As campanhas eleitorais estão entrando na reta final. Faltam três semanas para que a população do DF vá às urnas escolher os próximos representantes para os cargos de presidente, governador, deputado federal e distrital. O detalhe é que entre os 890 pedidos de candidatura na Justiça Eleitoral há aqueles que tentam retornar aos holofotes.
Nomes como os dos ex-governadores Agnelo Queiroz (PT), Rodrigo Rollemberg (PSB) e José Roberto Arruda (PL) estão na lista de políticos que já estiveram no poder e tentam retornar. Nos três casos, a candidatura nas eleições de 2022 é para deputado federal. O Correio ouviu alguns dos que estão na expectativa pela volta a um cargo público, para saber o que os motiva a continuar na vida política.
Retomada
Arruda tem a experiência de quem já caiu e se recuperou. Foi senador, renunciou ao mandato, voltou como deputado federal mais votado, elegeu-se governador e perdeu o cargo por decisão da Justiça Eleitoral. Mesmo assim, mantém um eleitorado cativo e figura nas pesquisas, 12 anos depois, como o primeiro em intenções de votos para deputado federal. "Em todas as funções que ocupei, trabalhei muito por Brasília e pelo Brasil", afirma. "Creio que a minha marca seja o trabalho e a determinação, além da coragem de recomeçar", destaca.
Sobre os planos para conquistar votos, Arruda diz que procura sempre mostrar o que já fez, pois, segundo ele, "quem já fez pode fazer mais". O candidato a federal aguarda decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) sobre a sua candidatura. Arruda diz que essa é uma tarefa dos seus advogados. "Creio que depois de todas as vitórias que tive ao longo do tempo, terei a chance de ver confirmada a minha candidatura. No Brasil, não tem pena perpétua", afirma.
Retribuição
O ex-distrital e federal Roney Nemer (PP) concorre a novo mandato na Câmara dos Deputados. Por conta de uma condenação em segunda instância na Operação Caixa de Pandora por improbidade administrativa, ele passou a última legislatura sem mandato. Mas neste ano está apto a disputar. Na última sexta-feira, o TRE-DF confirmou o registro de sua candidatura. Agora depende do eleitor.
Sobre sua carreira política, o candidato diz que trabalha com muita seriedade e respeito. "Sempre fiz a política do bem, buscando oferecer o melhor para a população, e a minha marca é a fé", diz.
Alberto Fraga (PL) está novamente na disputa pelo cargo de deputado federal. O candidato, que já foi deputado e secretário de Transportes do governo Arruda, entre 2006 e 2007, tentou um mandato de governador em 2018, mas não se elegeu. Ficou sem função pública e passou por momentos difíceis na pandemia, quando perdeu a mulher, Mirta Fraga, que morreu de covid-19, no ano passado, aos 56 anos. O ex-deputado chegou a pensar em desistir da política e afastou-se do presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo há três décadas.
Mas no início do ano voltou aos planos, refez os laços com Bolsonaro, migrou para o União Brasil, depois da fusão de seu partido, o DEM, com o PSL, e está no páreo para voltar ao Congresso. "Por onde eu passei, deixei um trabalho feito", afirma. Coronel da Polícia Militar na reserva, Fraga diz que sua marca é o apreço pela segurança pública.
Confiança
Júnior Brunelli (PTB), mais conhecido apenas como Brunelli, está concorrendo novamente ao cargo de deputado distrital, após exercê-lo entre 2003 e 2010. Depois de ter a imagem desgastada na Operação Caixa de Pandora, quando ficou conhecido por aparecer rezando ao lado de Durval Barbosa, o homem que denunciou o suposto esquema de corrupção, Brunelli tenta voltar. Levando em consideração seus concorrentes, ele jura que planeja conquistar votos falando a verdade. "Vou convencer o eleitorado compartilhando com ele o trabalho que tenho realizado", ressalta.
Brunelli também tem a candidatura contestada pelo Ministério Público Eleitoral e aguarda julgamento do TRE-DF para saber se vai concorrer em 2022. Questionado sobre a aprovação do registro, o político diz que espera pelo resultado com respeito. Em relação ao que pretende fazer, em caso de derrota, ele diz com otimismo: "Vamos vencer".
