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Mesmo após 21 dias sem mortes por covid-19 no DF, pandemia ainda preocupa

Especialistas alertam que o fim da pandemia só pode ser decretado quando o número de diagnósticos cair mais, mas não há consenso sobre as medidas de prevenção

Naum Giló
postado em 01/09/2022 06:00
Cerca de 7 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19 foram aplicadas no Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Cerca de 7 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19 foram aplicadas no Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde - (crédito: Ed Alves/CB)

Desde o primeiro caso de covid-19 notificado no Brasil, no início de 2020, cerca de 684 mil pessoas perderam a vida no país por causa da doença. No Distrito Federal, foram 11.825 mortes. A capital da República não tem notificação de óbitos em decorrência da enfermidade há 21 dias. Nas ruas, a tranquilidade transparece no pouco uso de máscaras, mesmo em ambientes fechados ou aglomerados. Ao Correio, especialistas expõem seus pontos de vista e ressaltam que a pandemia ainda não acabou. Eles defendem, ainda, medidas de prevenção ao vírus.

"O número de mortes é um dos últimos fatores a serem levados em conta quando queremos definir se uma pandemia acabou ou não. Um dos principais é a circulação do vírus, que ainda está em níveis importantes", adverte o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do DF, José David Urbaéz. No DF, a taxa de transmissão está em 0,75, o que significa que um grupo de 100 pessoas infectadas passa o vírus para outras 75. O especialista enfatiza que o fim da pandemia só pode ser decretado quando o número de diagnósticos cair mais. Também é importante salientar, segundo o médico, que, no mundo, cerca de 1 milhão de pessoas morreram por causa da covid-19 desde janeiro deste ano.

Intensa vacinação, imunidade que se adquire a partir de infecções naturais, presença de variantes do vírus menos agressivas, disponibilidade de medicamentos antivirais e anticorpos monoclonais (proteínas produzidas no organismo que ajudam o sistema imunológico) são alguns dos fatores apontados por Urbaéz que fazem com que o atual cenário seja relativamente mais tranquilo do que há dois anos. Ele também diz que o baixo uso de máscaras é resultado da ideia de que a pandemia acabou, o que não é verdade. Urbaéz completa que, no momento, não há um consenso entre os especialistas sobre as medidas de prevenção. 

Professor da Universidade de Brasília (UnB) e epidemiologista, Wildo Navegantes esclarece que o fim da pandemia é definido apenas pela diretoria geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), junto a representações regionais. "Vários critérios são colocados à mesa de discussão técnica para apoiar a tomada de decisão, incluindo a redução sustentada do número de casos, casos graves, óbitos, oferta de vacinas, cobertura de vacinação, capacidade de resposta dos países frente a uma nova onda da doença e de vigilância pelos países, incluindo o monitoramento contínuo e oportuno para a detecção de novas variantes de preocupação", enumera o professor.

Algumas regiões do mundo ainda têm populações que não receberam sequer a primeira dose da vacina. POr isso, o coordenador da Sala de Situação de Saúde e professor da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, Jonas Brant, ressalta a importância de melhorar a cobertura vacinal no planeta. Ele destaca que, a exemplo da influenza, o coronavírus está em constante mutação, pode escapar da proteção dos imunizantes e gerar números significativos de mortes.

Brant cita outras doenças, como a varíola do macaco que, se não for combatida adequadamente, pode chegar a situações mais complexas nos próximos meses. A poliomielite, que estava erradicada das Américas, também volta a preocupar, devido a baixa cobertura vacinal.

Vacinas

De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), cerca de 7 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19 foram aplicadas no DF. Entre a população apta a ser imunizada, ou seja, aqueles que têm mais de cinco anos de idade, 91,42% receberam a primeira dose ou a dose única, enquanto 86,24% estão com o esquema vacinal completo (primeira e segunda dose).

A primeira dose de reforço pode ser aplicada em pessoas a partir dos 12 anos. A segunda, ou quarta dose de reforço, está liberada somente para quem tem mais de 35 anos e profissionais de saúde. Os postos funcionam em dias úteis e alguns em feriados e fins de semana. Os horários variam, conforme a unidade.

Menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis. É necessário apresentar documento de identificação, tanto dos adultos que estiverem junto, quanto da criança ou adolescente, além do cartão de vacinação.

*Colaborou Rafaela Martins

 

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