueles que tentam retornar aos holofotes.

Nomes como os dos ex-governadores Agnelo Queiroz (PT), Rodrigo Rollemberg (PSB) e José Roberto Arruda (PL) estão na lista de políticos que já estiveram no poder e tentam retornar. Nos três casos, a candidatura nas eleições de 2022 é para deputado federal. O Correio ouviu alguns dos que estão na expectativa pela volta a um cargo público, para saber o que os motiva a continuar na vida política.

Retomada

Arruda tem a experiência de quem já caiu e se recuperou. Foi senador, renunciou ao mandato, voltou como deputado federal mais votado, elegeu-se governador e perdeu o cargo por decisão da Justiça Eleitoral. Mesmo assim, mantém um eleitorado cativo e figura nas pesquisas, 12 anos depois, como o primeiro em intenções de votos para deputado federal. "Em todas as funções que ocupei, trabalhei muito por Brasília e pelo Brasil", afirma. "Creio que a minha marca seja o trabalho e a determinação, além da coragem de recomeçar", destaca.

Sobre os planos para conquistar votos, Arruda diz que procura sempre mostrar o que já fez, pois, segundo ele, "quem já fez pode fazer mais". O candidato a federal aguarda decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) sobre a sua candidatura. Arruda diz que essa é uma tarefa dos seus advogados. "Creio que depois de todas as vitórias que tive ao longo do tempo, terei a chance de ver confirmada a minha candidatura. No Brasil, não tem pena perpétua", afirma.

Retribuição

O ex-distrital e federal Roney Nemer (PP) concorre a novo mandato na Câmara dos Deputados. Por conta de uma condenação em segunda instância na Operação Caixa de Pandora por improbidade administrativa, ele passou a última legislatura sem mandato. Mas neste ano está apto a disputar. Na última sexta-feira, o TRE-DF confirmou o registro de sua candidatura. Agora depende do eleitor. 

Sobre sua carreira política, o candidato diz que trabalha com muita seriedade e respeito. "Sempre fiz a política do bem, buscando oferecer o melhor para a população, e a minha marca é a fé", diz.

Alberto Fraga (PL) está novamente na disputa pelo cargo de deputado federal. O candidato, que já foi deputado e secretário de Transportes do governo Arruda, entre 2006 e 2007, tentou um mandato de governador em 2018, mas não se elegeu. Ficou sem função pública e passou por momentos difíceis na pandemia, quando perdeu a mulher, Mirta Fraga, que morreu de covid-19, no ano passado, aos 56 anos. O ex-deputado chegou a pensar em desistir da política e afastou-se do presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo há três décadas. 

Mas no início do ano voltou aos planos, refez os laços com Bolsonaro, migrou para o União Brasil, depois da fusão de seu partido, o DEM, com o PSL, e está no páreo para voltar ao Congresso. "Por onde eu passei, deixei um trabalho feito", afirma. Coronel da Polícia Militar na reserva, Fraga diz que sua marca é o apreço pela segurança pública.

Confiança

Júnior Brunelli (PTB), mais conhecido apenas como Brunelli, está concorrendo novamente ao cargo de deputado distrital, após exercê-lo entre 2003 e 2010. Depois de ter a imagem desgastada na Operação Caixa de Pandora, quando ficou conhecido por aparecer rezando ao lado de Durval Barbosa, o homem que denunciou o suposto esquema de corrupção, Brunelli tenta voltar. Levando em consideração seus concorrentes, ele jura que planeja conquistar votos falando a verdade. "Vou convencer o eleitorado compartilhando com ele o trabalho que tenho realizado", ressalta.

Brunelli também tem a candidatura contestada pelo Ministério Público Eleitoral e aguarda julgamento do TRE-DF para saber se vai concorrer em 2022. Questionado sobre a aprovação do registro, o político diz que espera pelo resultado com respeito. Em relação ao que pretende fazer, em caso de derrota, ele diz com otimismo: "Vamos vencer".

