ELEIÇÕES 2022

Mulheres buscam mais representatividade política no Distrito Federal

Na última pesquisa Correio/Opinião, as candidaturas femininas ganham destaque entre o eleitorado brasiliense, principalmente para o Senado. Mas especialistas alertam que ainda falta muito para elas conseguirem mais equidade

Ana Isabel Mansur
postado em 06/09/2022 05:53 / atualizado em 06/09/2022 06:09
 (crédito: CB/DA Press)
(crédito: CB/DA Press)

Embora sejam apenas 35% das candidaturas do Distrito Federal nestas eleições, as mulheres têm marcado presença nas pesquisas eleitorais para outubro. Levantamento Correio/Opinião, divulgado ontem, mostra que o segundo lugar para o Palácio do Buriti é ocupado pela senadora Leila do Vôlei (PDT), a primeira mulher eleita pelo DF para ocupar uma vaga no Senado Federal.

E é justamente nas intenções de voto para ao Senado que as candidatas mais se destacam. A corrida é comandada por Flávia Arruda (PL), Damares Alves (Republicanos) e Rosilene Corrêa (PT), que, juntas, têm 57,9% dos eleitores brasilienses. Ao todo, 311 mulheres pleiteiam um cargo eletivo no DF nas eleições de 2022, entre 885 inscrições na Justiça Eleitoral. Leila do Vôlei cresceu quase três pontos percentuais na comparação com a pesquisa Correio/Opinião anterior, quando tinha 8,1% e estava na terceira posição. Os dados de ontem mostraram a senadora com 10,9% na opção estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados para os participantes.

Apesar do cenário animador, a cientista política Letícia Medeiros, cofundadora da ONG Elas no Poder, avalia que as candidatas não são novatas na política. "Por um lado, a presença de mulheres despontando nas pesquisas e com campanhas competitivas nos chama a atenção, porque esse não é um cenário comum no histórico político de Brasília. Por outro lado, porém, todas essas estavam politicamente 'ativas', ou seja, ocupavam espaços de poder, são conhecidas por alguns segmentos da população e possuem capital político", observa a especialista, ao acrescentar que a presença de capital política é determinante para o apoio que terão dos próprios partidos, no que diz respeito aos recursos distribuídos para as campanhas, por exemplo. "(Apoio e investimentos financeiros) contribuem muito para a profissionalização das equipes de campanha, tornando-a competitiva e favorecendo as chances de vitória."

 

Se a participação feminina na política, como um todo, é pequena, a presença de negras nessa esfera é ainda menor. Das candidatas listadas pela reportagem, apenas uma não é branca: Flávia Arruda se autodeclara parda. "Se queremos ampliar a representatividade de mulheres na política, a ocupação desses espaços precisa contemplar a diversidade que temos na população feminina do país. Uma política dominada por pessoas brancas não é representativa", completa Letícia Medeiros.

Brasil

A proporção feminina entre as candidaturas do DF costuma seguir a tendência nacional. Em 2018, a capital do país teve 31% de mulheres entre os registros totais, este ano são 35%. Em 2022, são 9.805 mulheres no país em busca de votos, ou seja, 34% das candidaturas, quantidade ligeiramente superior à das últimas eleições nacionais, quando elas foram 32%.

Os perfis femininos também estão em alta no Poder Judiciário. Em 25 de agosto, a ministra Maria Thereza de Assis Moura tomou posse como presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a segunda mulher a ocupar o cargo máximo da corte. Na próxima segunda-feira, a ministra Rosa Weber vai assumir o comando do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela será a terceira presidente do STF.

De acordo com a cientista política Letícia Medeiros, a posição das ministras é um avanço para a representatividade feminina, embora não esteja diretamente ligada às candidatas para o Executivo local e Legislativo. "Quando mulheres ocupam espaços de poder historicamente monopolizados por homens, isso inspira todas as mulheres, que passam a almejar disputar espaços de poder à sua volta", conclui a especialista. 

 

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Nota técnica

Pesquisa registrada no TSE sob o número DF-09523/2022, encomendada pelo Correio. Correio/Opinião foi a campo entre 1 e 3 de setembro, com 1.105 entrevistas presenciais. A margem de erro estimada é de 2,9 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. 

Representatividade

A lei de cotas para mulheres na política existe desde 1995, para as eleições municipais do ano seguinte, com determinação de 20% de candidatas por partido. A quantidade atual, de 30%, vale desde 1997. Em 2009, uma mudança na legislação substituiu o termo 'reservar' por 'preencher'. Até então, as legendas entendiam que 'reservar' não significava ter, de fato, o número mínimo de candidaturas. Em 2018, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), seguida de regulamentação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), definiu que a legislação de cotas deve ser acompanhada por financiamento de, no mínimo, 30% para as candidatas. 

 

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