Foco
Eliana Pedrosa é candidata a deputada federal pelo União Brasil. Em sua carreira política, ela atuou como deputada distrital, de 2003 a 2010, e como secretária de Desenvolvimento Social e do Trabalho, entre 2007 e 2010. Como Fraga, Eliana tentou um mandato de governadora em 2018, mas terminou a eleição em quinto lugar, com 6,99% dos votos, depois de chegar a ser considerada favorita por algumas semanas. Com a derrota, passou os últimos anos fora dos gabinetes e agora ensaia uma volta pela Câmara dos Deputados, cargo que nunca exerceu.
Ela afirma que seu foco é ajudar as pessoas. "Atender as demandas das pessoas com carinho e comprometimento para tornar suas vidas melhores". Para conseguir votos no pleito atual, a candidata diz que coloca o coração em tudo o que faz. "Tento convencer a população mostrando que conheço suas maiores dificuldades e que estou comprometida em buscar as soluções possíveis", avalia.
Reaproximação
Entre os que tentam um retorno também está o ex-deputado distrital, federal e ex-vice-governador Tadeu Filippelli, que está fora dos mandatos desde o fim de 2014. Ele foi o vice na chapa de Agnelo Queiroz (PT), que tentava a reeleição, mas perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Em 2018, o emedebista tentou um mandato de deputado federal, mas ficou na suplência de Celina Leão (PP). Chegou a assumir o cargo durante alguns meses, mas a maioria do tempo esteve distante da linha de frente da política.
Agora tenta voltar como deputado distrital. Com a candidatura confirmada pelo TRE-DF, Filippelli tem feito campanha rodando o DF e também já iniciou uma reaproximação com o governador Ibaneis Rocha (MDB), de quem esteve afastado nos últimos três anos e meio. Como a coluna Eixo Capital mostrou na semana passada, Filippelli ofereceu um almoço para o candidato à reeleição em sua casa e ambos fizeram um compromisso de fortalecer o MDB, caso sejam eleitos. "Acho que posso ajudar muito Brasília", afirma o ex-vice-governador, considerado um nome forte para chegar à presidência da Câmara Legislativa, se a sua candidatura de distrital vingar.
Na volta ao cenário político, tentam mandatos também os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Os dois lideraram o Executivo e não conseguiram se reeleger. O petista está sem mandato desde então porque em 2018 estava inelegível por conta de condenações da Justiça Eleitoral, por abuso de poder político, e não foi candidato. Agnelo está em campanha para deputado federal e aposta em um resultado positivo quanto ao registro de sua candidatura, seja no TRE-DF seja no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Vou lutar no Congresso em defesa dos servidores", afirma o petista, que concedeu reajuste a várias carreiras do funcionalismo público local, durante o seu mandato como governador.
Já Rollemberg segue sua campanha para deputado federal sem atropelos na Justiça Eleitoral e com apoio do PSB. O ex-governador não quis concorrer a novo mandato de governador e aposta na eleição para fortalecer a bancada de seu partido na Câmara. "Ainda quero e vou fazer muito pelo nosso povo no Congresso Nacional", afirma o político, que foi deputado distrital, secretário de Turismo, deputado federal, secretário nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia, senador e governador.
Mesmo caminho escolhido pelo também ex-governador e ex-deputado federal Rogério Rosso (PP). Rosso disputou um mandato no Executivo há quatro anos. Ficou em terceiro lugar, com 11,24% dos votos no primeiro turno, atrás de Rollemberg e de Ibaneis Rocha, que se elegeu. O ex-governador tinha se afastado da política e assumiu um cargo de diretor para Assuntos Internacionais da União Química, indústria farmacêutica que, entre outros medicamentos, produz no Brasil a vacina Sputnik V contra covid-19. Mas decidiu voltar à disputa eleitoral e está no páreo por uma vaga de deputado federal. Ele justifica: "As reformas que serão votadas no Congresso na próxima legislatura têm impacto direto e forte do DF: reforma administrativa, reforma tributária e reforma do pacto federativo. Precisamos estar vigilantes na defesa das cidades do DF, dos servidores públicos e da população".
*Estagiário sob a supervisão de Ana Maria Campos
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.