Foco

Eliana Pedrosa é candidata a deputada federal pelo União Brasil. Em sua carreira política, ela atuou como deputada distrital, de 2003 a 2010, e como secretária de Desenvolvimento Social e do Trabalho, entre 2007 e 2010. Como Fraga, Eliana tentou um mandato de governadora em 2018, mas terminou a eleição em quinto lugar, com 6,99% dos votos, depois de chegar a ser considerada favorita por algumas semanas. Com a derrota, passou os últimos anos fora dos gabinetes e agora ensaia uma volta pela Câmara dos Deputados, cargo que nunca exerceu.

Ela afirma que seu foco é ajudar as pessoas. "Atender as demandas das pessoas com carinho e comprometimento para tornar suas vidas melhores". Para conseguir votos no pleito atual, a candidata diz que coloca o coração em tudo o que faz. "Tento convencer a população mostrando que conheço suas maiores dificuldades e que estou comprometida em buscar as soluções possíveis", avalia. 

Reaproximação

Entre os que tentam um retorno também está o ex-deputado distrital, federal e ex-vice-governador Tadeu Filippelli, que está fora dos mandatos desde o fim de 2014. Ele foi o vice na chapa de Agnelo Queiroz (PT), que tentava a reeleição, mas perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Em 2018, o emedebista tentou um mandato de deputado federal, mas ficou na suplência de Celina Leão (PP). Chegou a assumir o cargo durante alguns meses, mas a maioria do tempo esteve distante da linha de frente da política.

Agora tenta voltar como deputado distrital. Com a candidatura confirmada pelo TRE-DF, Filippelli tem feito campanha rodando o DF e também já iniciou uma reaproximação com o governador Ibaneis Rocha (MDB), de quem esteve afastado nos últimos três anos e meio. Como a coluna Eixo Capital mostrou na semana passada, Filippelli ofereceu um almoço para o candidato à reeleição em sua casa e ambos fizeram um compromisso de fortalecer o MDB, caso sejam eleitos. "Acho que posso ajudar muito Brasília", afirma o ex-vice-governador, considerado um nome forte para chegar à presidência da Câmara Legislativa, se a sua candidatura de distrital vingar.

Na volta ao cenário político, tentam mandatos também os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Os dois lideraram o Executivo e não conseguiram se reeleger. O petista está sem mandato desde então porque em 2018 estava inelegível por conta de condenações da Justiça Eleitoral, por abuso de poder político, e não foi candidato. Agnelo está em campanha para deputado federal e aposta em um resultado positivo quanto ao registro de sua candidatura, seja no TRE-DF seja no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Vou lutar no Congresso em defesa dos servidores", afirma o petista, que concedeu reajuste a várias carreiras do funcionalismo público local, durante o seu mandato como governador. 

Já Rollemberg segue sua campanha para deputado federal sem atropelos na Justiça Eleitoral e com apoio do PSB. O ex-governador não quis concorrer a novo mandato de governador e aposta na eleição para fortalecer a bancada de seu partido na Câmara. "Ainda quero e vou fazer muito pelo nosso povo no Congresso Nacional", afirma o político, que foi deputado distrital, secretário de Turismo, deputado federal, secretário nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia, senador e governador.

Mesmo caminho escolhido pelo também ex-governador e ex-deputado federal Rogério Rosso (PP). Rosso disputou um mandato no Executivo há quatro anos. Ficou em terceiro lugar, com 11,24% dos votos no primeiro turno, atrás de Rollemberg e de Ibaneis Rocha, que se elegeu. O ex-governador tinha se afastado da política e assumiu um cargo de diretor para Assuntos Internacionais da União Química, indústria farmacêutica que, entre outros medicamentos, produz no Brasil a vacina Sputnik V contra covid-19. Mas decidiu voltar à disputa eleitoral e está no páreo por uma vaga de deputado federal. Ele justifica: "As reformas que serão votadas no Congresso na próxima legislatura têm impacto direto e forte do DF: reforma administrativa, reforma tributária e reforma do pacto federativo. Precisamos estar vigilantes na defesa das cidades do DF, dos servidores públicos e da população".

*Estagiário sob a supervisão de Ana Maria Campos

 

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação